A ordem expressa que motorista de Raul Seixas não podia descumprir de jeito nenhum
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de março de 2025
Raul Seixas foi um cantor tão genial quanto problemático e se por um lado hits como "Medo da Chuva" e "Maluco Beleza" são obras inquestionáveis, sua carreira foi constantemente abalada por rompantes problemáticos relacionados com o alcoolismo – doença que acabou o matando aos 44 anos em 1989.
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Em entrevista ao canal do Julio Ettore, Rick Ferreira, guitarrista de longa data de Raulzito, se recordou das gravações do disco "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" (1987) e como os problemas com bebida alcoólica afetaram o trabalho. Ele disse, inclusive, que o motorista do roqueiro tinha ordens expressas para não parar em bares, mas não era sempre que ele conseguia cumprir a recomendação.
"Eu produzi esse disco com o Raul Seixas internado na clínica de reabilitação por causa do alcoolismo. Posso falar que eu meio que fui o Raul no disco. Ele estava internado e foi muito pouco no estúdio acompanhar as gravações, obviamente. Ele foi algumas vezes. Teve uma semana que o parceiro dele Cláudio Roberto passou um tempo lá. Eu que fiz a voz guia. Eles tinham muitas composições juntos e foi ver o que estava rolando. Agora, quando o Raul estava bem, ele ia no estúdio. Quando não estava... Muitas vezes ele estava indo para o estúdio e pedia para o motorista parar no bar. Aí era complicado. Ele chegava no estúdio e não rendia a gravação. Quando ele parava para beber... E o motorista tinha ordens para não parar. Mas o cara era artista da gravadora. O outro é motorista. Para ou não para? Ele dizia que tinha ordens para não parar, mas o Raul mandava. O Raul era muito educado, mas o cara acabava parando. Ele estava num nível que qualquer copinho que ele tomasse ele já saía", disse.

Rick continuou explicando como percebeu a decadência de Raul Seixas nos últimos anos de sua vida, no derradeiro "A Panela do Diabo" (1989), parceria com Marcelo Nova.
"Não gosto nem de lembrar muito. Ele estava muito inchado, entrando no período terminal da doença. Gravei minha parte e ele adorou me ver. Depois disso, teve uma série de shows que o Raul Seixas fez e um deles foi aqui no Rio, no Canecão. No show em São Paulo, o Peninha me ligou e disse: ‘Rick, o Raul está terminal. Não sabemos o tempo de vida, mas é curto. Queria muito que você viesse para São Paulo porque queria fazer uma surpresa para o Raul. Você entrar no palco e fazer seis músicas conosco. Topa?’. Eu falei que topava, claro. Fui para lá fazer o show. Isso foi no dia 3 de junho de 1989. O Raul ficou super feliz. O Raul não tinha ideia que eu ia entrar no palco. Quando me chamaram, ele falou: ‘Não acredito!’. Lembro direitinho dele no microfone falando isso! [risos]. Foi super legal esse dia. Essa foi a última vez que vi o Raul pessoalmente. Chegamos a nos falar por telefone depois umas duas ou três vezes. Aí, veio a notícia que ele tinha ido embora. É aquela coisa. Já esperava isso", concluiu.

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