A cronologia minimamente detalhada de como foi a morte de Marcelo Fromer dos Titãs
Por Gustavo Maiato
Postado em 18 de agosto de 2024
A morte do guitarrista Marcelo Fromer, dos Titãs, chocou o Brasil em 13 de junho de 2001. A cronologia detalhada desse acontecimento foi contada pelo jornalista Julio Ettore em vídeo no seu canal.
Marcelo Fromer estava em São Paulo, onde tinha um flat. Ele estava namorando a jornalista Karen Kopfer e, como no dia seguinte era Dia dos Namorados. Eles anteciparam a comemoração e marcaram um jantar em um restaurante japonês.
Segundo o relato de Julio, Marcelo saiu para correr perto das 18h na região dos Jardins, em São Paulo, como fazia com frequência. Ao atravessar a Avenida Europa, na altura da Rua Portugal, uma avenida com quatro faixas, foi atingido por uma moto.
De acordo com reportagens da época, baseadas em testemunhas, Marcelo atravessou fora da faixa de pedestres. "Naquele ponto, a luminária da avenida estava apagada. A iluminação de algumas ruas da região dos Jardins estava mais fraca que o normal por causa do racionamento de energia decretado pelo governo. Marcelo parou no meio da avenida, entre os dois sentidos, esperando o momento de atravessar, quando foi atingido por uma moto", diz o jornalista.
A maioria das pessoas que estavam ali perto, andando pela rua ou num ponto de ônibus, não conseguiu ver a hora da batida. Só viram depois, quando Marcelo já estava no chão, com intenso sangramento. Algumas pessoas relataram que ele ainda estava se comunicando logo depois de cair.
Mais tarde, foi descoberto que um bancário de 30 anos testemunhou o momento em que ele foi atropelado por um motociclista de uma empresa de entregas. Esse motociclista ainda parou e telefonou para o socorro antes de subir novamente na moto e partir em disparada. Conforme Ettore destaca, "o motociclista ligou para o socorro e depois fugiu".
O primeiro telefonema para o Corpo de Bombeiros foi às 18h18, podendo ter sido do motoqueiro ou de alguma testemunha. A ambulância levou 25 minutos para chegar. No local do acidente, encontraram um homem sem documentos; ninguém sabia quem ele era. Ele foi levado para um hospital público, o Clínicas da USP, a 3 km dali, onde chegou às 19h.
Ele estava com um grave trauma cranioencefálico, ou seja, um intenso choque na cabeça, tinha as vias respiratórias obstruídas, não conseguia respirar e estava com sangue indo para os pulmões. "Ele também estava em coma, um estado de sono profundo do qual não se pode ser despertado. O estado dele era considerado gravíssimo. O choque na cabeça causou muitos sangramentos no cérebro, o que, segundo os médicos, dificultava qualquer intervenção cirúrgica. O cérebro de Marcelo estava inchado, e eles precisavam diminuir a pressão, senão ele poderia ter morte cerebral", comentou.
Enquanto isso, às 20h, Karen entrava no flat de Marcelo. O jantar estava marcado para as 22h, mas ela estranhou que ele não tinha ligado para ela como combinado. Ela viu que o computador estava ligado e os documentos estavam na mesa, indicando que ele havia saído para algo rápido e deveria voltar logo. O porteiro contou que Marcelo tinha saído no fim da tarde com roupas de corrida. Karen começou a ligar para todas as pessoas que pudessem estar com Marcelo, mas não conseguiu encontrar o namorado. Já eram 22h quando ela foi com um amigo até a 15ª Delegacia, no Itaim Bibi, para registrar uma queixa de desaparecimento.
Por coincidência, encontraram um policial militar que estava voltando do Hospital das Clínicas e disse que havia dado entrada um homem com as mesmas características após um acidente de trânsito. Àquela altura, os colegas da banda já sabiam que o guitarrista estava desaparecido e todos estavam fazendo telefonemas tentando descobrir alguma coisa. No Rio de Janeiro, no Hotel Royalty Barra, Nando Reis foi avisado pelo produtor da banda e ligou para o Hospital das Clínicas. O funcionário do hospital se recusava a dar informações por telefone, então Nando perguntou se o paciente tinha uma tatuagem do Super Mouse, um super-herói, no braço esquerdo, e o funcionário confirmou. Era Marcelo Fromer. Quase ao mesmo tempo, o amigo de Karen conseguiu ter acesso ao hospital e também confirmou que era o guitarrista.
A família de Marcelo foi avisada e foi até lá. Marcelo tinha um hematoma imenso na cabeça. Jornalistas chegaram para fazer plantão por volta de 1h30 da madrugada. Marcelo entrou na sala de cirurgia para uma operação que levou mais de 4 horas, a fim de aliviar a pressão de um edema no cérebro, resultado de um traumatismo craniano. No fim, o neurocirurgião Hector Navarro foi sincero com a família: se Marcelo sobrevivesse, ficaria com sequelas irreversíveis. Nessa cirurgia, a craniotomia descompressiva, os médicos tiram parte da tampa de um dos lados do crânio para que o cérebro possa inchar para fora da cabeça sem risco de morte cerebral.
De manhã, outros Titãs chegaram do Rio. Casagrande, amigo dele, também apareceu. Naquela terça-feira, as gravações foram canceladas e houve vigília de fãs no hospital. O assunto era destaque em todos os jornais. A polícia declarou que estava com dificuldade em encontrar testemunhas para esclarecer o que tinha acontecido. O delegado apelou nos jornais para que, se alguém tivesse visto algo, ajudasse. O local estava cheio, mas as pessoas não queriam se comprometer. O Corpo de Bombeiros disse que iria averiguar se houve alguma falha que atrasou a chegada da ambulância.
Na quarta-feira à tarde, não havia mais fluxo sanguíneo. Marcelo Fromer estava em morte cerebral e nada mais podia ser feito. Ele respirava por aparelhos, mas antes de serem desligados, os médicos retiraram os órgãos de Marcelo, que havia manifestado essa opção. Quem deu a palavra final foi a mãe dele, mesmo provocando certa controvérsia no meio jurídico. Foram doados os rins, coração, fígado, pâncreas e córneas do guitarrista.

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