Beatles: Como o tarot influenciou uma composição de Paul McCartney
Por André Garcia
Postado em 30 de agosto de 2022
No começo da década de 60, as letras de rock só falavam de garotas, romance e amor. Em seus primeiros anos, os Beatles seguiram essa regra com hits como "I Want To Hold Your Hand", "She Loves You" e "Can't Buy Me Love", mas depois que fizeram sucesso, logo trataram de mudar as regras do jogo. Dessa forma, inspirados por Bob Dylan, Lennon e McCartney começaram a escrever sobre suas vidas, seus sentimentos, e a forma como enxergavam o mundo a seu redor.
Com a chegada da era psicodélica na segunda metade dos anos 60, já era possível fazer músicas inspiradas em praticamente qualquer coisa — e quanto mais excêntrico, melhor. Dessa forma, começaram a pintar nas letras dos Fab Four elementos retirados de religiões como hinduísmo e budismo, bem como coisas místicas, como o tarot.
Conforme publicado pela Rock n Roll Society, na biografia Many Years From Now, de Barry Miles, Paul McCartney contou que a ideia de "The Fool on the Hill" veio do tarot. Mais especificamente da carta O Louco (The Fool), que na ocasião se revelou insistentemente ao baixista.
"Eu conhecia [Koger] Marijke", revelou ele, "ela tinha uma aparência chamativa. Ela costumava prever meu futuro com um baralho de tarot, que eu não curtia porque tinha medo que era tirasse a carta da morte algum dia. Mesmo assim, eu não sou chegado nessas coisas, porque deixam minha mente preocupada antes da hora."
"Eu tentava me livrar daquilo, mas era sempre [a carta] O Louco [que eu tirava]. Eu falava 'ai, caramba', e ela respondia: "Não, não, não… O Louco é uma excelente carta. Ela pode parecer bobo a princípio, mas, na verdade, é uma das melhores cartas, pois representa a inocência e a infância."
Aquela carta acabou sendo uma das inspirações de "The Fool on the Hill", lançada no EP duplo "Magical Mystery Tour" (1967). Ela foi bem recebida pelos críticos, como Bob Dawbarn, da Melody Maker, que descreveu o álbum como "seis faixas que nenhum outro grupo pop no mundo seria capaz de ousar abordar, combinando originalidade e um toque popular. Sobre a faixa, ele julgou ser uma "típica balada lírica dos Beatles", e que daria um "excelente lado a de single".
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