A música do Rush em que Geddy Lee chegou ao limite da voz; "Força minhas cordas vocais"
Por Bruce William
Postado em 19 de outubro de 2025
Em estúdio e no palco, o Rush sempre deixou pouco espaço "sobrando" no meio do som: guitarras ocupadas, bateria detalhada, baixo em movimento o tempo todo. Cantar por cima disso não é simples. O próprio Geddy Lee reconheceu que algumas músicas exigiam mais do que fôlego, e pediam uma estratégia apurada.
Nos anos 1970, a solução foi empurrar a voz para o alto. Com os médios cheios, o agudo aparecia melhor. Com o tempo, veio a adaptação: nos anos 1980, Geddy passou a explorar mais a região central, mantendo eventuais picos quando a composição pedia. O ganho foi de clareza; mas a conta aumentou por causa da resistência.


Mesmo assim, certas faixas continuaram a cobrar caro. "The Temples of Syrinx" é um exemplo clássico de desgaste. Segundo Geddy, essa é daquelas que "arranham" a garganta noite após noite. Já "Freewill" ocupa outro lugar nessa história: é ali que ele chega ao teto do alcance, mas sem sentir o mesmo tipo de atrito.
Nas palavras dele: "Pega uma música como 'Freewill', em que a parte final é o mais alto que consigo cantar. Por algum motivo, essa parte não é muito difícil pra mim. 'Temples of Syrinx' acaba com a minha voz, força minhas cordas vocais, enquanto 'Freewill', mesmo exigindo um alcance alto, é uma música equilibrada, em que consigo atingir as notas com certa facilidade."

Há um motivo prático para essa diferença, explica a Far Out, que resgatou a fala de Geddy. Em "Freewill", a melodia "prepara" o salto final; a linha de baixo encadeia a subida e a banda abre o suficiente para a voz cravar as notas. Em "Temples", o ataque é direto: menos "rampa", mais impacto, ou seja, o tipo de desenho que pede voz fresca e descanso curto entre apresentações.
Some a isso a coordenação necessária para tocar e cantar. Geddy sempre executou linhas independentes no baixo, com síncopes que "deslocam" a fala. Não é só questão de alcançar as notas, mas sim de fazer isso enquanto a mão direita subdivide o tempo e a esquerda percorre o braço inteiro sem perder apoio.

Para quem pensa em encarar as duas nos covers, o recado é simples: "Freewill" parece administrável no papel, até chegar ao trecho final. Se esse é o "teto" para o próprio Geddy, "Temples of Syrinx" mostra o outro lado da moeda: potência imediata, pouca margem para erro e desgaste rápido.
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