Por que neurologista e infectologista discordaram no caso da queda de Dinho
Por Gustavo Maiato
Postado em 22 de setembro de 2025
No dia 31 de outubro de 2009, um show do Capital Inicial em Patos de Minas, Minas Gerais, terminou de forma dramática. O vocalista Dinho Ouro Preto caiu de uma altura de aproximadamente três metros ao caminhar de costas em uma passarela montada no palco.
O acidente foi grave: ele quebrou o crânio, algumas vértebras, costelas e chegou a parar de respirar. Por coincidência, caiu aos pés de um bombeiro que estava na plateia, o qual realizou manobras de ressuscitação até a chegada ao hospital. Logo depois, Dinho foi transferido de avião para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde começaria uma das etapas mais difíceis de sua vida.
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Internado, o cantor teve de lidar não apenas com as lesões da queda, mas também com as complicações de um hematoma cerebral. Os neurologistas, responsáveis por avaliar a gravidade da situação, decidiram que ele deveria permanecer na UTI, monitorado em tempo integral, para acompanhar se o organismo absorveria o sangramento sem necessidade de intervenção cirúrgica. A situação era delicada e exigia observação constante, já que qualquer piora poderia significar riscos irreversíveis.

Enquanto os neurologistas buscavam garantir a recuperação neurológica, um novo problema surgiu: uma infecção hospitalar. Logo no primeiro dia fora da UTI, Dinho desenvolveu uma flebite, inflamação nas veias que evoluiu rapidamente para septicemia. A partir desse momento, entrou em cena outra equipe de especialistas, os infectologistas, que tinham uma visão oposta à dos neurologistas. Para eles, o cantor precisava sair o quanto antes do ambiente da UTI, justamente para reduzir a chance de novas contaminações.
A queda de Dinho Ouro Preto
O próprio Dinho resumiu esse dilema em entrevista ao podcast Desculpincomodar: "Passei a ter duas equipes com interesses opostos. Os neurologistas queriam me manter ali para acompanhar o hematoma, enquanto os infectologistas queriam me tirar dali o quanto antes, para que eu não me infectasse de novo". Ele ainda contou que, paradoxalmente, esteve mais perto da morte por causa da infecção do que pela queda em si.

Depois de semanas internado, Dinho recebeu alta, mas ainda enfrentaria um longo processo de reabilitação. Foram cerca de seis meses de fisioterapia diária até conseguir voltar a andar e retomar as apresentações com o Capital Inicial. Ele se lembra de como tudo começou de forma quase infantil: "No primeiro momento, a fisioterapia era só botar um pé na frente do outro, dentro da sala de casa, com a fisioterapeuta indo lá todos os dias".
A experiência deixou marcas físicas e emocionais. O cantor já contou que a única sequela perceptível é no olfato, alterado desde então: às vezes sente cheiros inexistentes, como fumaça ou queimado, e em outras situações deixa de perceber aromas reais. Mais do que isso, a queda fez Dinho valorizar ainda mais a trajetória da banda e o apoio que recebeu de fãs e profissionais de saúde. "Passei a me preocupar mais com o legado do Capital Inicial. Os discos depois do acidente são, na minha opinião, muito diferentes dos de antes", refletiu.

Confira a entrevista completa abaixo.

Capital Inicial: a queda que quase matou Dinho
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