Abel Camargo, do Hibria, critica revista de rock; "faziam chacota com bandas"
Por Emanuel Seagal
Postado em 18 de abril de 2022
Abel Camargo, guitarrista e fundador do Hibria, participou de entrevista no canal Thales Música Virtuose onde falou sobre "Me7amorphosis", o sétimo álbum de estúdio do grupo. No bate-papo ele foi questionado por um fã se acreditava que ocorreu uma ação por parte da mídia especializada para que a banda não se destacasse no cenário nacional.
"Me corrija se eu estiver errado, mas o Hibria é a única banda de heavy metal do Brasil que estourou mundialmente sem ter ninguém do Angra relacionado", afirmou o músico, que deixou claro que não se refere às bandas de outros gêneros, com vocais guturais, como Krisiun, Sepultura e outras com carreira internacional que ele admira.
"A gente tem que entender a fundação da música pesada no Brasil. A gente lançou a demo 'Metal Heart', em 1997, e vivíamos num mundo que basicamente existia a Rock Brigade, depois veio a Roadie Crew, tinha os fanzines, mas a toda poderosa era a Brigade, que pra quem não sabe o empresário da revista foi empresário do Angra por muitos e muitos anos. Quando a gente lançou essa primeira demo a gente mandou pra todos os fanzines que tinha na época. Toda publicação que pudesse nos dar um espaço, falar que fosse uma ou duas linhas da gente, tava valendo, estávamos começando no mercado, mostrando nosso trabalho pela primeira vez", relembrou.
Ele acrescentou: "Nessa época eu e o Iuri (Sanson, vocalista) éramos colegas de curso de inglês aqui no centro de Porto Alegre, e cara, a gente tinha uma expectativa muito, muito grande. Imagina, naquele momento, naquele mercado, sem Internet, sem outras revistas com espaço pra tu mostrares teu trabalho, ter uma resenha era um divisor de águas. Se o cara que fez a resenha elogiou determinada banda, a galera ia 'quero ouvir isso agora', já se o cara queimava, 'eu não quero ouvir essa banda', era simples assim."
Após meses de expectativa a resenha da demo do Hibria foi publicada, e segundo Abel o texto elogiava as "guitarras bem entrosadas e produção bem polida", porém afirmava que o vocalista Iuri Sanson "desafinava sem dó". "Eu estava lendo a resenha pro Iuri, imagina a cara dele ouvindo isso, 'pena que o vocalista desafina sem dó'. Moral da história, a revista sempre fez chacota das bandas, sempre tirou a galera pra otário. Era um livro de piadas. Tinham demos mal produzidas? Com certeza, mas cara, imagina o esforço que era naquela época pra tu gravares uma demo, compor a música, pagar o estúdio, gravar, produzir, lançar, mandar o material, pagar o correio, comprar a revista, pro cara vir te achincalhar, e não foi só com o Hibria, eles fizeram isso com muitas bandas e geralmente o foco eram bandas dessa linha, de heavy metal, power metal melódico, então isso explica a pergunta. O que a gente paga hoje no Brasil é reflexo disso. Tu podes colocar coisas de outra maneira. É mentira? Não, a demo não é perfeita. Tem coisas que não estão perfeitas do vocal? Tem. 'Desafiar sem dó' é dizer que o cara erra do início ao fim", desabafou.
Abel concluiu lembrando que Iuri Sanson foi eleito no Japão o oitavo melhor vocalista do mundo, e defendeu o ex-integrante de sua banda dizendo que "ele não desafinava sem dó, ele foi crucificado sem dó por um cara muito mal-intencionado, de uma revista que tinha essa postura não só com o Hibria, só pegar as publicações antigas e ler. Era uma sessão de piadas, não de resenhas."
Confira a entrevista completa no player abaixo.
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