Kurt Cobain: por que ele se sentia ofendido por bandas como Pearl Jam e Alice in Chains
Por Igor Miranda
Postado em 26 de maio de 2021
Personalidade mais conhecida do grunge, o vocalista e guitarrista Kurt Cobain, do Nirvana, não era um grande admirador de Pearl Jam e Alice in Chains, duas bandas também famosas do movimento. O músico, falecido em 1994, sentia-se incomodado com as comparações feitas entre os grupos e até ofendido pelas sonoridades dos colegas.
Em entrevista à Flipside, em 1992, resgatada recentemente pelo site Far Out Magazine, Cobain opinou que bandas como Pearl Jam e Alice in Chains são apenas "fantoches corporativos" das gravadoras. O motivo? Ambos os grupos foram citados como exemplos de projetos musicais que faziam parte do hard rock / glam metal da década de 1980 e fizeram a transição para o grunge, segundo ele, como uma "tentativa de entrar para o movimento alternativo".
O assunto foi abordado na entrevista quando Kurt explicou por que o Nirvana recusou uma oportunidade de fazer uma turnê conjunta com o Guns N' Roses. O vocalista Axl Rose era um grande fã do trabalho de Cobain e ficou incomodado quando recebeu a negativa por parte do colega de profissão.
"Certo, nós rejeitamos o Guns N' Roses. Aquilo seria uma grande perda de tempo", pontuou, inicialmente. Em seguida, o frontman do Nirvana fez uma conexão entre bandas como o Guns, que representavam o hard rock / glam metal da década de 1980, e Pearl Jam e Alice in Chains, que, segundo ele, pertenciam a esse movimento antes do crescimento do grunge.
"Não posso falar do Soundgarden, pois os conheço pessoalmente e gosto muito deles, mas tenho sentimentos muito fortes com relação ao Pearl Jam, ao Alice in Chains e a bandas assim. Obviamente, (essas bandas) são só fantoches corporativos que estão tentando entrar para o movimento alternativo - e nós estamos sendo agrupados nessa mesma categoria", afirmou.
Na visão de Kurt Cobain, bandas como Pearl Jam e Alice in Chains "estiveram na cena do rock de spray de cabelo / cock-rock (trocadilho em referência às letras consideradas machistas dessas bandas) por anos". "De repente, eles param de lavar o cabelo e começam a usar camisas de flanela. Não faz sentido para mim. Há bandas saindo de Los Angeles para morar em Seattle e falando que moraram em Seattle a vida toda para conseguir contratos com gravadoras. Isso me ofende", declarou.
Naquela ocasião, o líder do Nirvana ainda criticou o festival Lollapalooza, criado em 1991 por Perry Farrell, vocalista do Jane's Addiction. O evento foi concebido para ser a turnê de despedida de sua banda, porém, tornou-se um dos principais pontos de encontro da música alternativa nos Estados Unidos e em vários outros países do mundo.
Porém, na visão do músico, o Lollapalooza era "falso alternativo" e "metal macho". Especificamente sobre o Pearl Jam, ele pontuou: "Não posso chamar o Pearl Jam de 'macho', mas não é o tipo de coisa que eu gosto".
Outra opinião em 1993
Um ano depois, em 1993, ao conceder entrevista à Rolling Stone, Kurt Cobain reconheceu que se excedeu um pouco em seus comentários à Flipside. Conforme resgatado também pela Far Out Magazine, o músico do Nirvana disse que não mudou sua opinião sobre o som do Pearl Jam, mas que deveria ter criticado a gravadora deles, Epic, e não os artistas.
Curiosamente, a polêmica entrevista à Flipside fez com que Cobain se tornasse amigo do vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder. "Nunca houve treta entre nós. Eu os critiquei por não gostar da banda. Não conhecia Eddie na época. Foi culpa minha. Eu deveria ter criticado a gravadora em vez deles. Eles foram comercializados, provavelmente não contra a vontade deles, mas sem que eles tenham percebido que estavam sendo empurrados para o movimento grunge", comentou.
Por fim, Kurt deixou claro que sentia certa empatia pelo Pearl Jam. "Exceto por eles não desafiarem tanto seu público quanto fizemos com nosso novo álbum ('In Utero', de 1993). Eles são uma banda de rock segura. É uma banda de rock muito agradável que todos gostam. (Risos) Meu Deus, tenho frases muito melhores na cabeça do que essa".
E completou: "Apenas fico p*to porque trabalhamos duro para fazer um álbum inteiro de músicas muito boas. Vou massagear meu ego falando que somos melhores do que muitas bandas por aí. Percebi que você só precisa de umas duas músicas cativantes no álbum e o resto pode ser imitação do Bad Company, não tem importância. Se eu fosse esperto, teria economizado a maioria das músicas do 'Nevermind' (1993) para lançar em 15 anos. Mas não posso fazer isso. Todos os álbuns que gostei são aqueles que traziam ótimas músicas, uma atrás da outra: 'Rocks' (Aerosmith), 'Never Mind the Bollocks' (Sex Pistols), 'Led Zeppelin II' (Led Zeppelin), 'Back in Black' (AC/DC)..."
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