O argumento de Kurt Cobain para desejo de Nirvana soar como Bob Dylan
Por Gustavo Maiato
Postado em 17 de setembro de 2025
O sucesso avassalador do Nirvana no início dos anos 1990 colocou Kurt Cobain em uma posição que ele nunca pareceu desejar. Quando "Nevermind" (1991) desbancou "Dangerous", de Michael Jackson, do topo da Billboard 200, a banda se viu como o rosto de uma revolução cultural - ainda que Cobain tivesse dúvidas sobre quanto tempo conseguiria sustentar sua voz gritando noite após noite.
Em entrevista à Rolling Stone em 1994 (via Far Out), o vocalista comentou sobre as limitações físicas impostas por seu estilo agressivo de cantar. "Nós falhamos em mostrar o lado mais leve e dinâmico da nossa banda. O som de guitarra pesada é o que a molecada quer ouvir. Nós gostamos de tocar isso, mas não sei por quanto tempo ainda vou conseguir gritar no topo dos pulmões todas as noites, durante um ano inteiro de turnê", declarou.


Cobain chegou a refletir sobre como poderia ter seguido uma rota mais próxima da de Bob Dylan. "Às vezes eu gostaria de ter seguido o caminho do Bob Dylan e cantado músicas em que minha voz não fosse se desgastar todas as noites, para que eu pudesse ter uma carreira, se quisesse", revelou.

Essa insatisfação se refletia em seu desejo de gravar mais canções acústicas e de clima mais intimista, algo que o cenário underground de Seattle nem sempre aceitava bem. Para ele, havia uma pressão para manter os riffs pesados e o peso característico do grunge, mesmo quando composições mais suaves, como "About a Girl" e "All Apologies", mostravam seu talento melódico.
O famoso MTV Unplugged in New York (1993) já havia dado um vislumbre de como Cobain poderia ter seguido uma trilha mais folk e intimista, caso tivesse optado por desacelerar. Em outro universo, talvez o líder do Nirvana tivesse explorado uma carreira com performances mais pessoais e menos dependentes da potência vocal extrema.

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