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Entrevista: um dos maiores representantes do Metal extremo nacional

Por Vitor Franceschini
Fonte: Blog Arte Metal
Postado em 22 de abril de 2013

São 17 anos de carreira, duas demos lançadas, 7 álbuns (incluindo um ao vivo) e shows pelo mundo todo. O NervoChaos é um dos maiores representantes do Metal extremo nacional e chegou a esse patamar porque um dos motivos da banda é levantar a bandeira do underground sem se preocupar sequer com a existência do chamado 'mainstream'. Atualmente divulgando "To The Death", seu mais recente álbum e o primeiro pela Cogumelo Records, a banda nunca esteve tão focada como no momento atual. Pelo menos é o que nos contou o guerreiro Edu Lane (bateria) que além de falar sobre a banda, ainda nos contou detalhes da produção deste trabalho e o porquê do fim do ciclo da Tumba Produções.

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"To The Death" é o 5º álbum do NervoChaos e o 1º pela tradicional gravadora Cogumelo Records. Devido a esses fatos, houve alguma pressão maior na banda para compô-lo?

Edu Lane: Não houve qualquer tipo de pressão. Algum tempo atrás optamos por dar mais frequência aos lançamentos da banda e procuramos lançar algo todos os anos, seja um disco ao vivo, um relançamento ou mesmo um novo álbum. Em 2010 lançamos o "Battalions of Hate", em 2011 o nosso primeiro ao vivo, o "Live Rituals" e em 2012 o "To The Death". A Cogumelo nos ofereceu uma boa proposta e para nós é uma honra fazer parte deste seleto cast e pertencer a esta excelente gravadora. Este ano iremos lançar o nosso primeiro DVD, relançar o nosso primeiro CD e ter o novo material lançado em formato de vinil.

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São mais de 15 anos de estrada, turnês internacionais, álbuns bem repercutidos e um nome consolidado no Metal nacional, e por que não mundial. Qual o balanço você faz da carreira do NervoChaos?

Edu: Este ano completamos 17 ininterruptos anos de estrada e acredito que somos bem sucedidos na nossa proposta. Nós acreditamos que uma banda se faz ao vivo e seguimos isso a risca. Jamais seremos do 'mainstream' e o sucesso para nós é continuar na ativa, fazendo turnês e lançando material. Tocar numa banda de música extrema não é para qualquer um, assim como estar na estrada também não é para qualquer um. Há diversas dificuldades e obstáculos por essa estrada, mas quando se faz o que se acredita e ama nada lhe tira deste caminho. Vivemos um bom momento com a banda e tudo isso é fruto do nosso árduo trabalho.

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Desde a demo auto intitulada vocês mesclam Death Metal, Thrash Metal e Hardcore na sonoridade da banda. Mesmo hoje, sendo uma genuína banda de Death Metal vocês possuem essa característica própria, se é que me entendem. A que vocês acham que deve este fato?

Edu: A nossa proposta inicial sempre foi essa e permanecemos fieis as nossas raízes. Nós não nos prendemos a rótulos pré-estipulados e sempre navegamos livremente entre as diversas vertentes da música extrema. Fazemos somente aquilo que gostamos e para aquelas pessoas que curtem e entendem a nossa proposta. Estamos numa constante busca pela nossa sonoridade própria e sempre iremos fazer um som agressivo e nervoso.

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"To The Death" parece ser o álbum mais técnico do NervoChaos, mas mesmo assim a sonoridade da banda continua soando orgânica e direta. O que você poderia nos falar sobre isso?

Edu: Obrigado pelas tuas palavras. Acho que, até o momento, é o nosso lançamento mais maduro, mais técnico e onde todos os integrantes participaram ativamente do processo de criação, isso ajudou bastante. Nós não somos uma banda altamente técnica ou virtuose, nem queremos ser a mais rápida ou a mais gore, mas sempre primamos pela qualidade das composições e em produzir algo que possa ser superado ao vivo. Não queremos inventar a roda, mas sim manter ela girando.

O novo trabalho é o marco de uma busca constante? "To The Death" é o ápice do Nervochaos?

Edu: Não acredito que seja o nosso ápice, mas certamente estamos vivendo um bom momento com a banda. A nossa constante busca é pela sonoridade própria da banda. Somos eternamente underground e por isso fazemos somente aquilo que gostamos. Procuramos fazer músicas que transmitam energia e proporcionem uma boa troca de energia com o público. Queremos que nossas músicas sejam ainda mais brutais e melhores ao vivo, se comparadas às gravações em CD. Já estamos trabalhando no novo material para o nosso próximo disco de estúdio e o objetivo é sempre superar o trabalho anterior.

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Qual o principal diferencial do novo trabalho para o último em estúdio "Battalions Of Hate"?

Edu: Como mencionei anteriormente, neste novo trabalho houve a participação de todos os integrantes no processo de composição e isso é uma grande diferença se compararmos com o "Battalions of Hate". O outro ponto crucial foi que saímos de nossa cidade para termos 100% de foco no processo de gravação, ou seja, ficamos 10 dias no Rio de Janeiro focados exclusivamente no processo de gravação. Além disso, na parte sonora, é um trabalho mais maduro e mais próximo da nossa sonoridade própria.

"To The Death" é um ótimo título e soa muito forte. Fale-nos um pouco sobre a escolha desse nome para o novo trabalho.

Edu: Obrigado. De fato, o título pode ser interpretado de várias formas e mesmo assim soa forte. Eu vejo como uma declaração de que iremos até o fim com a banda e seremos fieis a nossa proposta e aos nossos fãs até o fim também. Não estamos nessa por modismo ou para ficarmos ricos e sim por puro idealismo a uma causa. Depois de 17 anos de batalha nos sentimos cada vez mais fortes e confiantes no caminho que escolhemos. O underground não é um modismo, mas sim um estilo de vida.

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Além disso, o NervoChaos sempre primou por letras ácidas e provocativas, principalmente perante à religião e sociedade. Fale-nos um pouco sobre a abordagem dos temas de "To The Death".

Edu: É verdade, nós sempre abordamos temas satânicos, obscuros, anticristão e sobre a dura realidade do dia a dia, coisas que vivemos ou presenciamos. Neste novo material resolvemos abordar temas sobre guerra também e explorar a temática satânica, obscura, anticristã de uma forma um pouco mais elaborada. Acredito que o interessante é justamente ver, ouvir e saber as diferentes abordagens e interpretações das nossas letras.

O trabalho contou com diversas participações especiais, tais como Ralph Santolla (Memorain, ex-Deicide, ex-Obituary), Cherry (Hellsakura), Jão (R.D.P.), Antônio Araújo (Korzus) e Zhema (Vulcano). Como surgiu esses convites e como foi ter a participação desse pessoal?

Edu: É sempre uma honra para nós podermos contar com participações tão especiais e é uma forma de presentearmos os nossos fãs e fazermos algo especial para o lançamento. Tínhamos uma lista de amigos que gostaríamos de contar para participar do disco, fizemos os convites e acabamos conseguindo confirmar estas cinco participações. Alguns não puderam participar por incompatibilidade de agenda, por estarem em turnê ou gravando. As participações deste disco são mais do que especiais por estarem mais focada na cena nacional e o resultado final ficou extremamente interessante. Nós adoramos todos os solos que foram criados para as nossas músicas.

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Como está sendo o trabalho com a Cogumelo Records. Aliás, como é está em um selo que lançou nomes como Sepultura e Sarcófago, além de ter outros grandes nomes do Metal atual em seu cast?

Edu: O trabalho da Cogumelo tem sido excelente e nós estamos extremamente satisfeitos com tudo até o momento. Eles têm uma excelente distribuição, não só no Brasil, mas no exterior também. Além disso, fazer parte do cast de uma gravadora como a Cogumelo para nós é uma tremenda honra, pois todas as bandas que curtimos e que nos influenciam foram ou são da Cogumelo. É a única gravadora totalmente dedicada a cena nacional a mais de 30 anos. Nunca se venderam aos modismos, nunca deixaram de acreditar e apoiar a cena nacional e fazem história até hoje. Esperamos que esta parceria seja extremamente duradoura e que eles estejam tão contentes quanto nós.

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"To The Death" foi gravado no Flames Studios, no Rio De Janeiro/RJ, e foi produzido por Igor e Victor "Gala". Além disso, foi mixado e masterizado no Alpha Omega Studios, em Milão, na Itália por Alex Azzali. Como foi a escolha por esses profissionais e qual a opinião da banda sobre o resultado final?

Edu: Pela primeira vez em nossa carreira optamos por sair de São Paulo para gravar o CD. Escolhemos o Flames Studios por conhecermos o Victor há muitos anos. Ele foi nosso técnico de som durante 6 anos. O Igor é um excelente engenheiro de som e acabamos conhecendo ele através do Victor. Queríamos ficar totalmente focados no processo de gravação e por estes motivos todos acabamos escolhendo o Flames Studios. Já o Alex, nós conhecemos durante a nossa turnê europeia de 2011. Ele foi nosso técnico de som durante esta turnê e tivemos oportunidade de acompanhar e conhecer de perto o trabalho dele, que nos impressionou bastante. Também pela primeira vez, resolvemos mixar e masterizar o material fora do Brasil, e o Alex nos pareceu a escolha correta. Estamos bastante satisfeitos com o resultado final do novo CD, mas já estamos pensando em algumas coisas que podem ser melhoradas para o próximo trabalho.

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O álbum ainda contou com a arte gráfica a cargo do mestre Joe Petagno, responsável por capas de Marduk, Motörhead... Como vocês chegaram até Joe, como foi o desenvolvimento da arte, ficaram satisfeitos com o resultado final?

Edu: Joe Petagno é um artista que eu sempre admirei demais e também sempre sonhei em ter algum material nosso produzido por ele. Queríamos algo bem orgânico para ser compatível com a sonoridade deste material e o Joe não trabalha com computador. Resolvi arriscar e entrei em contato com ele, que prontamente respondeu e curtiu a nossa sonoridade e proposta. Demos total liberdade para ele no processo de criação da arte. Mandei todas as letras e o título do CD. Ele criou e nos mandou a arte quando estava pronta. Ficou realmente fantástico o trabalho dele e estamos muito satisfeitos com ele.

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Uma pergunta para você Edu em particular. Recentemente você anunciou o fim das atividades da Tumba Produções, que foi responsável por grande parte dos shows e eventos extremos em São Paulo, tanto nacional quanto internacional, dentre eles o aclamado Setembro Negro. O que o motivou a tomar tal decisão e há alguma chance de você voltar a produzir shows e eventos do mesmo calibre?

Edu: Após 17 anos agendando shows e turnês pelo Brasil e pela América Latina conclui o meu ciclo como produtor e resolvi encerrar as atividades da Tumba. Todos os meus objetivos foram atingidos e me pareceu o momento certo para esta decisão. Nunca digo nunca, mas no momento este hiato é definitivo.

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Podem deixar uma mensagem.

Edu: Muito obrigado pela excelente entrevista, pelo espaço cedido ao NervoChaos e pelo apoio. Visitem www.nervochaos.com.br e vejo vocês na estrada. To the death!

Formação:
Guiller – Vocal/ Guitarra
Quinho – Guitarra
Felipe Freitas – Baixo
Edu Lane – Bateria

http://www.facebook.com/NervoChaos?fref=ts

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Sobre Vitor Franceschini

Jornalista graduado tem como principal base escrever sobre Rock e Metal, sua grande paixão. Ex-editor do finado Goredeath Zine, atual comandante do blog Arte Metal, além de colaborador de diversos veículos do underground.
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