O álbum do Led Zeppelin que John Paul Jones pode chamar de "meu"
Por Bruce William
Postado em 25 de abril de 2025
Quando se fala em Led Zeppelin, a imagem que normalmente vem à mente é a de um quarteto equilibrado, com cada integrante ocupando um papel essencial: Page, o cérebro criativo; Plant, a voz incendiária; Bonham, a força bruta; e John Paul Jones, o arquiteto silencioso. Mas, em 1979, esse equilíbrio estava longe de ser uma realidade.
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Na época de "In Through the Out Door", as fissuras internas da banda já estavam visíveis. Jimmy Page e John Bonham, mergulhados em hábitos autodestrutivos, apareciam pouco nos estúdios. Coube então a Robert Plant e John Paul Jones tocar o projeto adiante, literalmente: "Nós basicamente escrevemos o álbum, só nós dois", afirmou Jones em entrevista de 1991 com o jornalista australiano Ritchie Yorke (via Far Out), reconhecendo que o disco é, em grande parte, obra dele e de Plant.

A ausência de Page teve um efeito prático: Jones teve liberdade criativa para explorar novos sons e texturas com o recém-adquirido sintetizador Yamaha GX-1. Esse instrumento definiria o tom do álbum, dando às composições uma sonoridade mais moderna e atmosférica, algo inédito dentro da discografia do Zeppelin até então.
O contraste com álbuns anteriores era gritante. Se "Presence" (1976) refletia o domínio quase total de Page, com faixas longas, pesadas e baseadas em riffs, "In Through the Out Door" mostrava um lado mais introspectivo e melódico. "Suponho que você poderia dizer que esse é o meu álbum, do mesmo modo que 'Presence' foi o do Jimmy", resumiu Jones.

Um exemplo claro dessa inversão de forças é "Carouselambra", faixa longa e ambiciosa que Plant considera um retrato fiel da crise interna do grupo. A letra, escrita por ele, critica de forma sutil a ausência de Page: "Onde estava sua palavra? Onde você foi?". Para Plant, ali está encapsulada toda a história dos últimos anos do Zeppelin.
Apesar do tom melancólico e das tensões nos bastidores, com direito a Page classificando o álbum como "leve demais", "In Through the Out Door" foi um sucesso comercial. Lançado em agosto de 1979, liderou as paradas dos EUA e Reino Unido, mostrando que o público ainda seguia fiel à banda. Mas, dentro do grupo, o fim estava próximo - e chegaria de forma trágica.
No ano seguinte, em setembro de 1980, John Bonham faleceu após uma noite de consumo excessivo de álcool. Sem cogitar seguir adiante sem ele, o grupo anunciou sua dissolução em dezembro daquele ano. Foi o fim abrupto de uma das maiores bandas de todos os tempos.

Revisitado hoje, "In Through the Out Door" ganha outra dimensão. Não é apenas o último álbum de estúdio do Led Zeppelin com sua formação original, mas também o momento em que John Paul Jones saiu das sombras e assumiu as rédeas musicais da banda. Um disco de despedida não planejado, mas repleto de significado.
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