O primeiro show do The Doors em Londres relembrado por quem estava lá
Por André Garcia
Postado em 26 de fevereiro de 2023
Em setembro de 1968, o The Doors desembarcou na Inglaterra pela primeira vez, acompanhado pelo Jefferson Airplane, The Crazy World Of Arthur Brown, Terry Reid, Blossom Toes e Blonde On Blonde. Ray Manzarek, Robby Krieger e John Densmore estavam afiados, entrosados com o provocativo e carismático Jim Morrison, com suas xamânicas performances poéticas e teatrais. Os quatro estavam em seu auge. Prova disso foi a recepção calorosa recebida por eles já em seu primeiro show, no The Roundhouse, em Londres.
A Classic Rock garimpou declarações de pessoas que estiveram lá, formando com suas declarações um verdadeiro mosaico.
Joss Mullinger (público): Eu estudava em uma escola pública em Christ's Hospital, Sussex. Eu tinha 17 anos, e eu e meus amigos éramos loucos pelo The Doors. A Polydor Records em Londres distribuía a Elektra, então eu escrevi para eles no início de 1968, e eles nos mandavam boletins mensais. Foi assim que eu soube do show do The Doors.
Clive Selwood (gerente geral da Elektra Records UK): O The Doors chegou com olhos vermelhos de um voo noturno dos EUA. Eles foram recebidos pela equipe da Granada, que enfiou câmeras e microfones em seus rostos e pediu que se identificassem ao descer do avião. Ray era quieto e estudioso, Robby era tão tímido que parecia drogado e inarticulado, John era elegante e encrenqueiro, e Jim era enigmático e quase inacreditavelmente bonito.
Mick Houghton (membro da plateia): Tínhamos ingressos para o segundo show da primeira noite. Vale a pena lembrar que nem The Doors, nem Jefferson Airplane eram consideradas bandas grandes por aqui. Nenhum deles tinha emplacado hits aqui.
John Sheppard (diretor do documentário da Granada TV, The Doors Are Open): Morrison estava de mau-humor. O resto da banda estava hospedado no Royal Lancaster, já ele e sua namorada tinham seu próprio apartamento em Eaton Square. E ele faltou ao ensaio.
Derek Grant (crítico da NME): A plateia, com mais de duas mil pessoas, tinha esperado pacientemente desde as sete e meia, e teve que esperar mais duas horas antes da ação começar. O palco escureceu e a plateia aplaudiu enquanto figuras indistintas apareciam e assumiam suas posições atrás da bateria, órgão e guitarra. As luzes do palco se acenderam enquanto John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger iniciavam "Back Door Man" para anunciar a chegada do vocalista Jim Morrison. Ele entrou majestosamente no palco vestido com um terno de couro preto justo, camisa branca e sapatos marrons.
John Tobler (jornalista): The Doors voltou para seu segundo set por volta das quatro horas da manhã, quando todos os cinegrafistas já estavam em casa, na cama. Sem as câmeras, houve uma queda perceptível na agitação, e o grupo fez um set soberbo.
A partir de 1969, Jim Morrison e o The Doors começaram a entrar em baixa, em muito graças a seu crescente abuso de álcool e drogas. A turnê americana da banda naquele ano foi marcada por tumultos e incidentes infames, incluindo o famoso incidente em Miami, no qual Morrison foi preso por exposição indecente e conduta profana durante um show. O longo e desgastante julgamento do vocalista contribuiu em muito para que ele afundasse na depressão e alcoolismo e perdesse o interesse pela música.
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