A banda que avançou o rock brasileiro com competência, segundo Gilberto Gil
Por Gustavo Maiato
Postado em 18 de abril de 2025
Em agosto de 1985, Gilberto Gil concedeu uma entrevista à revista Bizz que permanece atual até hoje. Aos 43 anos, com duas décadas de carreira nas costas e já inserido no circuito internacional, Gil ainda falava com entusiasmo juvenil sobre música — principalmente ao citar um nome específico: Herbert Vianna, líder dos Paralamas do Sucesso.
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"Ele toca bem, compõe bem, é bem situado na história da música dele", disse Gil. "Se liga com muito carinho, com muita devoção, aos mestres. É um menino atento, que ouve e entende o que há de bonito e interessante na música africana e jamaicana. Os Paralamas são um avanção."
Na época, os Paralamas ainda colhiam os frutos de seu segundo disco, "O Passo do Lui", lançado no ano anterior. Gil, no entanto, enxergava além. Viu no trio não apenas uma promessa, mas uma banda que compreendia o momento cultural e musical do Brasil. "O Herbert tem competência e compreensão para realizar muito", afirmou.
Gilberto Gil e Paralamas do Sucesso
Poucos anos depois, essa confiança resultaria numa colaboração histórica. Em 1986, os Paralamas lançaram o clássico "Selvagem?", álbum que aprofundava a fusão entre rock, reggae e crítica social. Entre as faixas, "A Novidade" se destacava não só pelo apelo radiofônico, mas também pela autoria: a letra é de Gilberto Gil.

A história da canção é digna de registro. A música estava pronta, mas Herbert Vianna, segundo o produtor Liminha, não encontrava a letra ideal. Foi então que Gil entrou em cena — literalmente por telefone. De um hotel em Florianópolis, o cantor recebeu uma fita com a base instrumental e, em cerca de uma hora, escreveu e ditou os versos que se tornariam um dos pontos altos da carreira dos Paralamas. "Foi uma das minhas melhores letras", diria Gil depois.
Paralamas ou Titãs?
Mas nem tudo foi elogio genérico. Em outra ocasião, ao apresentar os Paralamas num show comemorativo em São Paulo, Gil cutucou de leve outra banda da mesma geração: os Titãs. "Os Paralamas são três e fazem aquele som. Os Titãs, com oito, fazem um som de radinho de pilha!", teria dito, segundo o músico Nando Reis. A referência, que citava a música Sonífera Ilha, foi recebida com desconforto pelos Titãs, que à época enfrentavam dificuldade em equilibrar suas gravações de estúdio com a potência dos shows ao vivo.

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