O álbum dos Beatles que Paul McCartney achou que estava desafinado
Por Bruce William
Postado em 22 de setembro de 2025
Em meados da década de 1960, os Beatles estavam tão mergulhados em experimentações dentro do Abbey Road Studios que pareciam desconectados de tudo ao redor. Entre horas de gravações e pouca comparação externa, a banda produzia músicas que soavam como se viessem de outro planeta. Isso trouxe inovação, mas também insegurança: não havia referências para confirmar se aquilo estava funcionando ou não.
Se poucos anos antes a Beatlemania havia conquistado o mundo com faixas de apelo pop, como "Love Me Do", em 1966, porém, o grupo já estava em outra fase. A psicodelia, as influências orientais e as técnicas de estúdio mais ousadas se consolidaram em "Revolver", álbum que representou uma guinada radical em relação ao repertório mais ingênuo do início da carreira.


No entanto, nem tudo foi entusiasmo. Paul McCartney revelou, em entrevista ao programa 60 Minutes em 2018 (via Far Out), que viveu um momento de pânico ao ouvir o resultado: "Um dia me bateu um pavor. Pensei que estava tudo desafinado, que o álbum inteiro estava fora do tom. Escutei e, de repente, foi como: 'Meu Deus do céu'." Ele chegou a compartilhar a preocupação com os colegas, que ouviram novamente as faixas e logo o tranquilizaram. Eles disseram: 'Não, não está.' Eu respondi: 'Ah, ok.'"

O receio de McCartney refletia algo maior: ninguém sabia como o público reagiria a um álbum tão diferente do que se ouvia no rádio. "Revolver" estava muito distante do blues ortodoxo e das baladas juvenis que dominavam as paradas. Ainda assim, essa ousadia foi o que garantiu ao disco seu lugar entre os mais influentes da história.
A insegurança se dissipou rapidamente. Com canções como "Eleanor Rigby", "Tomorrow Never Knows" e "Taxman", o álbum virou referência não apenas para a psicodelia, mas para o rock como um todo. O que McCartney temeu ser um erro técnico acabou se transformando em um marco: uma obra que provou que os Beatles podiam romper com qualquer padrão e ainda definir o rumo da música pop mundial.

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