As duas lendas do rock contracultural que Keith Richards considera "músicos puros"
Por Gustavo Maiato
Postado em 20 de outubro de 2025
Durante os anos mais intensos da contracultura, o rock se misturava com política, experimentação e psicodelia - mas nem todo mundo se deixava levar por modismos. Entre os grandes nomes daquela geração, Keith Richards sempre foi um dos mais críticos à transformação do ideal libertário em produto de mercado. E, segundo o guitarrista dos Rolling Stones, apenas dois artistas conseguiram manter a integridade artística em meio àquele caos criativo: Gram Parsons e John Lennon.
As declarações aparecem na autobiografia "Life", em que Richards reflete sobre a cena dos anos 1960 e o impacto do estrelato sobre os músicos. "Dos artistas que conheci pessoalmente - embora o Otis Redding também se encaixasse nisso -, os dois que tinham uma atitude em relação à música igual à minha foram Gram Parsons e John Lennon", escreveu. "O que o negócio quer colocar em você é irrelevante. É só uma ferramenta de venda. Mas Gram e John eram realmente músicos puros. Tudo o que eles amavam era música, e depois foram jogados dentro desse jogo."
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Segundo Ben Forrest, autor do text, a admiração por Gram Parsons tem raízes profundas. O americano, que integrou os Byrds e os Flying Burrito Brothers, misturou country, soul e rock de um jeito que poucos haviam tentado. Richards, que se tornou amigo próximo do cantor nos anos 1970, via nele um músico livre de vaidades. "Os dois chegaram a compor juntos em períodos de reclusão, trocando experiências e afinando guitarras em clima de irmandade artística", escreveu.

Já a escolha de John Lennon reflete outro tipo de autenticidade. "Mesmo após o fim dos Beatles, o britânico manteve uma postura inquieta, movida pela necessidade de se expressar, e não pela expectativa do público. 'Revolution', por exemplo, dividiu opiniões na época, mas mostrou o quanto Lennon estava mais interessado em honestidade do que em slogans", concluiu. Richards enxergava nisso o mesmo tipo de fidelidade à arte que sempre defendeu: criar sem se preocupar com o que é vendável.
O guitarrista lembra que, durante o auge da contracultura, muitos artistas embarcaram na onda psicodélica ou política apenas para parecerem relevantes. Ele e os Stones também flertaram com o experimentalismo, especialmente no álbum "Their Satanic Majesties Request" (1967), mas logo voltaram às raízes do blues e do rock - movidos, segundo Richards, por um desejo de verdade musical. Essa busca por autenticidade é o elo que, em sua visão, o unia a Parsons e Lennon.

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