A opinião de Regis Tadeu sobre volta do Rush com Anika Nilles no lugar de Neil Peart
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de outubro de 2025
O crítico musical Regis Tadeu reagiu à notícia que tomou conta do mundo do rock desde a segunda-feira (5): o retorno do Rush aos palcos em 2026, agora com a baterista Anika Nilles ocupando o posto que pertenceu ao lendário Neil Peart, falecido em 2020. Em um longo vídeo publicado em seu canal, Regis, visivelmente surpreso e até "ainda incrédulo", compartilhou uma análise repleta de emoção, sarcasmo e, claro, opinião contundente - como é seu costume.
Logo no início, o jornalista confessou estar tentando compreender o que chamou de "uma avalanche de controvérsia que caiu sobre o mundo do rock como um imenso meteoro inesperado". Ele descreveu o impacto da notícia como algo que "abriu crateras profundas na alma de todos nós que crescemos ouvindo e assistindo Geddy Lee, Alex Lifeson e o eterno, insubstituível Neil Peart."


Segundo Regis, o anúncio - feito de forma bem-humorada pela própria banda - surpreendeu não apenas pelo retorno, mas pelo conceito da turnê: "A chamada '50 Something Tour' pretende ser um banquete de celebração aos 50 e poucos anos de uma trajetória e de uma discografia que se tornou a razão de viver de milhares de fãs ao redor do planeta", explicou.

O crítico ressaltou, no entanto, que não se trata de uma simples substituição de baterista. Geddy Lee e Alex Lifeson, os dois remanescentes do grupo, planejam ampliar a formação ao vivo, contratando músicos de apoio, incluindo um tecladista, para que Geddy possa se dedicar mais ao baixo e ao vocal. "Não vai ser simplesmente colocar um baterista mirabolante ali, cheio de técnica. É uma nova abordagem, com um novo espírito", pontuou.
Regis Tadeu e o retorno do Rush
Apesar do entusiasmo contido, Regis reconhece que o retorno não é isento de dilemas. "Há um porém colossal. O Rush sem Neil Peart é, de certa forma, uma entidade diferente. Mas isso não significa que não possa ser interessante", disse, enfatizando o caráter comemorativo da turnê e a qualidade técnica de Anika Nilles, a nova integrante.

Ele lembrou que Nilles, de origem alemã, tocou com o guitarrista Jeff Beck em sua última formação antes da morte do britânico, em 2023 - uma credencial que, segundo Regis, já a coloca "em um patamar altíssimo de competência".
Regis dedicou boa parte de seu vídeo para refletir sobre a reação explosiva dos fãs. "Todos os fãs do Rush - todos, sem exceção - estão divididos. De um lado, os que já cravaram na cabecinha que isso é uma profanação antes mesmo do primeiro show. De outro, uma minoria que acredita piamente que isso pode ser o início de uma ressurreição da banda", comentou.

Para o crítico, o anúncio da turnê pegou todo o mundo musical de surpresa: "Foi absurdamente inesperado. Ninguém, nem jornalistas, nem músicos, nem fãs, imaginava algo assim. Eu mesmo tive que reler a notícia umas três vezes pra acreditar que não era fake news."
Regis recordou o histórico da banda, relembrando que o último show do Rush aconteceu em 1º de agosto de 2015, em Los Angeles, encerrando a monumental R40 Tour. Pouco tempo depois, Neil Peart foi diagnosticado em segredo com um glioblastoma, vindo a falecer em janeiro de 2020.
"Ele deixou um vazio que não era só musical, era um vazio existencial. O Geddy chorava abertamente ao falar dele, e o Alex sempre dizia: 'sem o Neil, não existe Rush'. Por isso o impacto foi tão grande."

Para evitar polêmicas maiores, Regis destacou que a família de Neil Peart apoiou publicamente o retorno da banda. "A viúva, Carrie Nuttall Peart, e a filha, Olivia Peart, divulgaram uma declaração conjunta praticamente ao mesmo tempo do anúncio, dizendo que apoiam a turnê e que está tudo em ordem. Isso já muda o tom da discussão."
Apesar de prever resistência por parte dos fãs mais conservadores, Regis surpreendeu ao adotar uma postura positiva diante da volta do grupo. "Esses shows podem ser, sim, muito divertidos, muito legais e muito respeitosos. Vai ser interessante ver uma excelente baterista como a Anika dando uma vida diferente - não nova, mas diferente - às músicas do Rush", avaliou.

Ele também sugeriu que o público mais aberto pode aproveitar melhor a experiência: "Basta não ter a cabecinha fechada dos fãs que acham que tudo é uma heresia. O Rush clássico não vai voltar, mas isso não significa que o que vem aí não possa ser bom."
Em tom provocativo - e bem ao estilo Regis Tadeu -, o crítico ironizou os fãs mais raivosos que reagiram negativamente nas redes sociais: "O fã é esse eterno idiota. Tá lá, tendo ataques de fúria no Twitter, no Instagram, no YouTube… dizendo que o legado do Neil Peart vai ser manchado. Calma, gente. Não é o fim do mundo."
Segundo ele, a "50 Something Tour" - que já tem 12 datas confirmadas em sete cidades americanas - deve oferecer dois sets por noite e promete ser um espetáculo de alto nível técnico e emocional. Regis concluiu seu vídeo reforçando que o retorno do Rush deve ser visto como uma celebração, não uma tentativa de substituição.

"Ao contrário da grande maioria dos fãs, eu acho que pode ser um negócio legal, divertido, leve e, principalmente, um tributo respeitoso a Neil Peart. Além disso, claro, é uma ótima oportunidade de comemorar 50 anos de carreira - e, comercialmente falando, é algo muito atrativo. Vamos combinar."
Para o crítico, o mais importante é entender que a música continua viva. "O Rush não vai voltar a ser o que era - e nem precisa. O que vem aí é um capítulo novo. E, se for feito com respeito, pode ser lindo de assistir."
Confira o vídeo abaixo.

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