Roger Waters, ex-Pink Floyd, explica por que demitiu Richard Wright no "The Wall"
Por André Garcia
Postado em 15 de junho de 2022
A formação mais clássica do Pink Floyd foi composta por Roger Waters (baixo e vocal), David Gilmour (guitarra e vocal), Richard Wright (teclado e vocal) e Nick Mason (bateria). Ao longo dos anos 70, eles conseguiram o incrível feito de lançar uma obra-prima a cada dois anos: "Meddle" (1971), "The Dark Side of the Moon" (1973), "Wish You Were Here" (1975), "Animals" (1977) e "The Wall" (1979).
No entanto, o "The Wall" marcou a separação do quarteto com a demissão de Richard Wright durante as gravações. Além disso, internamente já havia o atrito e tensões entre a banda e seu baixista (e líder), cada vez mais autoritário e intransigente, o que culminou em sua saída em 1985.
Em entrevista de 2000 para a Classic Rock, Roger Waters contou seu lado da história por trás da demissão de Richard Wright.
"O começo do fim foi quando eu trouxe Bob Ezrin para produzir — eu precisava de ajuda para produzir aquele disco, era um projeto ambicioso. Até ali, nós sempre botávamos 'Produzido por Pink Floyd', mas a maior parte do trabalho era feito por mim e Dave [apelido que David Gilmour detesta]. Então informei a Nick [Mason] e Rick [Richard Wright] que Bob Ezrin produziria o disco comigo e Dave, mas, com todo respeito, eles não produziriam, porque nunca produziram. Nós consideramos justo que recebêssemos um ponto (um porcento), e o restante seria dividido por quatro."
Conforme narrado por Waters, o diálogo se deu como segue abaixo:
Nick Mason: Tudo bem, sem problema.
Richard Wright: Eu posso produzir o disco, eu posso ajudar.
Roger Waters: Eu não acho que possa, Rick, você nunca ajudou no passado.
Richard Wright: Eu ajudei sim!
Roger Waters: Ok, vamos fazer o segunte: Vamos gravar o disco e, se você for visto produzindo, você recebe um ponto também. [O restante] a gente divide por quatro. É justo?
O baixista prosseguiu: "Então, após algumas semanas de trabalho, Rick estava no estúdio o tempo todo: do começo do expediente de manhã ao encerramento à noite. Aquilo não era normal. Um dia Bob Ezrin me perguntou o motivo."
Bob Ezrin: Por que isso?
Roger Waters: Você não está vendo? Ele acha que está produzindo o disco.
Bob Ezrin: Fala sério!
Roger Waters: Ele acha! Ele quer [receber] o ponto. Já notou como ocasionalmente ele diz "Ahn, ahn, ahn, eu não gostei disso"?
Bob Ezrin: Sim, isso é bem irritante.
Roger Waters: Ele pensa que isso é produzir um álbum. Pergunta a ele!
O baixista contou que o produtor foi realmente perguntar, e retornou dizendo: "'Você estava absolutamente certo. Bem, eu o disse que ele não está produzindo.' E depois daquilo Rick não aparecia mais, a não ser que precisássemos de uma parte de teclado. Ele tocava cada vez menos, e geralmente não estava realmente interessado. Se ele acreditasse ter composto uma parte de teclado divina, guardaria para um de seus álbuns solos horríveis. Ele não queria dividir nada com ninguém."
"Enfim, estávamos no sul da França gravando o disco, e eu renegociei o contrato com a Sony para conseguir mais alguns pontos, mas a condição deles foi que recebessem o disco até o final de outubro. Nós tiramos férias em agosto. Eu montei um cronograma para nos reencontrarmos dia 5 de setembro, [mas] percebi que seria impossível. Eu perguntei a Ezrin se ele toparia concluir as partes de teclado a partir de 28 de agosto. Ele falou: 'Ah meu Deus, ok.'"
"Eu mandei Steve O’Rourke [agente do Pink Floyd] chamar Rick. Uns dois dias depois ele descobriu que Rick estava na Grécia. A mensagem foi: 'Manda Roger se f*der!' Então eu dei a ele um ultimato para obedecer, terminar o disco, receber sua parte e, então, pacificamente cair fora — ou nos veríamos no tribunal. Muito sabiamente, ele aceitou a proposta. De qualquer forma, eu não estava mais trabalhando com ele."
"E foi naquele ponto que eu tive uma reunião com Dave onde ele conhecidamente — ou infamemente — disse: 'Por que não nos livramos de Nick também?' E eu fiquei, tipo: 'Dave, Nick é meu amigo.'"
Para a turnê do The Wall, o Pink Floyd não encontrou um tecladista. Assim, ironicamente, Richard Wright retornou à banda, mas não mais como um membro, e sim como um mero músico contratado.
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