Coleções e Colecionadores: bootlegs, Janis, Hendrix e 70's LP's
Por Marcos A. M. Cruz
Postado em 19 de janeiro de 2014
Como alguém tem que dar a partida na seção de coleções e colecionadores, eu fui escolhido, então lá vamos nós - desculpem pelas fotos, não sou bom nisto :)
Leia mais detalhes sobre a seção no link abaixo:
Meu nome é Marcos, alguns me conhecem como Socram, sou editor do Whiplash.net, estou aqui desde 1998 portanto sou da segunda ou terceira geração de colaboradores, dependendo do ponto de vista, e além do webmaster/fundador João Paulo Andrade, sou o único remanescente daquela época - depois de tanto tempo já virei aquele funcionário de confiança que tem a chave da casa, a senha do banco e leva as crianças do patrão pra escola...
Não tenho uma coleção absurda em termos de tamanho, muito pelo contrário, comparado ao acervo de muitos colecionadores sérios e abonados eu sou "fraquinho", mas vou mostrar alguns discos de vinil que tenho, com ênfase em bootlegs e em "raridades" roqueiras dos anos setenta (na prática entre 1968 e 1980), década pelo qual sou fanático em termos de sonoridade - na verdade eu nasci na época errada, deveria ter sido jovem no início dos 70's, entretanto ouço, gosto e respeito tudo relacionado a Rock desde os primórdios até os últimos lançamentos de bandas de Metal Extremo, até por razões profissionais, mas meu coração bate mais forte quando ouço o velho Hardão Setentista, título inclusive de uma coluna praticamente inativa que mantenho aqui no site - um dia eu atualizo, prometo :)
Como disse anteriormente, numa seção chamada "Discos que marcaram" aqui no site (link abaixo), iniciei minha vida roqueira com JANIS JOPLIN e JIMI HENDRIX, então eles estão acima de tudo pra mim, sou realmente fanático pelos dois, a ponto de sentir um nó na garganta ao ver a concepção artística de ambos atualmente, caso tivessem sobrevivido, numa matéria também publicada aqui.
Coincidentemente hoje, na data em que publico esta matéria, se estivesse viva, Janis estaria completando 71 anos de idade, então vamos começar com alguns de seus bootlegs em vinil; na verdade existe pouco material extra-oficial dela no formato, menos de 20 títulos diferentes, eu consegui adquirir quase todos.
Como alguns gostam de ver não somente as capas, mas também os selos e os próprios bolachões, quando são de cores diferentes, segue uma foto.
Já Jimi Hendrix possui uma quantidade quase infinita de material mas muita coisa é pura picaretagem, incluindo lançamentos oficiais que trazem músicas já conhecidas recortadas e remixadas para parecer que se trata de algo inédito e até mesmo músicas em que ele não toca! Mesmo assim eu, como fanático, adquiro tudo que acho pertinente. Na verdade, comecei a me considerar "colecionador" quando comecei a juntar material do guitarrista. Hoje em dia estou em "slow-motion" mas sempre pego alguma coisa dele.
Este eu comprei em promoção na pré-venda e não fui taxado pela alfândega, com o dólar baixo na época este box me custou, já incluindo o frete, menos de R$130!
Tudo é silver, prensado, o que eu tinha de CDR já foi convertido pra lossless e devidamente arquivado.
Mudando um pouco o tópico, na foto acima, alguns bootlegs de outros artistas em vinil - Jethro Tull, King Crimson, Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, Gentle Giant, Led Zeppelin, Black Sabbath. Ah, e o Grand Funk em destaque na frente é em homenagem ao Bento Araújo, do Poeira Zine :)
Como já devem ter percebido, sou fanático por gravações extra-oficiais, que quando lançadas em vinil ou CD levam o nome de "bootlegs". Hoje em dia é muito fácil fazer o download de arquivos lossless de sites especializados - cheguei a ser moderador de um deles - mas antigamente a gente usava a tradicional fita K7 para fazer trocas, ainda tenho cerca de 300 delas - a maioria de Jimi Hendrix - que estão largadas numa caixa, tenho pena de jogar fora :)
Claro que elas não vinham com arte gráfica caprichada, a não ser quando eram cortesia de alguns poucos amigos, geralmente a gente recebia como na imagem acima, apenas escritas à mão; na época eu usava um software em MS-DOS pra criar a capinha e imprimia numa matricial! Mexendo na caixa, achei e incluí na foto uma fita original do Hendrix que traz um livreto com dez páginas, e uma gravação extra-oficial do Jethro Tull que traz uma imagem tridimensional do Ian Anderson :)
Mas vamos voltar aos bolachões: tenho um fetiche curioso, que são prensagens brasileiras em vinil dos anos setenta! Deve soar bizarro, pois infelizmente boa parte das prensagens não eram de boa qualidade, incluindo a parte gráfica - era comum discos com capas duplas saírem no Brasil com capa simples, por exemplo.
Acima, algumas prensagens nacionais dos anos setenta - Gila, Frumpy, Liquid Smoke, Man Made, Beggar's Opera com o lendário selo Vertigo, Juicy Lucy, Warhorse, Stories, Karthago e Jane.
Na foto, mais prensagens nacionais dos anos setenta - Silverhead, Alive N' Kickin', Pacific Gas & Electric, Bead Game, Alacran, Assemblage, Blue Jays, Trapeze, Bulldog e Titanic.
Outra leva de prensagens nacionais dos anos setenta - Cold Blood, Budgie, Eden Rose, Crow, Dirty Tricks, Duffy, Gas Mask, Formula 3, Hookfoot e Fanny.
Nesta de correr atrás de prensagens nacionais, acabei "fechando" a coleção do selo Sábado Som, lançado aqui no Brasil em meados dos anos setenta - na foto, discos do Omega, Nektar, Jane, Cornucopia, Karthago, Dschinn, Message, Nine Days Wonder, Lily, Guru-Guru e Jerônimo, além de quatro coletâneas. A poeira Zine soltou uma matéria sobre a gravadora na atual edição (#51). Alguns discos me deram trabalho pra conseguir - caso do Dschinn, cuja cópia veio da França, embora neste momento eu esteja vendo dois à venda no Mercado Livre; já outros eu achei baratíssimos, como o Message, que me custou meros R$12,00 numa banquinha de usados de uma feira - e é mint, está impecável!
Observando as imagens acima, um detalhe muito importante fica claro: eu não tenho interesse em vinil nacional de medalhões como Black Sabbath, Led Zeppelin ou Pink Floyd, claro, são clássicos absolutos e indispensáveis, mas no caso deles eu prefiro os importados, coleciono apenas vinil nacional de bandas de segundo escalão - na verdade, quanto mais obscuras, melhor! :)
Tirando poucas exceções, não compro discos de bandas psicodélicas ou de garagem, me concentro nas de Hard setentista e algumas de Rock Progressivo, e mesmo assim é difícil fazer um levantamento de tudo que saiu na época mas, de modo geral, sempre que eu descubro que algo foi lançado aqui no Brasil eu consigo um exemplar. Porém existe um caso que me intriga e que se trata do item máximo da minha wishlist: o "Dirty Box", do Black Water Park. Esta suposta prensagem nacional é citada pelo Rato Laser no seu website:
http://www.vinyl.tree.nom.br/capasiguais.htm
Há também uma referência no Popsike, de uma leilão no eBay em 2006:
http://www.popsike.com/BLACKWATER-PARK-DIRT-BOX-ORIG-BRAZIL-PRESS-KRAUT/4851363805.html
Como o vendedor era francês, me passa pela cabeça a possibilidade da prensagem ser, na realidade, venezuelana, que vez por outra aparece por aí. Pessoas de fora do Brasil já me falaram de prensagens nacionais de bandas como Highway Robbery e Frijid Pink, mas com certeza confundiram com as prensagens peruana e argentina, respectivamente, seria este o caso do Blackwater Park? Bem, vou acreditar no Rato Laser, ele é um colecionador e especialista bem mais sério que eu, portanto, tomara que eu esteja enganado e alguém um dia me ofereça um exemplar - a um preço razoável, claro :)
Inclusive não faria sentido pagar um absurdo numa prensagem nacional, já que tenho esta alemã que está na foto acima, junto com outros clássicos como os dois primeiros discos do Bang, os dois do Sir Lordão, o La Revolucion de Emiliano Zapata, os três November de estúdio e o meu disco preferido de todos os tempos, o "Volcanic Rock", do Buffalo.
Acima mais alguns hardões setentistas clássicos: os dois discos do Dust, o "Dead Man" do Josefus, Jericho, Truth & Janey, Irish Coffee, Highway Robbery, JPT Scare Band, o Skid Row do Gary Moore e o "Mountains" do Steamhammer - este último foi o primeiro bolachão importado que comprei na minha vida.
A grande maioria das bandas de Rock que deixaram registro gravado estão nos EUA, mas obviamente existem muitos registros vindos de outros países, caso do CCS (Inglaterra), Captain Marryat (Escócia), Blue Vamp (França), Panama Red (Alemanha), Host (Noruega), Sotiris Komatsioulis (Grécia), Locomotiv GT e Skorpio (Hungria), Kaveret ou Poogy (Israel), Trettioariga Kriget (Suécia) e Drugi Nacin (ex-Yugoslávia).
Falando em ex-Yu, na foto uma seleção de dez discos vindos de lá: Indexi, Drago Mlinarec, Teska Industrija, Smak, Time, outro Drugi Nacin, Yu Grupa, Korni Grupa, Bulldozer e Darko Domijan.
Acima temos Socrates Drank The Conium (Grécia), Murasaki e Duesenberg (Japão), Experiência e Beatniks (Portugal), N.S.U. (Escócia), Mack & Becs (Quebec), Katapult (antiga Tchecoslováquia), Mark Robson / Le Pong (França) e Vox Dei (Argentina).
Já que mencionamos a Argentina, tive a honra de conseguir em vinil todos os trabalhos setentistas do saudoso Pappo, que podem ser vistos na foto, incluindo o extraordinário "Aeroblus", que tem nosso Júnior na bateria e hoje é vendido a peso de ouro.
Quando tem mulher na parada a coisa fica mais divertida :) Na foto: Carmem Maki & Oz, Isis, Ruby Jones, Mother Love, 6.000.000 Buffalo, Fanny, Fancy e os dois únicos trabalhos da Birtha.
Às vezes o disco já é bom, mas vêm com uma capa incomum e isto chama mais ainda atenção, caso destes da foto acima, com capas recortadas, vazadas etc: Stray, Mama Lion, Tempest, Frumpy, Family, Raspberries - ok, é bem mais Pop que Rock mas mas eu gosto deste disco - Rare Earth, Grand Funk e dois bootlegs em picture vinil: um do The Who e outro da querida Janis.
Capa vez por outra chama atenção por outro motivo, ainda mais quando tem alusão a satanismo ou ocultismo de alguma forma: acima, Spettri, CWT, Warlock (não é o da Doro Pesch, mas sim uma banda americana de 1972), o famigerado Lucifer's Friend, White Witch, Prodigal Sons, Cerberus, Plus e o fantástico Night Sun.
Falando em satanismo... na foto, os três álbuns lançados pelo Coven, incluindo o lendário "Destroys Minds & Reaps Souls", em prensagem original da época. Guardo dentro dele como souvenir duas fotos autografadas pela Jinx, vocalista e mentora da banda.
Tem situações onde o disco nem é esta coisa toda, mas você acaba comprando por simpatizar de alguma forma, como é o caso deste único trabalho da Burnt River Band, gravado ao vivo já no início dos anos oitenta durante uma festa de Harleyros em Ohio... na contracapa, mulherada com os peitos de fora, muita cerveja, palavrões e piadas politicamente incorretas... não poderia ter participado da festa, eu andava de bicicleta na época, hoje pelo menos eu tenho a Harley :)
Daí algum gaiato pode falar: "ah, este cara tem grana, por isto compra tantos discos"... não é nada disto: hoje em dia qualquer um compra uma Harley, não é mais o que era há alguns anos, um sonho impossível tal qual uma Ferrari ainda é. E eu peguei uma boa época pra se conseguir material importado, hoje em dia com dólar alto, correio mais caro e tarifa de importação sendo cobrada de forma implacável, é quase impossível conseguir algo barato - eu comprava lotes de vinte discos pelo ebay e quando chegava a fatura do cartão vinha menos de cem reais! Hoje em dia você compra um disco por 15 dólares, paga mais 15 de frete e ainda por cima é taxado, nesta brincadeira já foi embora 120 reais nos valores atuais, com dólar cotado a R$2,50.
Como exemplo da minha vida simples eis meu toca-discos, bem antigão, dos anos oitenta, mas gosto muito da sonoridade destes modulares antigos pra ouvir vinil. Na foto também está minha última aquisição no formato, "Not Dead Yeat", trazendo gravações inéditas e ao vivo do Josefus, e que vem com o autógrafo dos caras da lendária banda.
E pra ficar bem claro: "ter muito dinheiro" e "trabalhar no Whiplash.net" são duas coisas que não cabem na mesma frase :)
Observem que, apesar de ter uma Harley na garagem, eu ando num Uninho com mais de dez anos de uso :P
Mas vamos voltar aos discos: tive oportunidade de amealhar inúmeras pepitas obscuras nestes anos, caso dos discos do Broth, os dois Little Red Rooster, o Wings americano (nada a ver, naturalmente, com o do Paul McCartney, o Justice Bride Band, Houston Fearless, Wagon & Freedom, Guns N' Butter, Hurricane Express, Flying Boxcars...
...Bustin' Loose, Jeff Sturges & Universe, Fresh Start, os dois Hustler, Strife, Little Village, Furr (não confunda com o Kiss), Alamo, The Southern Portrait Band...
...os dois Brethren, Blackstone, o inacreditável "From The Fjordes" do Legend, Arthur Gregory Band, Wool (o disco da ovelhinha com pés humanos), John T. Leech Band, Growl, Venom (claro que não é aquele famoso mas sim um homônimo, prensagem privada americana), Sea Dog...
Às vezes o disco é tão bom que só um exemplar não basta, ainda mais quando vem com capa diferente: além dos Hendrix, na foto temos o Toe Fat (prensagem nacional e importada), Atomic Rooster e o Captain Beyond (nacional e importado - quem resistiria a um disco tão fantástico com uma capa tridimensional?) :)
Acima mais obscuridades e raridades setentistas: Smoke, Trademark, Sunshine, Flywheel, Bull (durante anos este disco foi raríssimo e, por causa disto, valioso, daí um sujeito despejou um lote de uns 100 exemplares no ebay, e o preço despencou - mas agora já voltou a ficar meio caro de novo), RPS (outro que passou por situação similar), Hammer, Creed (não é aquele famoso mas sim um de 1978), Rush (este é o americano de 1975) e Sam Hard & Heavy.
Na foto anterior consta o que penso ser o vinil mais raro que tenho: o "Makes My Day", do Sunshine, um álbum interessante lançado por uma gravadora "picareta" em meados dos 70's - talvez o nome da banda nem seja este, a gravadora em questão pegava os registros e lançava sem os devidos créditos. Mas pode ser que os títulos mais raros de meu acervo sejam as prensagens originais - em silver CD - de dois box-sets italianos com oito discos e uma fita de vídeo (VHS): "51st. Anniversary" de Jimi Hendrix e a "Cabala" do Led Zeppelin - pelo menos são os que mais chamam atenção de quem os vê na estante...
Outra leva de obscuridades e raridades setentistas: Denny Ezba, os dois Hanson, Waterloo, Great Jones, Eclipse (embora seja de 1983 é bastante influenciado pelo ZZ Top fase Tres Hombres, então tá valendo), Dirty Dogs, Eli, Coast, Tree Fox (comprei este disco de um americano que fez uma faxina no sótão da casa e colocou uma lista online do que estava à venda, tinha desde cortador de grama enferrujado até bola de beisebol!)...
... Ellis, Marcus (este eu não poderia deixar de ter, né?), Roadmap, Wits End (um de meus álbuns obscuros preferidos, a banda ganhou um concurso pra gravar um disco e este foi o resultado), Fox & Company, Freaky Billy, John Ussery, Slow Poke, Warren S. Richardson (interessantíssimo e desconhecido disco gravado em 1969), Rockin' Horse...
... ufa, acho que chega por hora, antes que se torne maçante a coisa... então é basicamente isto, espero que tenham gostado. Coleção é uma coisa única, pessoal, e a minha, obviamente não é a maior nem a mais completa em nenhum sentido, aqui no Brasil existem pessoas com acervos imensos e mais interessantes, e se formos considerar os gringos isto vira brincadeira de criança, façam alguns pesquisas em grupos do facebook e vocês verão... mas ela representa muito pra mim, faz parte de minha personalidade.
O que me entristece é que tenho coisas que nunca mais vou ouvir ou ver novamente, pois na prática em 99% do tempo ouço música digital, e tudo que juntei nestes anos está armazenado nestes cerca de 800 CDRs e 1900 DVDs da imagem abaixo - aproximadamente 8,5 terabytes de áudio e vídeo em MP3, FLAC, SHN, APE, AVI, incluindo álbuns e discografias inteiras, gravações ao vivo, vídeos e até documentários. Ah, e antes que alguém pense na hipótese de perder algo, tenho backup disto tudo, afinal faz parte de minha vida - infelizmente ela (a vida) não pode ser backupeada, mas a gente pode ao menos aproveitá-la com as coisas que gosta :)
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