The Who: Como John Entwistle colocou um solo de baixo em "Substitute"
Por André Garcia
Postado em 07 de novembro de 2022
Uma das mais marcantes características do som do The Who era o trovejante baixo de John Entwistle. Rápido, pesado e preciso, se destacou na banda por dar liberdade a Pete Townshend chamando para si a responsabilidade de conduzir o ritmo.
Além disso, contrariando os demais baixistas da época, que tocavam seguindo a bateria, ele tocava acompanhando a guitarra — algo corriqueiro no punk e no metal. Sua habilidade era tamanha que alguns dos maiores sucessos da banda, como "My Generation" e "Substitute" em vez de solo de guitarra, possuem solo de baixo, algo incomum na época.
Conforme publicado pela Far Out Magazine, certa vez o músico relembrou "Substitute".
"Eu toquei um baixo Gibson SG de escala média [favorece a tocabilidade, enquanto ressalta o grave sem perder a agressividade], com cordas revestidas de aço. Quando chegamos no solo, porque estávamos praticamente gravando e mixando ao vivo, eu pensei: 'Taí, isso deveria ser um solo de baixo' Então aumentei o volume [e fiz o solo]. Como não conseguiram me deslocar na mixagem, acabou ficando o solo de baixo."
Morto em 2002, John Entwistle foi um dos nomes mais influentes entre os baixistas de rock pesado. O líder do Motörhead, Lemmy Kilmister, era um dos muitos que foram inspirados por ele:
"Eu amo John Entwistle — declarou —, do The Who, o melhor baixista que eu já vi! O melhor baixista da face da Terra. Ele era o melhor para mim, não tem nem competição. Ele estava tão no comando do instrumento, eu nunca vi ele pisar na bola, nunca ouvi ele tocar uma nota errada. E ele era tão rápido — as duas mãos rápidas para inferno! O solo de baixo de 'My Generation' até hoje dá nó nos seus dedos. Até dá para aprender a tocar, mas é outra história elaborar aquilo. E foi lá em 1964!"
The Who
O The Who surgiu da combinação do vocal vigoroso de Roger Daltrey, a bateria selvagem e não-ortodoxa de Keith Moon, o baixo estrondoso de John Entwistle e a sofisticada guitarra de Pete Townshend, líder da banda. Embora tivessem pouco em comum e personalidades conflitantes, inesperadamente o quarteto tinha grande química musical.
Seu álbum de estreia "My Generation", tendo a faixa-título como maior hit, combinou canções pops com faixas mais pauleiras, amplamente citadas como influência pelas bandas punk. Ao longo dos anos 60, o grupo seguiu emplacando sucessos e se estabeleceu como terceira força do rock britânico, atrás apenas dos Beatles e Rolling Stones.
No começo da década de 70, o The Who se consolidou em definitivo na primeira prateleira do rock com álbuns como "Who's Next" (1971) e "Quadrophenia" (1973), além de hits como "Who Are You". No entanto, em 1978, foi sacudido pela morte de Keith Moon. Com Kenney Jones (ex-The Faces) nas baquetas, ainda chegou a lançar "Face Dances" (1981) e "It's Hard" (1982), que não foram bem recebidos. Depois deles, tivemos apenas "Endless Wire" (2006) e "WHO" (2019).
Em 1996, a banda ganhou o reforço de Zak Starkey na bateria — filho de Ringo Starr —, e em 2002 perdeu um membros fundador com a morte de John Entwistle.
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