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Val Santos: 1986 em 2021. Confira entrevista

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 31 de outubro de 2021

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Este ano o produtor e guitarrista VAL SANTOS lançou seu primeiro disco solo, 1986, via Wikimetal Music. Como é bem automática a dedução, a inspiração vem da década mais extravagante da música. O ano de 86, em especial, viu o nascimento de clássicos do Thrash Metal e Heavy Metal como Master of Puppets (Metallica), Reign in Blood (Slayer) e Peace Sells… But Who’s Buying? (Megadeth), entre outros. E foi nessa década também que, ouvindo os medalhões do gênero e convivendo com as nascedouras bandas nacionais que viriam hoje a ser objeto de culto (VIPER, Vodu e Volkana) que o guitarrista começou a sua carreira.

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Fundador da banda Zuris, Val Santos foi baterista do VIPER e chegou a compor alguns arranjos que, mais tarde, estariam no clássico Theatre of Fate. Elegendo a guitarra como arma de ataque, formou o Toyshop. E foi como guitarrista que Val retornou ao VIPER, em sua segunda encarnação na primeira década dos anos 2000, lançando o álbum "All My Life".

1986 desponta como uma coletânea de músicas não lançadas, uma homenagem ao Heavy Metal e Thrash Metal que corre pelas veias de Val Santos e pelas nossas. Conversamos sobre o disco com o guitarrista, sobre as várias participações muito especiais e muitos outros assuntosna entrevista que você confere na íntegra aqui no Headbangers Brasil.

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Headbangers Brasil: Oi, Val. Quanta ansiedade para fazer um show, não é? Como é lançar um disco, lançar-se como protagonista no mundo musical em um período complicado como esses?

Val Santos: Primeiramente é um prazer falar com vocês da Headbangers Brasil!

Sobre os shows, na verdade eu já estou meio aposentado dos palcos… haha… talvez eu faça um show com esse disco, mas será um só mesmo. O último show que fiz foi com o Viper e o Toyshop, as minhas bandas, eu já estava parando. Não tenho mais aquela gana de tocar ao vivo. Adoro compor e gravar, essa é a minha vibe agora, e é isso que vou continuar fazendo.

Mas quero que volte logo os shows logo. Para eu poder ver os artistas de volta, as minhas bandas preferidas. Essa pandemia realmente atrapalhou todo mundo.

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Headbangers Brasil: Felizmente a gente já começa a ver a luz no fim do túnel. Você já está desenhando planos para mostrar seu trabalho no palco? Alguma conversação sobre shows em outros estados no Brasil além de São Paulo? E que músicos o acompanhariam, já que 1986 tem a participação de uma ou duas dezenas de colegas? Quem seria a banda do Val Santos (se for assim o nome), vocal, baixo, segunda guitarra ebateria?

Val Santos: Então, como disse antes, eu devo fazer só um show. Tem uma conversa para algo na Europa, ainda são conversas iniciais. Vamos ver! Não tenho como adiantar nada ainda.

Sobre a banda que vai me acompanhar, tenho mais ou menos a ideia de alguns dos músicos que gosto muito, e adoraria dividir o palco com eles. Ainda estou pensando a respeito, nem sei se vou usar meu nome para esse show. Vamos esperar a pandemia melhorar que eu anunciarei algo mais.

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Headbangers Brasil:Você já consegue mensurar a receptividade ao "1986" apenas baseado nos serviços de streaming e outros recursos da Internet?

Val Santos: Essa é a parte que está me deixando muito feliz! Baseado nos streamings, as coisas estão indo muito bem! Melhor aliás do que imaginava, pois minha intenção sempre foi pensando em deixar um legado e ter meus amigos comigo nesse disco. Nunca foi sobre as vendas, ou coisa do tipo, mas estou recebendo muitas mensagens de pessoas que adoraram o disco. Dei muitas entrevistas, lives e isso põe um sorriso grande no meu rosto… haha! Pois também consegui o meu outro objetivo, que é de as pessoas curtirem o disco. E já avisei que terá a parte dois no ano que vem, e parte três em 2023.

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Headbangers Brasil: Europe – The Final Countdown, Motörhead – Orgasmatron, Kreator – Pleasure to Kill, Bon Jovi – Slippery When Wet, Megadeth – Peace Sells … But Who’s Buying?, David Lee Roth – Eat ‘Em and Smile, Van Halen – 5150, Iron Maiden – Somewhere in Time, Slayer – Reign in Blood, Metallica – Master of Puppets, Fates Warning – Awaken the Guardian, Sepultura – Morbid Visions, Yngwie J. Malmsteen – Trilogy, um monte de discos icônicos no metal e hard rock foram lançados em 1986, sem falar nos discos pop que também marcaram uma época. 1986 é uma homenagem a todos eles?

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Val Santos: Esse número 1986 foi uma ideia que o Felipe Machado, do Viper, me deu enquanto eu explicava para ele a ideia do disco.

Na verdade, não é para homenagear esse ano em si, mas toda a década. O heavy metal foi o estilo que me projetou no cenária musical, que começou nos anos 80, primeiramente com a vinda do Kiss, em 1983, e depois com o Viper, em 1984, quando conheci o Felipe Machado.

Mas realmente 1986 foi um ano icônico, como todos os lançamentos que você descreveu e com o meu disco preferido, de todos os tempos, que é o Master of Puppets do Metallica. Também foi o ano que compus minha primeira música no estilo metal Warriors of Metal, que que fecha o álbum. Essa música foi baseada em uma composição do Helloween chamada Heavy Metal Is The Law, do disco Walls of Jericho. No final tinha tudo a ver colocar o nome do disco de 1986.

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Headbangers Brasil: Seu estilo viaja entre o Thrash Metal e o power metal, mas também passeia pelo hard rock. Além da óbvia Triumph, quais são suas influências principais?

Val Santos: Bem, minha "religião" como influência no rock sempre foi o Kiss, mas a banda que mais ouço, desde os anos 80, é o Metallica. Claro que sou muito fã dos clássicos como Iron Maiden, Judas Priest, Queen, Scorpions e por aí vai. Ouvia muito bandas de Thrash como nthrax, Slayer (que é mais para death metal), Megadeth, Testament.

Mas não fico só no rock. Cresci, como um bom nordestino que sou, ouvindo muito Luiz Gonzaga. Meu pai é sanfoneiro então, desde criança ouço forró. Adoro música no geral. Vou do pop do Michael Jackson ao Mr Bungle passando pelo Capital Inicial, ou seja, sou muito eclético,todo estilo tem música boa e ruim.

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Sobre o Triumph, sempre tive o sonho de regravar a música Allied Forces, seria com o Viper, mas eles não quiseram então resolvi eu mesmo lançá-la. Fiquei feliz demais com o resultado, principalmente,com os vocais do Leandro Caçoilo, melhor vocal no metal nacional e um cara gente boa demais! Estamos fazendo mais projetos juntos.

Headbangers Brasil: O VIPER foi uma banda importante na sua vida (e na minha também). Como uma pessoa que pode ver as coisas de uma perspectiva privilegiada, já tendo inclusive feito parte da banda, como você resumiria a trajetória do VIPER e como enxerga o futuro da banda, agora com Leandro Caçoilo?

Val Santos: O Viper é uma banda inquieta, não faz as coisas do jeito que outras bandas fazem. É só ver os discos com diferentes estilos, como o Soldiers e o Theater, com mais power metal, Evolution, mais pesado com o Pit, o Coma Rage com várias influências de punk, hardcore e metal perto do Thrash. Voltando para o melódico, no All My Life, ainda tendo um disco em português. Só aí vocês veem que o Viper não é uma banda como as outras. Agem muito com a emoção, e isso se reflete nos discos. Ainda me sinto da família Viper tanto que estou ajudando no álbum novo, que está agora com os vocais do Leandro. O Felipe está fazendo as guitarras comigo, o Mauricio Cersosimo está produzindo, e provavelmente será um dos melhores trabalhos do Viper. O Pit voltou a compor metal e a surpresa mais legal pra mim serão as composições do Felipe Machado. Depois que ele fez dois discos solos (os dois produzidos por mim ... haha), ficou mais confiante para compor inclusive melodias de voz, algo que ele não fazia, pois tinha o Pit mestre nisso. Então vocês se surpreenderão positivamente com as músicas dele, que estão sensacionais. Juro que vai deixar muita gente de queixo caído! Tanto, que é uma música do dele que vai abrir o álbum.

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O Viper está de volta e com força total!!

Headbangers Brasil: Falando em Leandro Caçoilo, como foi trabalhar com ele novamente e com o Nando Machado (WikiMetal, ForMusic) no "1986"?

Val Santos: Bem, primeiro que o Nando é meu irmão de vida e irmão de sangue do Felipe Machado, e toca baixo no Toyshop. Quando falei que queria fazer um disco, na verdade minha ideia inicial seria lançar um EP, o Nando me convenceu que teria que ser um disco inteiro e que seria pelo Wikimetal. Então, não tenho nem palavras para agradecer a ele e a todos do Wikimetal por realizar meu sonho.

Leandro como falei antes virou um parceiro na música, é um cara do bem, gente boa, humilde com um talento maior que o mundo. Nasceu com uma voz privilegiada, me sinto honrado por ter ele no disco.

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Aliás, estou ajudando ele que também deve lançar um disco solo e vai gravar algumas composições minhas. Fico mais honrado ainda, só não vou adiantar nada pois aí vocês perguntam tudo pra ele em uma entrevista…haha

Headbangers Brasil: A faixa "Miracle" estava endereçada a Andre Matos. Eu, você, nós todos ainda estamos tentando digerir a sua partida precoce. O que você gostaria de falar sobre ela? Você considera que a participação do Bruno Sutter soou como uma justa homenagem ao Maestro?

Val Santos: Sim, a Miracle era para ter sido o Andre, mas infelizmente, a verdade é que demorei para chamá-lo e até agora não consigo acreditar que ele se foi. Em várias entrevistas tive dificuldade de falar a respeito.

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E o Bruno era o cara certo, pois trabalhei com ele no Massacration, e é outro vocalista talentosíssimo! Gente boa, engraçado, e era fã e amigo do André. O André adorava o Bruno, então, não teria outro cara pra cantar essa música. Dá pra sentir a emoção dele gravando, e fiquei muito emocionado quando ouvi o resultado final. Agradeço ao Bruno demais por isso, sem palavras!

Headbangers Brasil: Algumas bandas brasileiras icônicas como Volkana e Vodu são idolatradas pelos fãs, mas não encontraram o mesmo sucesso mundial ou não tiveram a mesma longevidade que bandas como a Viper, Dorsal, Sepultura, Korzus, Krisiun, Angra. A que você acha que isso se eve?

Val Santos: Esse tipo de pergunta acho praticamente impossível de responder, é complicado saber por que uma banda faz muito sucesso e muitas vezes outras bandas, que você acha ainda melhor, não fazem. Com certeza Volkana e o Vodu mereciam muito mais do que eles tiveram, mas são coisas da vida, o que importa é continuar fazendo música. O Vodu lançou um excelente disco, que tem duas composições minhas. Adoro os caras, tenho uma amizade de mais de 30 anos com o Sergio Facci, já fui roadie dele em vários shows quando ele tocava com a Volkana.

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Aliás, elas deveriam voltar a fazer um disco com a Marielle Torço.

Headbangers Brasil: E do cenário atual, que banda você aposta que pode ser a próxima a levantar a bandeira brasileira mundo afora?

Val Santos: Olha, tem muita banda legal no rock em geral, mas é difícil apontar uma que pode ou não explodir. Acho que isso será mais difícil hoje em dia com internet, streamings e tudo mais. O mundo está diferente e isso exige também diferentes jeitos de fazer e vender música. O rock e o metal voltaram a ser mais underground, claro ainda tem os dinossauros como o Metallica, Iron Maiden…, mas acho que as coisas mudaram muito. Difícil fazer carreira na música hoje em dia, amos ver o que o futuro nos aguarda, teremos que ter muita criatividade tanto pra fazer como pra vender música.

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Headbangers Brasil: Como você enxerga o cenário político atual? Em que isso ajuda ou atrapalha o metal?

Val Santos: Política é algo que me incomoda demais, ainda mais no Brasil, eles nunca ajudam e sempre atrapalham. Não entendo essas brigas de torcida, como torcer para um político de esquerda ou de direita, eles são nossos empregados e não nossos heróis. Fico de caraquando vejo amigos meus, que são pessoas que considero superinteligentes, defendendo um político com unhas e dentes, seja de esquerda ou de direita. Os políticos ganham salários altíssimos, você acha mesmo que eles querem seu bem? Estou generalizando mesmo, a maioria é assim, não estão nem aí pra gente. Querem o poder acima de tudo e querem deixar suas próprias famílias bem, e o resto que se dane! Tem político bom, mas esses coitados, não tem a menor chance de ser um presidente do Brasil. Ou seja estamos ferrados…. haha Vamos vivendo do jeito que dá. Não vejo um bom futuro para o Brasil, não nesse contexto político. Vamos continuar sendo um dos países mais corruptos do mundo, ainda bem que ainda podemos xingá-los…haha, por enquanto.

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Desculpe minha falta de otimismo, fomos roubados durante 13 anos pelos membros do PT e agora estamos abaixo do fundo do poço com o Bolsonaro, e o povo brigando por eles, como pode isso?! Eu fico triste com toda essa situação. Não sabemos votar. País pobre e os políticos enganam fácil o povo, seja de direita ou esquerda, ou do meio, sem esperança total para o Brasil!

Headbangers Brasil: Agora, deixe sua mensagem para os nossos leitores.

Val Santos: Agradeço demais pelas perguntas! Agradeço a todos os leitores do Headbangers Brasil.

Agradeço também ao Wikimetal que lançou meu disco.

Peço, por favor, que todos se cuidem, a pandemia não acabou. Usem máscara, tomem a vacina quando chegar a sua vez. Se cuidem mesmo! Muita gente morreu por causa desse vírus, e se não fosse por esse governo estaríamos em situação melhor. Vamos que vamos! Valeuuuuu e ano que vem tem mais Val Santos Parte 2.

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Entrevista publicada primeiramente no Headbangers Brasil.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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