O show merda que Steven Tyler assistiu e que o fez odiar apresentações paradas
Por Bruce William
Postado em 21 de abril de 2025
Steven Tyler sempre foi o exemplo do frontman completo. Cantor afinado, carismático e detentor de uma presença de palco explosiva, ele moldou sua performance ao microfone envolto em lenços com base no que aprendeu observando figuras como Mick Jagger e Robert Plant. Mas seu ponto de partida não foi exatamente o rock. Ainda nos anos 1960, ele estava mais interessado na beleza das melodias folk que surgiam no movimento flower power.
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Entre os artistas que chamaram sua atenção naquela época, um nome se destacava: Donovan. O cantor escocês havia conquistado espaço com músicas como "Mellow Yellow" e "Hurdy Gurdy Man", misturando folk, psicodelia e climas etéreos que marcaram sua sonoridade. Tyler ficou encantado com aquelas gravações, mas tudo mudou quando foi assisti-lo ao vivo.
"Vi o Donovan no Carnegie Hall, anos atrás. Fiquei tão desapontado", revelou Tyler em entrevista para a Rolling Stone (via Far Out). "Ele tocou as músicas mais rápidas, não usou aquele efeito vocal. Fiquei chateado." Segundo ele, a apresentação perdeu muito da magia que existia nos discos.

O vocalista do Aerosmith também relembrou um momento inusitado da noite: "Ele estava lá, quieto, chapado de haxixe ou sei lá o quê, e alguém falou algo na plateia. Ele respondeu com uma frase que nunca esqueci: 'Você está brincando com os meus sentimentos'. E depois disso, não falou mais com ninguém. Aquilo me incomodou."
Para Tyler, aquela experiência serviu como lição. Quando assumiu o microfone do Aerosmith, decidiu fazer o oposto: ser presente, interativo, barulhento, tudo o que aquele show de Donovan não foi. Se Plant e Jagger trocavam algumas palavras com o público entre as músicas, Tyler se tornava o centro da atenção, o cara espirituoso que conquistava a plateia na marra. Em algumas ocasiões, chegou até a usar o público para despistar a polícia durante confusões nos bastidores.

Apesar da decepção, Tyler reconhece o valor da obra de Donovan. Há traços do folk sensível nos momentos mais suaves do Aerosmith, como "Dream On" ou "Angel". Mas, em essência, ele sabia que sua missão era outra: estar no centro do palco, empunhando o microfone com atitude e energia.
Donovan preferia ficar sentado, em silêncio, com seu violão e suas reflexões. Steven Tyler, por outro lado, queria pegar o público pelo colarinho e comandar o espetáculo - mesmo que isso nascesse da frustração de ver um ídolo fazer o contrário.

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