O profundo significado do termo "Alvorada Voraz", cantado por Paulo Ricardo no RPM
Por Gustavo Maiato
Postado em 16 de junho de 2024
A música "Alvorada Voraz" é um dos grandes hits do RPM e até hoje é celebrada pelos fãs dessa que foi uma das maiores bandas do rock nacional dos anos 1980. Mas qual o significado desse termo que batiza a canção interpretada pelo quarteto Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Paulo Pagni e Fernando Deluqui?
No site oficial da banda, há pistas sobre o que o RPM quis dizer com a canção, que traz um profundo significado de revolução política. Lançada pouco depois do fim da ditadura, o hit lembra nos versos alguns escândalos políticos da época.
"O caso Morel, / o crime da mala, / Coroa-Brastel, / O escândalo das jóias. / E o contrabando, / e um bando de gente importante envolvida".Já na versão de 2000, "Alvorada Voraz" ganhou nova letra atualizando os casos de corrupção: "O caso Sudam, / Maluf, Lalau, / Barbalho, Sarney, / E quem paga o jornal, / É a propaganda, / Pois nesse país é o dinheiro que manda".
Outro post no site da banda com entrevista de Paulo Ricardo explica o sentido da letra: "Alvorada é uma alusão ao palácio da Alvorada, numa época em que saíamos da ditadura militar, mas ainda tínhamos algumas coisas a dizer. Além disso, no final dos anos 80 estávamos cercados por essas expectativas sombrias, por esses pensamentos niilistas, que o mundo acabaria em 2000, a bíblia, nostradamus. Era uma geração cercada pelo pensamento de que a bomba poderia cair a qualquer momento", explica.
O texto continua: "A letra de Alvorada Voraz faz um raio X na estrutura de poder que existe no Brasil, que está assim há muito tempo e não parece que vai mudar. Esse presidencialismo de coalizão coloca todos os brasileiros reféns do sistema político, que jamais votarão em mudanças que impeçam os políticos de continuarem atuando da mesma forma.
Nesse tipo de radiografia que se faz na época, a versão de 1986 cita casos que tentam retratar a situação da época. O caso Morel, que embora faça parte de uma obra literária de Rubem Fonseca dos anos 1970, que mistura ficção com realidade, retrata a violência urbana que não distingue classes sociais e a marginalização no país.
Isso se aprofunda com a inclusão de processos policiais que tiveram grande destaque na época, como o crime da mala, que foi um dos primeiros grandes processos criminais do país. A história diz que Giuseppe, um imigrante italiano, matou sua esposa e tentou colocá-la em uma mala para se livrar de seu corpo. O homem foi preso, ficou preso por 17 anos e por decreto do então presidente Getulio Vargas em 1944, teve sua pena reduzida, foi solto em 1948".
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