O guitarrista que Eddie Van Halen copiava nota por nota do que ele tocava
Por Bruce William
Postado em 13 de novembro de 2024
Eddie Van Halen sempre assumiu ser mais fã de Eric Clapton do que de Jimi Hendrix, contrariando o que muitos contemporâneos diziam na época - incluindo o próprio Clapton. "O que me atraia no [estilo e na vibe de Clapton] era a simplicidade básica de sua abordagem, seu timbre, seu som. Ele basicamente pegou uma guitarra Gibson e plugou direto num Marshall… e só isso. O básico. O blues. [...] Basicamente, Clapton foi o único [guitarrista] que me influenciou."
Seu parceiro de banda no Van Halen, o vocalista David Lee Roth, chegou a dizer que Eddie era, literalmente, um discípulo de Clapton no início da carreira: "Eddie mal conseguia pagar pelos cadarços dos seus sapatos quando estava aprendendo a tocar guitarra, ele tinha apenas uma Les Paul Gold Top (...) Ele sentava no colchão e eu sentava no amplificador bem na frente dele, no fundo da pilha de Marshall, com nossos joelhos quase se tocando, escrevendo as músicas pelas quais ficamos famosos. Lá tinha um pôster de Eric Clapton [que, por sua vez] era a imagem espelhada dos caras de quem ele era discípulo. [Eddie] começou como uma imagem espelhada de Eric Clapton e levou aquilo para muito além."
É verdade que, com o passar do tempo, Eddie se desencantou um pouco com Clapton: "Depois do Cream ele mudou, sabe? Começou a fazer 'I Shot the Sheriff' e essas coisas, se juntou a Delaney & Bonnie… todo o seu estilo mudou. Ou, pelo menos, seu som. Acho que o principal motivo foi que [no Cream] você ouve os três tocando, e foi Jack Bruce e Ginger Baker que de fato fizeram Clapton soar muito bem. Porque eles eram dois caras do jazz, e empurravam ele. Acho que li em algum lugar, há muito tempo, que Clapton disse que 'não sabia que diabos estava fazendo' no Cream, que ele estava só tentando acompanhar o ritmo dos outros dois."
E do outro lado, Clapton, pelo visto, não compreendia muito bem o estilo de Eddie, como podemos deduzir ao analisar a opinião dele sobre o Blues que o guitarrista do Van Halen e Brian May dedicaram a ele no "Star Fleet Project" de 1983: "O primeiro lado era uma coisa tipo fusion, algo muito interessante, ótimo de ouvir. O outro foi um improviso de blues, que foi tão horrível... Eles ainda dedicaram a mim. Me enviaram uma cópia, que botei para tocar esperando outra coisa, e fiquei quase ofendido por terem me mandado aquilo. Eles dois não sabem o que tocar! Eles se revezam fazendo solos, e simplesmente foram com tudo naquilo, ostentando tudo que sabem fazer. E não há dinâmica, construção, não há sensibilidade. Eu fiquei muito decepcionado."
Seja como for, Eddie nunca esqueceu o que aprendeu ouvindo Clapton no começo de sua jornada, conforme ele comprovou em 1980 para a Guitar Player, em resgate feito pela Far Out: "Nunca tive uma aula [de guitarra] na vida, exceto quando um amigo meu, há muito tempo, me mostrou como fazer acordes com pestana. Aprendi a partir daí."
E para provar, Eddie tocou o solo de Eric Clapton em "Crossroads", do álbum "Wheels of Fire" do Cream, dizendo: "Eu conheço essa música nota por nota, assim como 'I'm So Glad' [do "Fresh Cream"] e a versão ao vivo de 'Sitting on Top of the World'. Eu costumava saber todas essas coisas", disse Eddie ao executar a performance que pode ser conferida no áudio abaixo.
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