Dante Mantovani: roqueiro "pesadão", ele diz que esquerda distorceu vídeo sobre rock
Por Igor Miranda
Fonte: Veja
Postado em 15 de maio de 2020
O maestro Dante Mantovani, exonerado duas vezes da presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte) - da última vez, em menos de 24 horas -, falou sobre o polêmico vídeo que o tornou conhecido nas redes sociais. Em entrevista à revista Veja, ele disse que o sentido da filmagem foi distorcido por representantes da esquerda política.
Mantovani gerou polêmica, ainda em 2019, antes de assumir a Funarte pela primeira vez, ao fazer uma relação entre os Beatles e a Escola de Frankfurt, vertente de teoria social e filosófica que tinha Theodor Adorno e Max Horkeimer como principais referências. Em meio a seus argumentos, ele diz que "o rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto". "A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo", afirmou, na ocasião.
Nesta nova entrevista à Veja, publicada na edição mais recente da publicação, o maestro diz que toda a situação relacionada a esse vídeo "foi um erro". "As pessoas não viram o vídeo completo, pegaram apenas uma parte dele e falaram essas coisas errôneas", afirmou.
Em seguida, destacou que sua carreira musical começou no rock e que já tocou em uma banda do estilo. "Adoro cantar rock, tenho até vídeos que comprovam isso. Amo Pink Floyd, Iron Maiden, Metallica, Sepultura. Rock bem pesadão", disse.
Por fim, Mantovani busca se isentar ao declarar que está citando um livro de um pastor americano e que sua fala foi distorcida. "No vídeo, cito o livro de um pastor americano que afirma essas coisas. Não fui eu: isso é obra da esquerda, que queria me tirar do governo", afirmou.
Contradições
Apesar do vídeo ter sido retirado do ar pelo próprio Dante Mantovani, alguns trechos seguem disponíveis no YouTube. Em um deles, próximo ao encerramento, ele chega a defender as ideias que são manifestadas no vídeo, afirmando: "Sei que muitas pessoas gostam, vão ter muitos comentários brigando, mas não vou deixar de falar aquilo que eu identifico como verdadeiro por essa razão".
Na filmagem a seguir, publicada pelo jornal "O Globo", é possível conferir falas que não são, nem parecem ser creditadas a livros ou opiniões que não sejam compartilhadas pelo maestro, como:
- "Tem certas pessoas que tem ataques histéricos, emocionais, se você falar qualquer coisinha dos Beatles que fuja daquela imagem que eles construíram de bonzinhos, bons mocinhos";
- "Na década de 50, apareceu um tal de Elvis Presley com o rock, fazendo todo mundo sacolejar, balançar o quadril... todo mundo ama esses caras. E começam a ser introduzidos certos comportamentos. Elvis Presley, por exemplo, morreu de overdose";
- "Woodstock, aquele festival da década de 1960 que juntou um monte de gente, os hippies, fazendo uso de drogas, LSD, inclusive... existem certos indícios de que a distribuição em larga escala de drogas foi feita pela própria CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos). Aí vocês dizem: 'como a CIA, dos próprios Estados Unidos?'. Tinham infiltrados de soviéticos lá";
- "Os hábitos sexuais vão se modificando e, depois, tem a gravidez indesejada. Entra o aborto, o sexo livre, as drogas. Uma coisa ativa a outra. Na verdade: o rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto, que, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse, abertamente, mais de uma vez, que ele fez um pacto com o diabo, com Satanás, para ter fama, sucesso";
- "Nas capas dos discos dos Beatles... e eu indico um vídeo da Débora Garcia em que ela mostra certas imagens que fazem referência a rituais satanistas nos discos dos Beatles. Colocaram em prática as ideias da Escola de Frankfurt";
- "Sei que muitas pessoas gostam, vão ter muitos comentários brigando, mas não vou deixar de falar aquilo que eu identifico como verdadeiro por essa razão".
Em novo vídeo, divulgado há menos de um mês, Dante Mantovani culpou o "analfabetismo funcional" de pessoas que teriam interpretado a filmagem original de forma equivocada. "Acabaram acreditando nessa versão imbecil que a mídia venceu da minha pessoa, como se eu fosse um idiota que fala asneiras sem o menor embasamento. Só que essas pessoas são incapazes de ler um livro, compreendê-lo e discuti-lo", afirmou.
Declarando ter "história pessoal com o rock", Mantovani comentou que chegou a fazer um edital para apoiar bandas de rock na Funarte, mas que o trabalho foi interrompido com sua primeira exoneração. "Aquele vídeo foi direcionado a alunos, não foi uma declaração como presidente da Funarte. Era uma explicação de livros de outros atores", afirmou, novamente contradizendo o fato de ter dito, na polêmica filmagem, sobre "não deixar de falar aquilo que eu identifico como verdadeiro por essa razão".
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