O famoso álbum dos Rolling Stones que Jagger acha uma bobagem; "só tem duas músicas boas"
Por Bruce William
Postado em 05 de janeiro de 2025
Não teria como uma banda com sessenta anos de estrada não produzir alguns trabalhos "menores". E como é de se imaginar, até seus próprios integrantes tem noção de que nem sempre sua produção foi top de linha.
Em 1967, os Rolling Stones já haviam consolidado seu nome no cenário musical com seu estilo marcante baseado no Blues e no Rock e com canções como "(I Can't Get No) Satisfaction", lançada pela banda em seu quarto álbum, "Out of Our Heads", que de acordo com Keith Richards, traz em seu marcante riff principal uma ideia que ele teve através de um sonho: "Eu acordei no meio da noite. Tinha um gravador de [fitas] cassette ao lado da cama e um violão, na manhã seguinte, eu acordei e a fita estava lá no final. Então eu a rebobinei e lá estava 30 segundos daquele riff - 'Da-da da-da-da, I can't get no satisfaction' - e o resto da fita era eu roncando."
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Contudo, com a efervescência psicodélica daquele ano, marcada pelo lançamento de álbuns como "Sgt. Pepper's" dos Beatles, a banda decidiu explorar novos territórios musicais. E foi nesse contexto que nasceu "Their Satanic Majesties Request", uma tentativa dos Stones de abraçar o experimentalismo da época, com a banda se afastando do som bluesy/rocker e seguindo um direcionamento psicodélico, o que dividiu opiniões tanto entre fãs quanto entre os próprios membros.
Mick Jagger, em particular, não tem boas memórias dessa fase. Segundo ele, o álbum foi produzido sob forte influência de drogas e com o objetivo de desafiar seu empresário na época, Andrew Loog Oldham, cuja relação com a banda estava desgastada. As tensões foram tantas que Oldham acabou deixando de trabalhar com os Stones.
"Fizemos a foto da capa banhados em ácido, sempre lembro disso", disse Jagger em 1995, em fala resgatada pela Far Out. Era como estar na escola, sabem, colando pedaços de papel colorido e coisas assim. Era uma coisa realmente boba, mas a gente se divertia", prossegue Mick, que logo adiante ainda comenta: "Além disso, fizemos isso para irritar Andrew, porque ele era um pé no saco."
"Tudo que os Beatles faziam os Rolling Stones faziam igual", chegou a declarar John Lennon. "Eu queria listar tudo que fizemos nos Beatles e o que os Rolling Stones fizeram igual dois meses depois - e isso era em todo disco! Tudo que a gente fazia, Mick ia e fazia exatamente a mesma coisa. Ele imita a gente. Eu queria que um de vocês jornalistas musicais levantasse isso, sabe? 'Let it Bleed' era 'Abbey Road'; 'Their Satanic Majesties Requests' era 'Sgt. Pepper's'; 'We Love You' era 'All You Need Is Love'..."
Jagger não endossa diretamente a dura crítica de Lennon, mas admite que não considera o trabalho como um dos melhores dos Stones. "Bem, não é muito bom. Tem coisas interessantes, mas não acho que nenhuma das músicas seja muito boa. É um pouco como 'Between the Buttons'. É uma experiência sonora, na verdade, em vez de uma experiência de música. Há duas boas músicas nele: 'She’s a Rainbow', que não fizemos na última turnê, embora quase tenhamos feito, e '2000 Light Years From Home', que fizemos. O resto é bobagem."
Embora até Jagger considere o álbum aquém da produção da banda, "Their Satanic Majesties Request" representa uma fase importante para os Rolling Stones, e reflete o espírito da época, além de comprovar que até mesmo as obras menos celebradas do grupo têm um lugar na história do Rock.
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