A história do hit do Raimundos inspirado em quando Rodolfo "descobriu que a vida é boa"
Por Gustavo Maiato
Postado em 11 de agosto de 2023
A música "Puteiro em João Pessoa" é um dos grandes clássicos não só do Raimundos, mas como de toda cena do rock nacional dos anos 1990. Lançada no álbum que leva o nome da banda, em 1994, o hit teve sua história analisada em vídeo do canal de Júlio Ettore.
"Em janeiro de 1985, Dudu era um garoto de 12 anos passando férias na capital da Paraíba. Dois primos do pai dele, Augusto, um homem mais contido e Bessanger, mais experiente e malandro, decidiram que daquele dia a virgindade de Dudu, apelido de Rodolfo Abrantes, não passaria. Valquíria era o nome dela, uma moça mais experiente e que já tinha ‘homenageado’ diversos garotos da cidade e que como contou Rodolfo ela sabia ‘deixar o moleque à vontade’.
Tempos depois o menino brasiliense montou uma banda de rock inspirada no hardcore nos ritmos nordestinos e, sentado na frente de uma cachoeira com seu parceiro Digão, numa viagem de ácido, transformou a história em música, em 1994. O Brasil inteiro estaria cantando sobre os serviços sexuais prestados por Valquíria.
Rodolfo Abrantes nasceu em setembro de 1972, em Sobradinho, no Distrito Federal. Brasília era uma cidade jovem, e Rodolfo cresceu como um adolescente de 12 anos em uma terra de migrantes. As famílias que ali viviam mantinham fortes conexões com seus estados de origem.
Na casa dos Abrantes, o som do forró ecoava incessantemente, preenchendo o ambiente com lembranças do sertão paraibano. Esse estilo musical não apenas matava a saudade, mas também despertava a musicalidade adormecida em Rodolfo, mesmo não tendo músicos na família. Seu desejo inicial era se tornar um músico de forró.
Tudo mudou quando, na adolescência, Rodolfo descobriu o punk. Bandas como Ramones, Ratos de Porão e Cólera o cativaram nos anos 80. Segundo Rodolfo, foi em janeiro de 1985 que ele, seu irmão e seus pais passaram as férias em João Pessoa, visitando parentes. Entre esses parentes, estavam dois primos de seu pai: Bessanger Abrantes, um engenheiro mecânico na casa dos 40 anos, com um espírito travesso e robusto, apesar de sua idade, e Augusto Abrantes, um primo mais jovem, cuja idade se aproximava da de Rodolfo.
Esses dois primos eram o que algumas pessoas chamam de primos de segundo grau, e eles desempenharam um papel significativo na vida de Rodolfo. Foi através desses encontros familiares que Rodolfo Abrantes começou a trilhar seu caminho na música, deixando para trás o desejo de ser músico de forró e abraçando a cena punk que o encantara".
Curiosidades sobre o Raimundos
Em entrevista ao Corredor 5, Marcelo Maia, que trabalhou na produção de discos do Raimundos, relembrou outras curiosidades sobre a banda.
"Parto do princípio de que o que tem excelência chega na reta final vitorioso. O Tom Capone tinha essa excelência no que fazia. Tem uma história maravilhosa que só soube depois. No caso do Raimundos, eles faziam discos maravilhosos. O primeiro que o Tom produziu deles fez com que o público entendesse o que o Rodolfo cantava.
Foi o ‘Só no Forevis’. Os primeiros você não entende! [risos]. Aquele álbum é 100% Tom Capone. Eu participava das reuniões e via as rádios pedindo para tirar a guitarra. As rádios de rock estavam acabando. A guitarra ficou abominada pelas rádios brasileiras. Mas tirar a guitarra dos Raimundos era um assassinato, né? Tinham duas rádios que se a música estivesse tocando ia vender 500 mil a 1 milhão de cópias do disco.
Tinha que estar lá e precisava dessa versão. Aí, a banda mandou uma fita escrita assim: ‘Mulher de Fases Remix PM’. Essa era a guia de rótulo. Entrou em todas as rádios populares. Abriu portas e o Raimundos dobrou de tamanho. Outros remixes PM foram feitos. Ninguém sabia o que significava essa sigla. Sabe o que era? Remix Pau Mole! [risos]. O Tom Capone inventou essa sigla para se defender quando precisava fazer novas mixes para as rádios".
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