Bruce Dickinson: biografia não traz grandes revelações
Por Raul Kuk
Postado em 24 de dezembro de 2013
Uma coisa que sempre me intrigou nos já 25 anos que acompanho o IRON MAIDEN é como eles conseguem manter longe da mídia as discussões, brigas, debates, diferenças - criativas ou pessoais - e ainda se manterem como uma "entidade", uma força que não depende do apoio de rádios ou televisão. Afinal, os veículos de comunicação de todas as épocas (incluam-se aí twitter e facebook) são alimentados por polêmicas, rixas, e picuinhas, o que muitos "artistas" utilizam para manterem-se em evidência.
Não é, nunca foi, jamais será o caso do Iron Maiden.
Pouco se sabe sobre os bastidores da banda, histórias sórdidas de brigas e desentendimentos. O que Steve Harris disse quando Bruce anunciou que sairia? Quais exigências ele fez quando aceitou voltar? Não é na biografia escrita por Joe Shooman (Bruce Dickinson - os Altos Vôos com o Iron Maiden e o Vôo Solo de um dos Maiores Músicos do Heavy Metal; Editora Gutenberg, tradução de Eliel Vieira) que essas histórias virão à tona. Ao contrário, qualquer fã do Iron Maiden que já tenha passado horas pesquisando sites e biografias sobre o vocalista já deverá conhecer muitas das informações do livro. Mas vale a pena conhecer um pouco da história familiar, das encrencas na escola e os primórdios da carreira de Bruce.
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As entrevistas renderam muito material, principalmente com Thunderstick, folclórico baterista do SAMSON. Contudo, tudo parece superficial demais, uma quantidade muito grande de informações sobre a banda e muito pouco sobre seu vocalista. O convite para entrar no Iron Maiden não dá detalhes dos primeiros encontros de Bruce com Steve Harris e o resto da banda. Fica a impressão que o autor não quer se comprometer, entregando alguma informação que a banda pudesse ver como "quebra de confiança", ou mesmo não conseguiu ir tão fundo.
Claro, sempre há algo novo a aprender. Eu já tinha lido que Bruce, esgotado após a turnê de "Powerslave", tinha decidido não compôr mais músicas heavy - por isso ele não assina nenhuma faixa em "Somewhere in Time". Posteriormente, li que ele tinha escrito algum material acústico que não caiu nas graças da banda, mas ele tinha entendido que realmente não eram músicas muito boas e estava satisfeito em "apenas subir no palco e cantar". Segundo a biografia escrita por Shooman, suas faixas acústicas realmente foram descartadas, à exceção de uma, que continuou sendo trabalhada para o disco até finalmente ser recusada, o que teria deixado Bruce bastante descontente.
A fase solo do cantor é bem mais detalhada, e mesmo os motivos para sua saída do Iron Maiden ficaram claros. O disco com Janick Gers, o misterioso álbum produzido por Keith Olsen, o encontro com a TRIBE OF GYPSIES, os garotos do SKUNKWORKS e o elo que se formou entre eles (que chega a nos fazer torcer para que essa banda tivesse tido melhor sorte, mas daí a gente ouve o disco e vê que tudo acontece por uma razão...), a guinada em sua carreira solo, quando voltou a compor com Roy Z e chamou Adrian Smith para colaborar... Tudo bem detalhado, com informações da produção dos discos, turnês, shows mais importantes. Tudo volta a ficar mais vago e superficial para tratar de seu retorno ao Iron Maiden. O autor pisa na bola, contudo, quando cita, quase por acaso, que "nessa época, Bruce já tinha tirado seu brevê de piloto", como se fosse algo sem importância - mas todos sabemos o que significou na vida de Dickinson e até em futuras turnês do Iron Maiden.
A formação em História, seus dois livros e a paixão pela esgrima também estão documentados, incluindo informações sobre alguns campeonatos que Bruce participou - e saiu-se muito bem. Faz falta um encarte com fotos coloridas, são poucas e todas em preto-e-branco. Há até uma foto da formação do Iron Maiden com Paul Di'Anno, ainda que não faça sentido.
A edição brasileira tem um posfácio escrito por Ricardo Lira, que cobre os anos após o lançamento de "A Matter of Life and Death" até a recente turnê "Maiden England". Lira conseguiu reunir um bom número de informações sobre os discos e turnês, um acréscimo bem-vindo ao livro (escrito originalmente em 2006 mas só agora lançado no Brasil).
Cabe salientar que o bom humor tipicamente inglês de Joe Shooman é não apenas respeitado, mas até "homenageado" pelo tradutor Eliel Vieira no tom das notas de rodapé. Muitas delas não acrescentam absolutamente NADA à biografia, mas são tão divertidas que não podem ser ignoradas.
Se você é fã, certamente vai se interessar em saber mais detalhes sobre um dos nomes mais importantes da história do heavy metal. Mas não espere algo contundente e revelador, que vá esmiuçar a vida do biografado e da Donzela de Ferro, como a biografia de Ozzy Osbourne fez. Bruce Dickinson continua sendo tão discreto, reservado e avesso à vida de pop-star quanto seus companheiros de banda e, ao longo de sua vida, percebemos que ele é tão fiel a isso que talvez jamais saibamos o que Steve Harris disse para ele quando Bruce anunciou que sairia do Maiden.
Mas isso importa realmente? These colours don't run, my friends.
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