Aos 84 anos, lendário maestro João Carlos Martins conta como conheceu rock progressivo
Por Gustavo Maiato
Postado em 26 de setembro de 2024
O lendário maestro João Carlos Martins, reconhecido por seu talento na música erudita, surpreendeu ao revelar em uma entrevista recente como o rock progressivo influenciou sua carreira.
Em conversa com o crítico musical Regis Tadeu e outros participantes, no canal de YouTube do apresentador, Martins compartilhou memórias da primeira vez que ouviu essa fusão entre o rock e a música clássica, além de suas reflexões sobre o impacto desse estilo musical.
"Quando você ouve o rock sinfônico, como o do Queen e Freddie Mercury, percebe que aqueles sons de instrumentos como o cravo, que remetem à Renascença, podem atravessar gerações", afirmou Martins, destacando como a música tem o poder de cruzar fronteiras culturais e temporais. "Infelizmente, hoje o que está cruzando fronteiras são balas de canhão, mas esse som, o som da música, é o que realmente deveria atravessar distâncias."
O maestro foi mais longe e fez uma comparação curiosa: "Quando presidi o Concurso Internacional de Bach, em Leipzig, falei que sempre sonhei em viajar ao século XVII e conhecer os lugares onde Bach andou. E, ao mesmo tempo, gostaria de convidar Bach para conhecer o século XX. Tenho certeza de que ele respeitaria o rock progressivo, assim como respeitaria o heavy metal, desde que fosse de bom gosto".
A introdução de João Carlos Martins ao rock progressivo aconteceu em 1970, uma época em que o gênero começava a ganhar força com bandas como Emerson, Lake & Palmer e King Crimson. "A primeira vez que ouvi esse crossover entre música erudita e rock foi em 1970. Na época, Ron Kass, que me levou a conhecer John Lennon, foi uma das minhas grandes influências. Ele faleceu jovem, mas foi um grande incentivador", relembra o maestro.
O impacto do rock na vida de João Carlos Martins não parou por aí. Ele contou como, ao longo dos anos, foi sendo introduzido a diferentes vertentes do gênero, como o rock latino com Santana, e até o rock brasileiro, com Raul Seixas.
"Foi aí que entendi o significado do rock. O contato real que tive com o rock foi nesse período, quando conheci Jethro Tull e Santana. Primeiro, o rock latino, e depois o brasileiro, com Raul Seixas. Inclusive, em alguns concertos, quando alguém grita 'Toca Raul', eu coloco algo dele no repertório", revelou, mostrando sua conexão com o público brasileiro e com a cultura popular.
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