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Alceu Valença: história do cantor identificado com rock é contada em exposição

Por Marcus Vinicius Magalhães
Fonte: Itaú Cultural
Postado em 12 de dezembro de 2019

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A música popular brasileira sempre passou por diversas mudanças, misturas de estilos e principalmente quebras de paradigmas. Já o rock "abrasileirado", se é que podemos chamar assim, se encaixa perfeitamente dentro dessa discussão. Não estou falando de o Sepultura tocar junto com Zé Ramalho no Rock in Rio ou o Angra fazer parceria com a cantora Sandy em uma das músicas do seu CD de metal. A questão é compreender a influência que o rock tem nas melodias e nos instrumentos utilizados por artistas considerados bregas, como é o caso do Alceu Valença.

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O cantor pernambucano, que sempre marca presença em festivais de rock, como o João Rock, em Ribeirão Preto, tem, a partir do dia 14 de dezembro, sua história contata em exposição no Itaú Cultural em São Paulo.

Por isso, peço licença para usar deste espaço, considerado exclusivo para notícias do mundo do rock, para anunciar uma atração cultural/musical gratuita em São Paulo com mais de 20 obras de acessibilidade, como uma em que as pessoas surdas podem perceber a sua música com um mecanismo que vibra na palma de suas mãos ao compasso das músicas.

Dos versos às rimas, do baião ao frevo, do circo ao cinema, perpassando toda a sua vida e obra, a Ocupação Alceu Valença é a 48ª mostra exposta pelo Itaú Cultural, que segue à disposição do público até o dia 2 de fevereiro de 2020.

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A série Ocupação é realizada pelo instituto desde 2009, na qual celebra artistas brasileiros que influenciaram e influenciam gerações, figuras essenciais da arte e cultura do país. Tendo como fio condutor uma das principais questões do cantor e compositor pernambucano – o tempo, que não para –, a exposição apresenta ao público fotografias, poemas, músicas, audiovisuais, objetos e produções literárias de sua autoria.

Há ferramentas de acessibilidade e conteúdos digitais, entre QR Codes e uma experiência imersiva em realidade virtual em 360 graus narrada pelo próprio músico (veja mais abaixo). Ainda, no site itaucultural.org.br/ocupacao, o público encontra materiais inéditos, em textos e vídeos, desta e das demais ocupações.

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A pesquisa teve início no acervo da mãe do músico, Adelma Valença, morta em outubro de 2018, aos 104 anos. Ela foi um forte estímulo na carreira musical do filho. Foi quem lhe deu, por exemplo, o seu primeiro violão, a contragosto do marido que queria ver o filho diplomado doutor em direito. Quando a sua carreira começou a acontecer e depois deslanchou, ela passou a guardar tudo o que dizia respeito ao seu menino. São muitos os mundos que ele percorreu nestas cinco décadas de carreira, aos quais o público tem acesso na Ocupação dividida em seis eixos.

Nascido na Fazenda Riachão, em São Bento do Una, no agreste pernambucano, o pequeno foi cravado pela cultura de sua terra natal – a feira da cidade, o circo, o cinema, a vaquejada, os aboiadores e violeiros. Suas primeiras influências vieram dos cantadores de feira, de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês. Eles são a base de sua personalidade musical. Valença subiu pela primeira vez ao palco aos seis anos para concorrer em um concurso de talentos mirins de sua cidade. Ficou em segundo lugar com a música Meu bem, de Capiba. Aos 26, em 1972, disparou na carreira com o disco de estreia gravado em parceria com Geraldo Azevedo. Até hoje gravou 31 deles.

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Alceu Valença chegou a cursar a Universidade Federal de Pernambuco e se formou advogado. Foi para Harvard, selecionado pela Associação Universitária Internacional graças à resposta que escreveu para "estabeleça a relação entre Cristianismo e Marxismo" – ela está estampada em um dos eixos da Ocupação.

O mundo deste pernambucano é como um caleidoscópio, onde, além da música cabem o cinema, o circo, a literatura, poesia, dramaturgia. Os seis eixos da Ocupação Alceu Valença pontuam todos eles, ao redor de uma representação do agreste no centro do espaço expositivo.

Na Ocupação, o público é recebido em uma antessala onde se lê seu poema O Tempo, exposto também em braile. Na sequência, se entra em um espaço com baixa luminosidade, pontuado de estrelas, em uma referência à luneta de seu filme A luneta do tempo (2014) e à constelação da família. Em seguida, tem a projeção de A Noite do Espantalho, filme de Sérgio Ricardo onde ele fez papel principal e representou o Brasil no Oscar para o melhor filme estrangeiro, em 1975.

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O segundo eixo percorre a sua obra, parcerias e estrada, em uma espécie de psicodelia. O terceiro segue por Olinda. Ouve-se o mar e se vê Alceu Valença fazer breves aparições na janela. Também tem audiovisuais, como um super 8 gravado por ele mesmo, uma obra imersiva em 360 graus, sobre a cidade, e a gravação de um trecho de show que o cantor fez em Pernambuco, quando percebeu a presença de Dom Helder Câmara na plateia, e lhe fez uma homenagem.

Uma porta, na sequência, dá acesso ao eixo 4, o coração da mostra e representante do agreste. Tem paredes de barro, uma árvore feita de corda de sisal no centro, uma projeção de São Bento do Una atualmente, imagens de A Luneta do Tempo, referências circenses e um audiovisual em que o cantor pede chuva para o universo.

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A passagem para o quinto eixo é feita entre uma lona de circo, lembrando que Valença queria trabalhar no picadeiro. A partir dali o público repassa toda a discografia do pernambucano e acessa a uma playlist criada pelo instituto com suas músicas para ouvir no Spotify. A saída pelo eixo 6 não poderia ser outra: referências ao Carnaval com uma paisagem sonora do HD pessoal do cantor construída por sons carnavalescos. Neste eixo também tem uma vitrola com 18 discos disponíveis para o público ouvir.

Tecnologia

Assim como aposta na inclusão de ferramentas de acessibilidade em suas exposições, o Itaú Cultural vem utilizando, cada vez mais, recursos tecnológicos nas mostras que apresenta ao público. Na Ocupação Alceu Valença tem uma obra em realidade virtual – nos eixos 4 e 5 – em que um vídeo leva o observador a uma experiência em 360 graus, acompanhando narrativa do próprio cantor. Em cerca de cinco minutos se faz um passeio pelo agreste de São Bento do Una, onde Valença nasceu e viveu parte de sua infância, e Olinda, finalizando com o show VALENCIANAS II realizado por ele recentemente no Auditório Ibirapuera com a Orquestra Ouro Preto.

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Uma série de QR Codes também se espalha pela exposição, ampliando o acesso do público ao mundo de Valença. Um deles, está no audiovisual com um depoimento do cantor e remete para o verbete do artista na Enciclopédia Itaú Cultural de Artes. Outro, entre fotos do compositor e ao lado de Geraldo Azevedo, direciona para um depoimento do parceiro no site do instituto. Igualmente, entre imagens de Jackson do Pandeiro e Valença no Projeto Pixinguinha, o código leva para depoimento do pernambucano sobre sua parceria com o alagoano. Tem ainda o QR Code que remete para a obra em realidade virtual de Olinda e mais um para a playlist no Spotify com músicas do homenageado desta Ocupação.

SERVIÇO:
Ocupação Alceu Valença
Abertura: sábado 14 de dezembro, às 11h
Visitação: de 14 de dezembro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020
Piso térreo
Classificação etária: livre
De terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h (permanência até 20h30)
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h

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Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1777
Acesso para pessoas com deficiência
Ar condicionado

www.itaucultural.org.br

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Sobre Marcus Vinicius Magalhães

Marcus Vinicius Magalhães: jornalista formado pela FIAM, com especialização em Políticas Públicas Sociais pela USP, foi redator, repórter e colunista nas redações da Band, Rede Record, Editora Abril, Climatempo Meteorologia, Rede Internacional de Televisão, Portal Terceiro Tempo e Editora Moderna. Pela música, tenta, desde criança, ser guitarrista, violonista e baterista. Além de já ter se apresentado em grandes rock bares de São Paulo com seu cover Symphony Maiden, atua como assessor de imprensa do grupo de rock nacional Marques Geraldo. Atualmente Marcus é o jornalista responsável pela área de comunicação da EMESP Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo).
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