As duas músicas dos Rolling Stones que Keith Richards ainda tem dificuldade em tocar
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de julho de 2025
É difícil imaginar que um dos maiores riffs do rock ainda possa ser um desafio para quem o criou. No entanto, mesmo com décadas de estrada, Keith Richards, guitarrista emblemático dos Rolling Stones, admite que existem músicas da própria banda que ainda o deixam inseguro no palco. Em entrevista publicada pela Rolling Stone, o músico revelou que "Gimme Shelter" e "Honky Tonk Women" são, até hoje, pedras no seu sapato.
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Richards, conhecido por sua abordagem intuitiva e visceral da guitarra, é frequentemente lembrado como o "Riff Machine" do rock. Através de afinações alternativas e uma pegada rítmica singular, moldou clássicos como "Brown Sugar" e "Start Me Up". No entanto, ao relembrar "Gimme Shelter", faixa do disco "Let It Bleed" (1969), ele confessa: "Uma vez que você entra na música, tudo bem, mas eu nunca tenho certeza se estou no volume certo. Sempre fico um pouco ansioso. Aquele começo é tão fantasmagórico, às vezes, em um estádio, você começa a ouvir ecos".
A canção, frequentemente associada ao fim dos anos 1960 e ao colapso da era hippie, exige precisão e atmosfera. "O começo é tudo", explicou Richards, ressaltando a importância do clima sombrio que ele tenta recriar ao vivo com o uso moderado de reverb e efeitos. Quando acerta, a banda mergulha em um universo quase apocalíptico, guiado pelos versos de Mick Jagger pedindo abrigo contra a tempestade iminente.

A outra música que causa dores de cabeça ao guitarrista é "Honky Tonk Women". Apesar do sucesso incontestável da faixa, Richards reconhece que a simplicidade aparente engana: "‘Honky Tonk Women’ pode ser um desgraça de tocar, cara. Quando dá certo, é realmente ótimo. Tem algo naquela introdução seca que você precisa acertar, e o tempo tem que estar perfeito. É um desafio, mas eu amo isso".
Segundo Keith, a inspiração inicial surgiu durante uma viagem ao Brasil. "Começou no Brasil. Mick e eu, Marianne Faithfull e Anita Pallenberg, que estava grávida do meu filho na época. Isso não nos impediu de ir até o Mato Grosso e viver em um rancho. Era só cavalo, espora e cowboy. Mick e eu estávamos na varanda e comecei a tocar, brincando com uma ideia do Hank Williams. A gente achava que era cowboy de verdade".

Ele continua: "Estávamos no meio do nada, com todos esses cavalos, num lugar onde, se você desse descarga, saíam uns sapos pretos do vaso. Era ótimo. As garotas adoravam. Começou como uma coisa country meio piada, uma paródia. E aí, meses depois, estávamos escrevendo músicas e gravando. E, de alguma forma, por uma metamorfose, aquilo virou essa coisa pantanosa, meio negra, um blues".

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