Lars Ulrich conta como era fazer turnê com Ozzy, que surgia do nada com vestido
Por Igor Miranda
Postado em 29 de março de 2021
Entre março e agosto de 1986, o Metallica era responsável por abrir shows do vocalista Ozzy Osbourne. Em carreira solo, o Madman promovia o álbum "The Ultimate Sin", enquanto o grupo de thrash metal divulgava "Master of Puppets".
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Como era estar em turnê com Ozzy, considerando especialmente que o Madman parecia viver seus dias mais "insanos"? Em entrevista ao programa "A Life on the Road", do vocalista Brian Johnson (AC/DC), Lars disse que lidar com o ex-frontman do Black Sabbath naqueles tempos era algo "imprevisível".
Inicialmente, Lars destacou que não havia glamour algum nos primeiros anos de Metallica. "Todas essas histórias malucas... não eram tempos de glamour, eram difíceis. Mas quando se tem 19 anos de idade... eu era como um garoto em uma loja de doces. Naqueles tempos, você nunca desacelerava para pensar a respeito de nada. Era show e cerveja", afirmou.
Em seguida, o baterista comentou que mesmo quando o Metallica cresceu um pouco de patamar, ainda era complicado parar e pensar em tudo que estava sendo feito. Nesse ínterim, a banda passou meses abrindo shows de Ozzy Osbourne em arenas na América do Norte - e deu para notar que nem mesmo o Madman, já experiente, estava refletindo muito sobre aquele período.
"Alguns anos depois, abrimos para Ozzy em arenas da América por seis meses. Ele estava se tornando um grande artista solo pós-Black Sabbath, mas sua reputação ainda era de que ele estava louco. Ele aparecia para fazer a passagem de som usando algum vestido da Sharon (Osbourne, esposa e empresária) ou algo assim. Não dava para saber o que iria acontecer, e era tão divertido", comentou.
Na visão de Ulrich, aqueles tempos eram como "viver um sonho". "Tinha entre 21 e 22 anos, tocava por 45 minutos, saía do palco e caía em uma garrafa de vodca. O headliner está tocando, você tem a chance de ir para a plateia, conhecer pessoas, curtir... estava apenas vivendo o sonho", declarou.
O período em que o Metallica lançou "Master of Puppets" foi o primeiro em que os integrantes puderam, enfim, ter noção dos frutos do trabalho. "Em seis meses de turnê, nosso empresário disse que tínhamos dinheiro o suficiente para comprar casas. Olhamos uns para os outros e ficamos: 'o que é isso?'. Não entendíamos o fato de que estávamos fazendo o que queríamos, nos divertindo tanto, e ainda sendo pagos. Cliff (Burton), nosso baixista, era um pouco mais velho e morava com os pais - ele ficou bem emotivo, dizendo que iria comprar uma casa para os pais. Foi lindo", disse.
Infelizmente, o mencionado Cliff Burton morreu durante a turnê de "Master of Puppets", em setembro de 1986, após um acidente com o ônibus do Metallica. Lars Ulrich refletiu que os integrantes da banda eram tão jovens que não puderam processar o que havia acontecido.
"A única forma de lidar era tapar os olhos e seguir em frente. Se fizéssemos isso, não teríamos que desacelerar e pensar no que havia acontecido. Nunca precisaríamos nos colocar em um lugar onde iríamos concluir que... 'p*ta m*rda, perdemos um dos membros de nossa família, um de nossos irmãos'", comentou.
A entrevista de Lars Ulrich para Brian Johnson pode ser conferida na íntegra, em inglês e sem legendas, no player de vídeo a seguir.
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