Korpiklaani: Korpiklaani Brasil entrevista Jonne Järvelä
Por Marcos Koskinen
Fonte: Korpiklaani Brasil
Postado em 01 de setembro de 2014
"Eu realmente estou curtindo ver como a cena do folk-metal está crescendo por todo mundo e em especial na América do Sul"
Em uma longa entrevista exclusivamente concedida para o fã clube Korpiklaani Brasil, Jonne Järvelä fala sobre seu álbum solo "JONNE", sobre a turnê sul americana entre outras coisas.
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
Korpiklaani Brasil - Jonne, Primeiramente eu queria dizer que é uma grande honra estar entrevistando você, eu sou um grande fã do seu trabalho e estou muito feliz pela oportunidade. Para começar, você está com o seu primeiro projeto solo intitulado com seu próprio nome: "JONNE". Fale um pouco sobre ele e de como surgiu a ideia de montá-lo?
Jonne - Eu tive uma ideia de um álbum solo uns dois anos atrás quando estava escrevendo músicas novas e essas músicas não soavam muito como Korpiklaani. As músicas eram mais lentas e precisavam de uma acústica diferenciada, mais relaxante em torno delas. Então, pensei , porque não faço meu próprio álbum com uns amigos músicos e uns caras talentosos que eu conheço? Eu senti que seria legal chamar os caras do Korpiklaani pra isso. Talvez para renovar o repertório e aprender umas coisas novas. Foi arriscado, mas não me arrependo, pra ser sincero. Nos últimos meses, eu trabalhei muito com as canções novas do Korpiklaani e me senti renovado depois de todo o trabalho com o "Jonne". Eu não quero chamar ele mais de meu projeto solo porque agora é uma banda em turnê de fato. Deveria ter sido um projeto de um único álbum e acidentalmente virou uma banda de verdade, mas estou contente com isso.
Korpiklaani Brasil -O que te inspira quando está compondo?
Jonne - Minha vida foi mais ou menos bagunçada por um bom tempo e eu tive muitas adversidades, momentos de mau humor e incertezas nela. Escrever música, tocar alguns instrumentos e cantar era a melhor terapia para mim. Eu vou para "outro mundo" quando eu estou mexendo com música. Eu acho que a maior inspiração para esse álbum é a minha vida, mas quando eu penso no contexto do álbum todo, com música e letras, "Jonne" é definitivamente um tributo a natureza e sua força. Talvez eu estivesse tentando achar alguma força em algum momento da minha vida através disso, mas sei lá. Acho que é um tipo de música muito emocional porém forte ao ser gravada e sinto algo especial com ela.
Korpiklaani Brasil - Quais as suas principais influências e quais vocalistas, que de certa forma te influenciaram na forma de cantar? E quais bandas você tem ouvido ultimamente para lhe ajudar na evolução como vocalista?
Jonne - Minhas maiores influências são Mari Boine, Bruce Dickson, Lemmy Kilmister e James Hetfield e outros além desses, mas eu quero manter e desenvolver meu próprio estilo, e não copiar alguém.
Korpiklaani Brasil - Como você se sente quando você está no palco?
Jonne - "I feel good! dada da dada da da!" (Cantando James Brown) Não fizemos nenhum show ainda, mas temos uma turnê de divulgação no festival Four Winds, na Lapônia nos dias 11 e 12 de setembro. Em 2005 nós começamos a fazer turnê mundial com o Korpiklaani com frequência e eu ainda gosto de fazer isso.
Korpiklaani Brasil - Agora vamos falar sobre a turnê sul americana? Qual foi o melhor momento pra você na turnê?
Jonne - Tiveram muitos bons momentos, e não teve nenhuma apresentação ou lugar ruim. Meu aniversário foi quando chegamos em Buenos Aires, Argentina, mas não teve uma festa legal porque estava ocorrendo em plena turnê. Mas foi boa porque estávamos com nossos amigos do Týr e eles sabem festejar. Talvez mais do que nós até.
Korpiklaani Brasil - O que você pensa sobre a aumento do Folk Metal na América do Sul?
Jonne - Eu realmente estou curtindo ver como a cena do folk-metal está crescendo por todo mundo e em especial na América do Sul. Novas bandas estão surgindo e isso é legal porque ajuda a manter a cena viva e renovada.
Korpiklaani Brasil - Sobre música brasileira, você conheceram alguma coisa? Ouviram alguma banda em especial?
Jonne - Sepultura foi a primeira banda brasileira que eu tomei conhecimento lá nos anos 90. Quando estive de férias no Brasil a primeira vez, em Porto de Galinhas, perto de Recife, eu fui ver Capoeira. Eu gosto muito de música brasileira tradicional quando eles tocam com essa ambientação de capoeira. Eu também gosto de uma banda chamada Kernunna.
Korpiklaani Brasil - O que você mais gosta no Brasil?
Jonne - O Brasil é totalmente diferente da Finlândia. Faz calor e tem uma natureza gigantesca e belos lugares. As pessoas são gentis e de mente aberta. A comida também é ótima. Eu gosto de carne e no Brasil estive nos melhores restaurantes. Tinha uma placa na mesa e se estivesse sempre no verde, vinham chegando diferentes tipos de carne para mim aquilo era o "paraíso" e eu quero visitar o Brasil pelo menos uma vez por ano. O Brasil é muito grande e cheio de cidades e lugares diferentes. Eu fiquei feliz de ter visitado tantos lugares seja com o Korpiklaani ou estando de férias. Agora só estou esperando uma nova chance de ir aí com a Jonne.
Korpiklaani Brasil - Naturalmente que você já deve ter idéias e muito provavelmente já está trabalhando em composições para o futuro novo álbum do Korpiklaani. Assim sendo, gostaria de saber quais podem ser antecipadas paraos fãs.
Jonne - Sim, com certeza. Nós temos um bocado de músicas novas e vamos começar gravar no estúdio Petrax agora no dia 1º de setembro. O álbum vai ser lançado lá por 2015. Eu não tenho mais informações específicas sobre a data de lançamento porque isso é política da gravadora. E eu não quero dizer nada do álbum porque não sei que músicas vão estar no álbum. Nós temos muitas músicas e não decidimos quais vão estar no álbum ainda.
Korpiklaani Brasil - O Korpiklaani tem a agenda bastante movimentada, incluindo participações em grandes festivais, turnês e desenvolvimento de diversos projetos, dentre os quais o seu primeiro álbum solo. Podemos dizer que 2014 tem sido um ano especial para a banda?
Jonne - Absolutamente. Esse ano tem sido muito agitado para nós e especialmente para mim mas muitas coisas boas aconteceram. Pelo menos estamos aproveitando nossa vida em 100% e temos muita lenha pra queimar ainda.
Korpiklaani Brasil - Qual foi a coisa mais curiosa ou engraçada que já aconteceu em um show ou no backstage?
Jonne - O que acontece nos bastidores, fica nos bastidores. Não sei o quanto esses momentos são engraçados, mas às vezes um de nós pode estar cagando nas calças, arremessando a bateria no meio do set, dormindo durante o show... O maior objeto que já jogamos do backstage para a audiência (nota do tradutor: Ele já jogou um vaso na minha cabeça e tem um vídeo gravado disso no youtube) foi um sofá de três lugares. Os caras do Týr foram lá e trouxeram ele de volta e começaram a beber sentados nele durante o nosso show.
Korpiklaani Brasil - Muitos fãs do Korpiklaani tem tatuagens em homenagem a banda, como você se sente em ver esse carinho dos fãs em relação a banda?
Jonne - É a maior honra que uma banda pode conseguir. Eu me sinto o máximo quando alguém gosta tanto da nossa banda que tatua isso e mantém para o resto da vida. É realmente muito legal!
Korpiklaani Brasil - Como foi o processo de escolha don ovo membro da banda Sami Perttula?
Jonne - Eu procurei uns acordeonistas pela internet. Eu assistia os vídeos e mandava mensagens. Então, conseguimos dois bons candidatos e o Sami estava mais apto para se juntar a banda. Agora ele está na banda faz um ano e é como um irmão para nós. Foi uma escolha perfeita, eu gosto muito dele.
Korpiklaani Brasil - Qual seu animal favorito e por que?
Jonne - Ornitorrinco. Nós temos muito em comum e conseguimos entender um ao outro!
Korpiklaani Brasil - Gostaria de saber como se da a relação dos integrantes com a cultura que eles expõem nas suas letras e no conceito geral da banda, que seria priorizar o elemento folclórico. Ou ainda, qual a relação de crença que eles seguem no sentido da cultura de que fala o clã da floresta? O que vocês trazem da vida privada para os palcos na questão de suas crenças pessoais e culturais? (Por: Gabriel Drehmer)
Jonne - explicar muito sobre as letras de outras pessoas, mas elas tem que ser agradáveis para nós. Nós da banda precisamos estar entre nossas letras e a nossa mensagem.
Korpiklaani Brasil - O estilo da banda mudou muito desde a primeira formação até os dias de hoje, eu gosto de ambas as fases, esculto a Idja na mesma frequencia que esculto korven kuningas. Mesmo sabendo que a essência nunca foi alterada, você acha as mudanças em alguns elementos das músicas de vocês foram evoluções ou foram simplesmente mudanças? (por: André Lucas)
Jonne - Você está certo e isso é a evolução da banda e de nós mesmos. A vida afeta muito a nossa música e em algum momento se torna um espelho dela. Eu posso ver isso claramente quando olho os álbuns anteriores. Posso ver minha vida sendo vivida e suas situações dentro da música.
Korpiklaani Brasil - A Finlândia é um dos países mais desenvolvidos do mundo. Nascer e crescer em um lugar onde quase não há problemas deve ser estranho. Conte-nos como foi crescer musicalmente por lá e seus sentimentos por ela? (por: Rafaela Moraes)
Jonne - Foi fácil viver de música porque meus parentes sempre me apoiaram muito. Eu tenho uma família de músicos e música sempre foi uma coisa importante no meu círculo de amizades. Como você mencionou, a Finlândia é um dos países mais seguros do mundo. Podemos confiar na nossa polícia e no governo. Aqui (referindo-se a Finlândia) você não precisa temer a corrupção. Claro que temos algumas exceções ruins, mas em geral não é nada preocupante. E falando de forma geral de novo, o povo finlandês é muito tranquilo porque confiamos nas pessoas e não sabemos ser cuidadosos quando saímos para o "mundão" como dizemos aqui. Talvez seja porque a Finlândia é um país pequeno e de população pequena. Somos apenas em 5 milhões de pessoas.
Korpiklaani Brasil - Bom Jonne está chegando ao fim da nossa entrevista. Gostaria de agradecer pela oportunidade de entrevistá-lo e queria pedir para deixar uma mensagem para os fãs brasileiros do Korpiklaani, grande abraço!
Jonne - Muito obrigado e o prazer foi meu ! Espero rever e me divertir com vocês aí no Brasil outra vez! Abraços e tudo de bom
-Jonne Järvelä
Entrevista por: Marcos Koskinen, Jéssica Iogolia, Jéssica Caetano e Lisa Lermen
Tradução: Guilherme Abramović Barini
Edição: Marcos Koskinen
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