O gênero musical que nunca produziu um gênio, segundo Jimmy Page
Por Gustavo Maiato
Postado em 28 de julho de 2025
A palavra "gênio" talvez nunca tenha sido tão banalizada. Hoje, ela é usada para descrever desde inventores revolucionários como Einstein até chefs de cozinha e jogadores de futebol. No entanto, para Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, o título deveria ser reservado a bem poucos — e, definitivamente, não a ninguém do rock.
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A declaração, no mínimo controversa, foi feita em entrevista à revista Rolling Stone (via Far Out). Mesmo ao elogiar nomes como Jimi Hendrix, Page evitou usar o termo. "A única palavra que não aceito é ‘gênio’. Ela é usada de forma muito solta no rock’n’roll", afirmou. Segundo ele, basta comparar a complexidade melódica de composições clássicas com a estrutura do rock para entender a diferença. "O rock’n’roll ainda tem um longo caminho a percorrer", pontuou.
A visão de Page é que o rock é impulsionado por um pensamento: enquanto a música clássica é fruto de anos de estudo, técnica e sofisticação, o rock talvez não. "Existe um padrão na música clássica que justifica o uso do termo ‘gênio’. No rock, você pisa em gelo fino se aplicar isso", explicou.

Essa postura chamou atenção recentemente quando, após a morte de Ozzy Osbourne, Chris Martin (Coldplay) prestou um tributo chamando Ozzy de "gênio incrível". Page também homenageou o vocalista do Black Sabbath, mas de forma mais contida: "Querido Ozzy, descanse em paz. Meu respeito e amor à família e aos amigos", escreveu nas redes sociais — sem usar o termo que evita até para si mesmo.
Curiosamente, há uma exceção no vocabulário do guitarrista: Bob Dylan. "Em maio de 1965, vivenciei o gênio de Bob no Albert Hall. Ele tocou violão acústico e despejou imagens e palavras em canções como ‘It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)’ e ‘She Belongs To Me’. Foi transformador", escreveu em post no Instagram celebrando o aniversário do cantor. Page ainda relatou ter assistido a outro show de Dylan em 2013, que considerou "intoxicante".

Dylan, vale lembrar, foi laureado com o Nobel de Literatura e é frequentemente considerado um artista que transcende gêneros. Para Page, apenas alguém com essa dimensão — literária, musical e simbólica — pode ser chamado de gênio sem exagero.
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