Como o Metallica mostrou à empresária de Ozzy que visual glam poderia ser um erro
Por Igor Miranda
Postado em 04 de julho de 2020
O guitarrista Jake E. Lee relembrou, em entrevista ao BraveWords, de sua passagem pela banda de Ozzy Osbourne, entre os anos de 1982 e 1987. Jake tocou com Ozzy em uma espécie de período de transição do vocalista, que, naqueles anos, passou a aderir às estéticas visual e até musical do hard rock típico da década de 80.
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Ao mesmo tempo, o thrash metal também estava em alta e funcionava como uma espécie de "antítese" do hard rock daqueles tempos. Mesmo com uma sonoridade acelerada e um visual mais básico, as bandas daquele segmento também se davam bem.
Os "dois mundos" se encontraram em uma turnê realizada em 1986. Ozzy Osbourne, que promovia o álbum "The Ultimate Sin", trouxe o Metallica, que despontava de vez com o disco "Master of Puppets", como atração de abertura de seus shows realizados entre março e agosto.
Inicialmente, Jake E. Lee relembra que o baterista do Metallica, Lars Ulrich, chegou a elogiar a faixa-título de "The Ultimate Sin", citando como "a música mais pesada de Ozzy". "Caramba, isso vindo do Metallica? Então, sim, ainda era pesado, ainda era obscuro", reflete o guitarrista.
Em seguida, o músico fez elogios à formação clássica do Metallica, com Cliff Burton no baixo - "nada contra os baixistas futuros, mas havia mágica ali" - e adorou o fato de eles serem "pesados, raivosos e nada polidos". Para Lee, aquilo oferecia um perfeito contraste na comparação com Ozzy e sua banda, que usavam um visual mais glam.
"Ozzy tinha aquela roupa de ombros gigantes e dourados com glitter. Tinha um cara que escolhia a roupa para todos. Você não podia nem escolher a própria roupa se estivesse na banda de Ozzy naquela época. Tinha que ir ao estilista e dizer o que queria. Lembro de ver as roupas de Ozzy, do baixista, sendo que eu gostava de usar roupas brancas e pretas, sem glitter. E eu me sentia confortável assim", afirmou.
Jake E. Lee recorda que logo ao entrar para a banda de Ozzy Osbourne, a esposa e empresária do vocalista, Sharon, disse que seria necessário ter um cuidado especial com o visual. "Uma das coisas de Sharon era falar que não dava para eu me vestir como qualquer um. Dizia que não dava para estar no palco e parecer como se eu também estaria na plateia. Eu lembrei disso, mas não achava que iria tão longe", disse.
Porém, o guitarrista aponta que o sucesso do Metallica e a identificação que eles construíram com o público, mesmo com visual mais simples, mostrava que exagerar naquela ideia dos trajes de rockstar poderia estar equivocada. "Lembro do Metallica subir no palco com calça jeans e camiseta básica e detonar tudo. Achava aquilo incrível. Havia uma atitude punk. E, naquela época, senti que Ozzy estava começando a perder a essência da coisa", afirmou.
O entrevistador destacou que Sharon, provavelmente, estava pensando no alcance do trabalho de Ozzy na MTV, que começava a se tornar uma grande referência para o público-alvo do vocalista naquela época. "Sim, mas todos os outros também faziam isso. Droga. MTV... esqueci deles", refletiu o músico.
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