Jon Schaffer: nomes do Iced Earth e Demons & Wizards somem do site da gravadora
Por Igor Miranda
Postado em 19 de janeiro de 2021
Os nomes do Iced Earth e Demons & Wizards, bandas do guitarrista Jon Schaffer, foram removidos do site da gravadora alemã Century Media Records, que trabalhava com ambos os projetos. Schaffer foi preso, no domingo (17), por ter participado da invasão ao Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos, no último dia 6.
O site MetalSucks apontou, inicialmente, nesta terça-feira (19), que o nome do Iced Earth não aparecia mais na seção de artistas na página oficial da Century Media. Menos de uma hora depois, a matéria foi atualizada, informando que o Demons & Wizards também não estava mais por lá.
A Century Media trabalha com o Iced Earth desde o primeiro álbum da banda, autointitulado e lançado em 1990. Dos 12 discos de estúdio produzidos pelo grupo, apenas três não saíram pela gravadora em questão: "The Glorious Burden" (2004), "Framing Armageddon: Something Wicked Part 1" (2007) e "The Crucible of Man: Something Wicked Part 2" (2008), todos divulgados pela Steamhammer/SPV.
Também foi responsabilidade da Century Media lançar "III" (2020), o terceiro e mais recente álbum do Demons & Wizards, projeto paralelo de Jon Schaffer com o vocalista Hansi Kürsch (Blind Guardian). A Steamhammer/SPV divulgou os outros dois discos do grupo, "Demons & Wizards" (2000) e "Touched by the Crimson King" (2005).
Dessa forma, Jon Schaffer tinha contrato ativo com a Century Media por ambas as bandas. Apesar da gravadora ter atualizado seu site, nenhum comunicado sobre a atual situação de Schaffer foi divulgado. O MetalSucks procurou um representante do selo para falar sobre o caso, mas o porta-voz não quis comentar.
Jon Schaffer preso
No último domingo (17), Jon Schaffer se entregou às autoridades e foi preso, em Columbus, Indiana, por participar da invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, no dia 6 de janeiro. Um grupo de apoiadores do presidente Donald Trump entrou sem permissão no local, cometendo uma série de crimes e alegando, sem provas, assim como Trump, que a eleição presidencial vencida por Joe Biden foi objeto de fraude.
No último dia 8, dois dias após a invasão, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI) divulgou fotos de várias pessoas envolvidas na entrada ilegal ao Capitólio, que resultou em violência. Foram registrados diversos atos de vandalismo e relatos de tiros dentro do prédio - quatro pessoas foram mortas, em circunstâncias que ainda não foram totalmente esclarecidas.
Em meio às fotos, estava Jon Schaffer, que usava um chapéu da Oath Keepers, uma milícia antigovernamental de extrema-direita. Ele estava ao lado de outros manifestantes e, na imagem, aparecia dentro do prédio.
Estima-se que pelo menos 170 pessoas estão sendo investigadas pelo FBI por terem feito parte da invasão. Ao menos 54 cidadãos já foram acusados criminalmente pelo ato.
O músico é acusado de seis crimes:
- Entrar ou permanecer, de forma consciente, em um edifício ou terreno restrito sem autoridade legal;
- Perturbar a conduta de ordem da rotina governamental;
- Participar, de forma consciente, de um ato de violência física contra qualquer pessoa ou propriedade em qualquer edifício ou terreno restrito;
- Entrar, de forma violenta e desordeira, em um edifício do Capitólio;
- Envolver-se em um ato de violência física em um edifício do Capitólio;
- Realizar desfile, manifestação ou piquete em um edifício do Capitólio.
Em nota, o FBI declarou: "Jon Schaffer, de Columbus, Indiana, foi preso devido à conexão com o incidente de 6 de janeiro no Capitólio dos Estados Unidos. Schaffer enfrenta seis acusações, incluindo envolvimento em um ato de violência física no prédio do Capitólio. Schaffer, supostamente, estava entre os desordeiros que dispararam 'spray de urso' (uma variação mais forte do spray de pimenta, usada para conter ursos; imagens abaixo) no policiamento no Capitólio".
A invasão ao Capitólio
Um grupo de apoiadores de Donald Trump invadiu o Capitólio e entrou em confronto com a polícia, no dia 6 de janeiro, em meio à contagem oficial dos votos do Colégio Eleitoral americano nas eleições presidenciais, do último mês de novembro. Na ocasião, Joe Biden venceu Trump, que buscava continuar no cargo, e está prestes a se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos.
Com o ato dos manifestantes, a contagem oficial foi interrompida, bem no momento em que eram avaliadas objeções ao resultado no estado do Arizona, onde Joe Biden ganhou de Donald Trump. O atual presidente americano afirma, sem apresentar provas, que a eleição de Biden foi fraudada, provocando a vitória do candidato democrata - por isso, ele não aceita o resultado apresentado pelo Colégio Eleitoral.
De acordo com a Agência Brasil, antes da invasão, Trump fez um discurso de cerca de três horas para a multidão na praça do obelisco de Washington. Ao discursar, ele voltou a dizer que venceu as eleições. "Você não cede quando há roubo envolvido. Nosso país está farto e não vamos aguentar mais", afirmou.
Após diversos atos de vandalismo e relatos de tiros dentro do prédio - quatro pessoas foram mortas, em circunstâncias que ainda não foram totalmente esclarecidas -, o Congresso dos Estados Unidos precisou ser bloqueado por agentes da Guarda Nacional.
Músicos do Iced Earth e Hansi Kürsch se manifestam sobre invasão
O vocalista Stu Block, o baixista Luke Appleton, o guitarrista Jake Dreyer e o baterista Brent Smedley, quatro dos cinco integrantes do Iced Earth, divulgaram um comunicado sobre a invasão ao Capitólio no fim de semana após o ocorrido.
No texto, que não teve participação de Jon Schaffer, os músicos dizem que não apoiam a violência registrada em meio ao protesto e disseram que confiam na investigação da Justiça sobre os atos.
"Queremos agradecer a todos que enviaram palavras de apoio nos últimos dias. Alguns de vocês estão preocupados com nosso silêncio, o que entendemos. Precisávamos de algum tempo para processar adequadamente as informações e apurar alguns fatos antes de fazermos uma declaração", diz a nota, inicialmente.
[an error occurred while processing this directive]Em seguida, os músicos declaram: "Em primeiro lugar, NÃO toleramos nem apoiamos os motins ou atos de violência em que os manifestantes estiveram envolvidos em 6 de janeiro no edifício do Capitólio dos Estados Unidos. Esperamos que todos os envolvidos naquele dia sejam levados à justiça para serem investigados e responder por suas ações".
Por fim, eles afirmam: "Com o coração partido, destinamos nosso amor e compaixão a todos que sentiram a dor dos acontecimentos de 6 de janeiro. Estamos muito tristes e nossos sentimentos estão com as famílias das vidas perdidas naquele dia. Não há palavras adequadas para consolá-los. Apenas saibam que estamos com vocês em seu estarrecimento, tristeza e dor. Muito amor a todos vocês. Stu, Luke, Jake, Brent".
Hansi Kürsch, vocalista do Blind Guardian que trabalha com Jon Schaffer no Demons & Wizards, também emitiu uma nota condenando os atos registrados no Capitólio.
"Estamos profundamente chocados e nossos pensamentos estão com os familiares da falecida. Nos distanciamos expressamente de qualquer tipo de violência, independentemente se aplicada contra instituições ou pessoas. Os incidentes serão investigados exaustivamente e os responsáveis serão levados à justiça Pedimos que entendam que, tendo em vista a situação das notícias de última hora, não faremos mais comentários no momento", afirmou Kürsch.
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