Ronnie James Dio: a real opinião dele sobre Ozzy Osbourne, resumida em entrevistas
Por Igor Miranda
Postado em 04 de novembro de 2021
Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio foram, certamente, os vocalistas mais marcantes que o Black Sabbath já teve. O primeiro, da formação original, gravou nove álbuns de estúdio com a banda. O segundo, responsável por substituir o anterior, esteve em três discos sob o nome do Sabbath e mais um com a alcunha Heaven & Hell.
É de conhecimento público que havia uma certa rixa entre os dois cantores, mas existem poucas declarações na imprensa de um falando sobre o outro. Ciente disso, o site Rock and Roll Garage resgatou uma série de entrevistas onde Dio, geralmente um pouco mais aberto a falar sobre o tema, expressa sua opinião sobre Ozzy.
Ainda em 1985, quando já estava fora do Sabbath, Ronnie foi perguntado sobre seu antecessor na banda durante entrevista a Steve Newton. Na ocasião, o jornalista quis saber o que ele achava da carreira solo de Osbourne, que vivenciava uma alta em popularidade no período.
"Acho que ele foi muito sortudo por ter Randy (Rhoads, guitarrista falecido em 1982) no início", declarou Dio. "Quando ele perdeu Randy, ele perdeu a maior parte disso, eu acho. Tiveram sorte de ter Bob Daisley (baixista e compositor) para mais dois álbuns e compor todo o material dele. Pois Ozzy notoriamente não compõe, embora tenha créditos a ele ali", completou.
Na época, Bob Daisley havia anunciado sua saída da banda de Ozzy Osbourne. Dio, então, comentou: "Vamos ver quem irá compor material para ele desta vez, pois Bob não está mais na banda. O material dele é bom, é bem feito, é interessante. Mas Ozzy tem muita personalidade e gosto bastante das coisas que ele fez".
Opinião forte com o passar dos anos
O discurso de Ronnie James Dio a respeito de Ozzy Osbourne mudou a partir da década de 1990, especialmente após seu breve retorno ao Black Sabbath para gravar o álbum "Dehumanizer" (1992). A reunião chegou ao fim justamente por causa do Madman: o Sabbath aceitou abrir dois shows que seriam a despedida de Ozzy dos palcos, pois o cantor havia sido diagnosticado com Parkinson - algo que ele descobriu não se aplicar naquele momento.
Já em 2002, em entrevista a Eric Blair transcrita pelo Rock and Roll Garage, Dio comentou que havia se recusado a participar daqueles shows desde o momento em que foi avisado. O vocalista demonstrou irritação ao lembrar-se de declarações anteriores de Osbourne sobre ele e seus colegas de Sabbath, incluindo uma alegação de que o guitarrista Tony Iommi seria homossexual.
"Fizemos quase dois meses de turnê na América e eles ainda achavam que eu faria aqueles shows. Duas semanas antes, Geezer (Butler, baixista) perguntou se eu realmente iria fazer e eu disse: 'eu te falei, vou repetir, não farei - como você pode fazer isso para alguém que chamou seu guitarrista de homossexual, sabendo que ele não é?'", disse.
Ele completa: "Não me interessa a orientação sexual dos outros, mas Tony não é gay e isso deveria tê-lo chateado, por não ser verdade. Talvez nada chateasse Tony, pois talvez o dinheiro fosse mais importante. Mas isso me chateou. Também era minha banda e eu me recusava a aceitar isso. Fora as coisas horríveis que ele disse sobre mim. Não havia razão para eu 'demonstrar respeito a Ozzy'. Pra começar, eu não o respeitava".
Depois, mais calmo, Dio se corrigiu, mas seguiu afiado: "Não posso dizer que não respeito Ozzy, pois ele é um dos caras da banda que criou o heavy metal. Ozzy sempre foi um grande amigo meu enquanto eu não estava no Sabbath, mas quando eu estava, ele sempre agiu como um miserável que só falava mal de mim. E eu sempre falei coisas boas sobre ele. Ele não merece respeito devido à falta de respeito que me ofereceu. Depois de eu ter tanto anos de carreira, não é meu trabalho ficar ajoelhado em respeito a ele. Quando você conseguir cantar como eu, eu te mostro respeito".
The Osbournes
Ainda durante a entrevista a Eric Blair, Ronnie James Dio foi perguntado sobre a série The Osbournes, reality show em que Ozzy Osbourne mostrava a vida de sua família. A produção televisiva fez bastante sucesso na época, mas gerou críticas por parte de Dio.
"Não assisti. [...] Acho um pecado pegarem esse cara cujo legado deveria ser o que criou com o Black Sabbath e abri-lo como uma lata de sardinhas, tipo: 'aqui está, isso é o que você tem agora'. É triste. Eu o aplaudo por fazer o que quer. Nunca tive problema com isso. Mas saudá-lo e falar 'depois de todas as coisas que aconteceram'... não. Ele não merece isso de mim. Mas não falo coisas ruins dele. Por que deveria? Não vai mudar a vida de ninguém".
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