Abel Camargo, do Hibria, comenta "postura repugnante" com bandas em festivais
Por Emanuel Seagal
Postado em 19 de abril de 2022
Abel Camargo, guitarrista e fundador do Hibria, participou de entrevista no canal Thales Música Virtuose onde contou o que aconteceu em uma confusão com a equipe da banda Andre Matos, que segundo ele teve uma atitude repugnante e desrespeitosa com as outras bandas.
"O show era o Andre Matos, que era a banda principal, o Hibria, que já tinha DVD, show no Japão, uma cacetada de coisas no currículo, o Gloria, e mais duas bandas, mas as principais eram essas (três). Era um show do Andre Matos? Não, era um festival cuja banda mais importante era o Andre Matos. Em ordem de importância era o Andre Matos, depois o Hibria, depois o Gloria, e é assim que funciona em qualquer lugar. Tu vais tocar num território, como um produtor vende um show? É conforme a importância de cada banda, e tá tudo certo. Chegamos lá de tarde no local do show pra passar o som. Na passagem de som a ordem é inversa, a banda principal é a primeira a passar, deixa o equipamento montado, e depois as outras bandas em ordem reversa, ou seja, primeiro o Andre Matos, depois o Hibria, depois o Gloria, depois as outras", relembrou. Ele acrescentou: "A gente chegou lá, o palco tinha um bom tamanho, e a bateria do Andre Matos ocupava exatamente o meio do palco, como se houvesse apenas uma banda na noite, aí já começa errado. A gente só se olhou e falou 'Começou! Começou o desrespeito com todas as bandas'."
Abel explicou que todo equipamento e tudo que precisa ser fornecido para o show é discutido anteriormente com o produtor. "Era como se a gente tivesse que montar uma bateria minúscula na frente da bateria deles. A gente não era banda de abertura deles. O festival tinha várias bandas, entre elas o Hibria e o Gloria. Falei com os roadies que estavam na volta do palco, me apresentei e falei 'a gente precisa tirar a bateria do Andre Matos do palco'. Ela tinha rodinhas no praticado, onde fica a bateria. 'Precisamos tirar pro lado do palco pra gente montar nossa bateria no centro do palco, como todos os shows tem que ser', e os caras tinham um medo no olhar e falaram 'a gente não pode fazer isso. Nos falaram expressamente que a gente não pode tirar a bateria do lugar e as outras bandas têm que montar o equipamento na frente.'"
O guitarrista conversou com o responsável pelo palco, explicou o problema, porém recebeu uma negativa direta, "a gente não pode tirar a bateria daí". Abel manteve sua posição e disse que se não retirassem a bateria para que o Hibria pudesse fazer a passagem de som, eles não tocariam. Pouco tempo depois o stage manager voltou, contrariado, e dessa vez aceitou. "Ele estava incomodado porque ele tinha que ir contra a ordem que deram pra ele. Isso foi só o início da treta. Quando a gente foi passar o som não tinha todo o equipamento. Então nós e as outras bandas ficamos sem poder passar o som. Não tinha equipamento para as outras bandas, até sei lá que horas chegou o equipamento, e aí a gente passou o som, e obviamente o evento atrasou, e não devido ao Hibria. Começou com os caras não querendo tirar a bateria do lugar e depois com a falta de equipamento. Não tem essa de ficar oprimindo os outros pra parecer maior. Os caras já são grandes, tem uma puta d'uma carreira, um porte, saca?", desabafou.
Após os problemas antes do show iniciar, segundo Abel, devido ao atraso a empresária da banda Andre Matos estava no palco enquanto o Hibria tocava, e com toda a equipe da banda Andre Matos em volta, exigindo que o show terminasse. "'Acabou, acabou o show de vocês, saiam!' Assim, cara, como se a gente fosse um bando de moleques tocando. Obviamente a chapa esquentou e esquentou muito. O troço ferveu de um jeito…", disse. "Os caras estavam prestes a desligar nosso equipamento com a banda tocando. Sabe o que é isso, velho? Quando acabou o show, e eu sou um cara extremamente tranquilo. Quem me conhece sabe disso, sou um cara da paz. Quando acabou o show, e eu vi que o cara ia meter a mão no meu amplificador, eu meti o dedo na cara dele e falei 'tu não encosta a mão no meu equipamento. Tu não encosta até a gente acabar de tirar tudo do palco do nosso jeito, entendeu?' aí tu imaginas o clima que se formou. Todo mundo com os nervos a flor da pele. A gente desmontando equipamento, indignados. Uma falta de respeito do início ao fim", afirmou.
No dia seguinte Abel viu a empresária da banda Andre Matos no hotel. "A primeira coisa que eu fiz foi me dirigir a ela, 'Quem tu acha que tu és?' A conversa começou assim. 'Quem tu pensas que tu és pra dar ordens na minha banda, e dizer o que a minha banda tem que fazer em cima do palco ou deixar de fazer?'"
O músico concluiu dizendo que o Hibria não tolera esse tipo de "atitude opressiva", que ele considera repugnante e que não deveria acontecer com banda alguma. "Não deveria acontecer nem com uma banda inexperiente, uma gurizada que está aprendendo a plugar seu equipamento, que de repente não sabe como funciona a parafernalha técnica, com ninguém, velho. O Hibria trata todo mundo com o maior respeito, com a maior educação, sem exceção, desde o cara que carrega o equipamento, o cara que monta o palco, desmonta. Agora, quem não tem respeito conosco, vai tomar de volta. É assim, a gente respeita todo mundo, do Brasil, do Japão, a gente já tocou o mundo inteiro. Pisou na bola com a gente? Vai tomar de volta, e não é questão de ser machão. É questão de respeito em um mercado que a galera faz questão de te amassar, e não precisa disso. Existe espaço pra todo mundo, pra todas as bandas."
Confira a entrevista completa no player abaixo.
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