Funarte: maestro que disse que rock leva a aborto e satanismo volta a presidir fundação
Por Igor Miranda
Fonte: G1
Postado em 05 de maio de 2020
O maestro Dante Mantovani foi reconduzido à função de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), conforme nomeação publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (5). A volta ao cargo foi assinada por Braga Netto, ministro chefe da Casa Civil.
Efetivado no fim de 2019 na presidência da Funarte, Dante Mantovani foi exonerado do cargo, em março de 2020, após decisão de Regina Duarte, que havia acabado de assumir a Secretaria de Cultura do governo federal. Também havia sido Braga Netto, na ocasião, quem assinou a demissão no DOU.
A assessoria de Regina Duarte afirmou que a secretária não irá falar sobre o retorno de Dante Mantovani porque a Funarte é de responsabilidade do Ministério do Turismo - ao qual a Secretaria de Cultura pertence após uma junção feita no governo de Jair Bolsonaro. Mantovani, por sua vez, afirmou nas redes sociais que o governo de Bolsonaro é "inspirado pela verdade". "Levaremos arte e esperança para todo o Brasil, no momento em que nossa civilização mais precisa", declarou.
Dante Mantovani gerou polêmica, ainda em 2019, ao falar sobre o rock em vídeo no YouTube. Na filmagem, publicada no fim de outubro e retirada do ar posteriormente, ele busca fazer uma relação entre os Beatles e a Escola de Frankfurt, vertente de teoria social e filosófica que tinha Theodor Adorno e Max Horkeimer como principais referências.
No vídeo, o maestro afirma que os Beatles exerceram as ideias da Escola de Frankfurt, que, de acordo com ele, buscava destruir a cultura ocidental. O foco principal era acabar com as famílias tradicionais, tidas como "base" do capitalismo. Ele declarou, ainda, que agentes comunistas infiltrados na Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) distribuíram a droga LSD para o público do festival Woodstock. O evento, realizado em 1969, ficou marcado como o auge da contracultura hippie.
"Existe toda uma infiltração de serviços de inteligência dentro da indústria fonográfica norte-americana que se não levarmos em conta, não vamos entender nada. A União Soviética mandou agentes infiltrados para os Estados Unidos para realizar experimentos com certos discos realizados para crianças. Esses agentes iam, se infiltravam e iam mudando, inserindo certos elementos para fazer engenharia social com crianças. Daí passaram para música para adolescentes", disse ele, em trecho transcrito pelo site do jornal O Globo.
Ao mencionar Woodstock, Dante Mantovani pontuou a teoria dos agentes infiltrados da CIA. "Mas como (a distribuição de drogas era feita) pela CIA? Tinha infiltrados do serviço soviético lá. [...] O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo", afirmou.
Em março de 2020, além de Dante Mantovani, foram demitidos Camilo Calandrelli, da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura; Reynaldo Pereira, da Secretaria da Economia Criativa; Marcos Azevedo, Secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual; e Rodrigo Junqueira, Secretário de Difusão e Infraestrutura Cultural. Outro nome dispensado foi Paulo Cesar Brasil, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Na época, de acordo com o jornal 'O Globo', todos os gestores foram exonerados a pedido de Regina Duarte, que buscava reaproximação da Secretaria da Cultura e do governo federal com a classe artística brasileira.
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