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Kiss: Gene Simmons e Paul Stanley comentam clássicos de seus primeiros álbuns

Por André Garcia
Postado em 11 de janeiro de 2023

Em seu meio século de história, o Kiss passou por diversas formações, e a única coisa que todas elas tiveram em comum foi a presença do guitarrista base Paul Stanley e o baixista Gene Simmons. Além de núcleo criativo da banda, foi a dupla que não só a formou como concebeu seu conceito.

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Em entrevista de 1992 para a revista Guitar World, eles comentaram alguns dos maiores clássicos do Kiss. Abaixo você confere os que vão de "Kiss" (1974) a "Dressed to Kill" (1977).

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Deuce

Gene Simmons: Essa foi a primeira música que escrevi para o Kiss; foi feita em meia hora. Eu tirei o lick de "Bitch", dos Rolling Stones, e mudei para que começasse em A e terminasse em C. Eu propositadamente criei um lick repetitivo — tipo "[(I Can't Get No)] Satisfaction" ou "Bitch". Liricamente, eu tinha uma vaga história, mas estava mais preocupado em transmitir atitude do que em dar sentido à palavra 'deuce'. Não tenho certeza do que significa o verso "Você sabe que seu homem está trabalhando duro, ele vale um deuce!", mas soou bem.

Strutter

Paul Stanley: Essa foi uma das primeiras músicas que escrevi para o Kiss. Ela começou com uma velha progressão de acordes que Gene tinha escrito uns cincou ou seis anos antes, chamada "Stanley the Parrot" [Stanley o Papagaio] — que, diga-se de passagem, não tem nada a ver comigo [risos]! Nós abandonamos a música do papagaio em demos uma pegada mais Stones. Na época, eu usava uma Les Paul modelo TV. Eu já era muito ligado em guitarras vintage, embora minhas condições financeiras me permitissem ter apenas uma guitarra de cada vez. Então fui de uma Les Paul/SG que comprei por $120 em um brechó para uma Les Paul Special que me custou uns $200.

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Black Diamond

Paul Stanley: O Kiss foi originalmente muito influenciado pelo Humble Pie. Queríamos fazer duas guitarras soarem como uma – era a teoria da ‘Big Guitar’. Ace [Frehley] e eu trabalhamos duro para misturar nossas partes rítmicas em muitas dessas primeiras músicas. Experimentamos duplicar ritmos, escrever contra-ritmos ou tocar diferentes inversões umas contra as outras. Black Diamond foi uma das primeiras músicas em que Gene e eu escrevemos juntos, embora seja creditada a mim. Gene veio com o riff que é incorporado aos acordes. O final me lembra Neil Young, ou Stairway to Heaven. Precisava de algo extra, porque simplesmente não achávamos que a música estava resolvida.

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Goin' Blind

Gene Simmons: A ideia foi criar algo que soasse como um tema para um faroeste, dedilhando acordes menores no violão. Tem um lick no refrão que tirei de "Layla" e toquei ao contrário. A linha de baixo não tem nada a ver com a melodia ou os acordes. Eu ouvia muito Cream e, embora nunca tenha realmente entendido sobre o que falava músicas como "Tales of Brave Ulysses", elas ainda evocavam imagens fortes em minha mente. A letra de "Goin' Blind" é assim: não faz muito sentido, mas pelo menos, versos como "I'm 93, you're 16" [Eu tenho 93 anos e você 16] são fáceis de visualizar.

Hotter Than Hell

Paul Stanley: Eu sempre fui muito grande fã de Free, e "All Right Now" realmente significou muito para mim — era uma música perfeita. "Hotter than Hell" foi basicamente eu reescrevendo aquela música. Não há nada de errado em copiar, desde que você faça certo — e certifique-se de que esteja roubando um diamante, não um pedaço de vidro. Toda banda começa sendo bem derivada, e copiar outras é o primeiro passo para desenvolver seu próprio estilo. Nessa época, ganhei minha primeira guitarra customizada de verdade. Um cara em Nova York chamado Charles Lobue construiu para mim algo parecido com uma Flying V 58 com dois captadores humbuckers. era bem parecida com a que Albert King tocava, mas com uma ponta mais curta que a outra. A Jackson V, de Randy Rhoads, tinha um design similar.

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C'mon and Love Me

Paul Stanley: Estávamos em Los Angeles na turnê de "Hotter Than Hell", quando o presidente da Casablanca Records, Neil Bogart, veio até nós depois do show e disse que "Hotter Than Hell" não estava vendendo. Ele queria que voltássemos para Nova York no dia seguinte e começássemos a trabalhar em outro álbum. Foi uma ideia muito interessante, ainda mais que não tínhamos uma única música nova [risos]! Então fizemos as malas e fomos para casa. Todas as manhãs Gene e eu escrevíamos. Quando Peter e Ace apareciam, dizíamos: 'Ok, pessoal, aqui está a música de hoje'. Não era incomum escrevermos uma música em uma hora e meia. Os versos de "C'mon and Love Me", provavelmente, foram escritos em meia hora, e ainda assim é uma das minhas músicas favoritas até hoje. Na verdade, podemos tocar ela na próxima turnê, soa tão bem hoje quanto naquela época.

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Sobre André Garcia

Sou redator e tradutor freelancer e escritor, autor do livro de contos Liber IMP. Ouço rock desde pequeno, leio coisas sobre bandas desde sempre e escrevo sobre ela já tem anos. Cresci como fã de Iron Maiden e paladino do rock, mas já me tratei. Hoje sou fã de nomes como Beatles, David Bowie, The Cure, Kraftwerk e Velvet Underground, e de cenas como a Londres psicodélica, a Nova Iorque proto-punk e a Manchester pós-punk. Escrevo notas e notícias rápidas para o Whiplash.Net visando compartilhar conteúdo relevante sobre música e cultura pop.
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