Tankard: entrevista exclusiva antes dos shows no Brasil
Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Fonte: Whiplash
Postado em 19 de janeiro de 2013
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Como muitos brasileiros, os membros do TANKARD tem empregos regulares e passam a semana em atividades não relacionadas à música, reservando o final de semana e um mês ou outro no ano para fazer o que mais gostam: tocar o seu thrash metal e beber muita cerveja (não necessariamente nesta ordem). Considerada uma das mais importantes da Alemanha (uma das primeiras da Alemanha Ocidental a tocar em Berlin Oriental após a queda do muro), a banda, formada por Andreas "Gerre" Geremia (vocal), Frank Thorwarth (baixo), Olaf Zissel (bateria) e Andreas "Andy" Gutjahr (guitarra), se apresentou em seis cidades brasileiras, além de Buenos Aires, na Argentina e Bogotá, na Colômbia. Tivemos a oportunidade de conversar com Olaf, representando o "bando de palhaços" (como ele próprio diz) falando sobre música, cerveja e outros assuntos (novamente, não necessariamente nesta ordem).
Whiplash.Net: A Carmen Conchita que vemos na capa do CD não se parece com a Carmen Conchita que vemos no vídeo clip. Conte-nos um pouco sobre este clipe. Podemos esperar mais algum vídeo para este álbum?
Olaf: Carmen é aquela que vai ficando mais bonita quanto mais você bebe, mas, uma vez que você fica sóbrio novamente, você vê com o que ela realmente se parece. Por causa de problemas de orçamento não pudemos terminar a última parte do clipe, que é quando a noite acaba e ela aparece como ela realmente é.
Eu acho que não teremos mais clipes para promover o álbum novo. A primeira razão é que nós não temos tanto dinheiro assim pra fazer isso. E nós também não temos tempo. Outra razão é que nós estamos nos preparando para o próximo álbum logo e temos outras coisas em mente até fazer os vídeos.
Whiplash.Net: Este álbum, "A Girl Called Cerveza", tem uma edição especial para o Japão, contendo a faixa "The Prisoner", cover do IRON MAIDEN, uma canção com um solo magnífico, além de algumas mudanças na ordem do track list. Por que os japoneses tiveram este privilégio?
De acordo com o que me disse a Nuclear Blast, os japoneses não compram cópias japonesas se não houver uma faixa bônus nelas. Não é a melhor solução mas se não funciona com as cópias regulares, temos que dar algo especial a eles. Eles realmente mudaram a ordem da tracklist? Esta é a primeira vez que eu escuto isso e, sinto muito, não tenho ideia porque eles fizeram isto.
Whiplash.Net: E como é trabalhar com a Nuclear Blast? Que coisas boas o contrato com eles trouxe à banda?
A coisa boa é que eles tem muito mais poder e tem uma rede de contatos maior com todas as revistas, estações de rádio, webzines, etc. Então, o trabalho promocional para o álbum foi bem organizado. Nós estamos felizes em fazer parte da NB agora e eu acho que eles estão felizes com a gente também.
Whiplash.Net: As canções dos dois últimos álbuns foram escritas pelo Andy, o guitarrista. Este aspecto será mantido nos próximos álbuns do TANKARD ou foi só uma coincidência?
Foi mais uma coincidência que um plano diretor, ou algo assim. Mas eu tento pra valer contribuir mais para o próximo. Alguém tem que tomar cuidado que nos aproximemos do punk rock de novo.
Whiplash.Net: Vocês tem seus trabalhos regulares e só se dedicam ao TANKARD no tempo livre, e se orgulham de dizer disso. Essa é também a situação de muitos músicos brasileiros. Um grande amigo meu, por exemplo, é guitarrista de uma das bandas pioneiras do death metal no Brasil e trabalha em uma instituição que no Brasil é equivalente à americana IRS (sinto muito, não conheço a equivalente alemã). Acredito que, no caso de vocês, isso seja hoje mais uma opção que uma necessidade. Gostariam de falar sobre isso? E poderiam também matar a nossa curiosidade revelando em que trabalham os membros do TANKARD.
Esteja certo de que é uma necessidade. De outra forma, nós teríamos que tocar cerca de 150 shows por ano, e nós não temos certeza, mas, talvez isso matasse a diversão. Hoje em dia, fazemos cerca de 30 shows por ano e isso preenche as nossas agendas regulares. Gerre trabalha com serviço social e Andy é um software designer. Frank está trabalhando na indústria automotiva e eu também.
Whiplash.Net: Tankard é uma espécie de caneca para cerveja. Não há nome mais apropriado para uma banda que cultua essa bebida que é tão amada também por nós, brasileiros. No início da banda, vocês tinham alguma ideia ou planos de se tornar conhecidos como os reis do alcoholic metal ou isso aconteceu naturalmente?
Isso se tornou uma piada recorrente, depois da segunda demo tape, que era chamada Alcoholic Metal" e isso foi também a resposta para todos os outros tipos de Metal naqueles dias. Speed-Metal, Black-Metal, Witching-Metal…. Hoje em dia nós pensamos que se adapta perfeitamente ao que nós somos, então, ficamos felizes de não ter que pintar nossas caras antes de todo show. Nunca tivemos que matar um dragão e nós não ficamos andando nas florestas armados como cavaleiros e, certamente, não matamos virgens. Eu chamaria nosso som de Metal verdadeiro, mas esta palavra é reservada para um tipo diferente de música.
Whiplash.Net: E quanto às cervejas brasileiras. Sei que vocês vão querer provar delas enquanto estiverem aqui. Mas, vocês já tiveram a oportunidade de provar alguma delas?
Eu estava perguntando ao resto da banda sobre isso ontem. Por que nós tomamos um monte de cervejas diferentes quando visitamos o Brasil da primeira vez, em 2007, mas ninguém lembra das marcas ou mesmo do sabor. Então, estamos felizes agora em fazer mias algumas tentativas de achar uma boa.
Whiplash.Net: E nas suas viagens pelo mundo, você consegue enumerar as melhores cervejas que já provaram? E as mais estranhas? Alguma vez vocês já provaram alguma cerveja e tiveram vontade de cuspi-la fora?
As cervejas japonesas não são ruins. Eu nunca ouvi falar que eles estivessem comprando os ingredientes da Alemanha, então, não há nada de errado com elas. Para todas as outras, você tem que esfriá-las, chegando perto de congelá-las e beber antes que elas se aqueçam novamente. A República Tcheca também está liderando a lista de cervejas, mas, para ser honesto, a cerveja na minha terra é a minha favorita. E pura! Nós temos a Lei da Pureza desde 1516 na Alemanha, que diz o que você deve usar para fazer cerveja. Lúpulo, cevada, malte e água. É pronto.
Whiplash.Net: A cerveja, embora bastante aparente, é apenas uma das temáticas do TANKARD. Na discografia de vocês existem faixas sobre desastres com petróleo, hipocrisia da mídia e outras preocupações sociais. Isso vem do amadurecimento natural dos componentes da banda ou aqueles meninos do Vortex ou Avenger, que começaram o TANKARD há 30 anos atrás já tinham esse tipo de preocupação?
Se você der uma olha mais de perto nas letras, você notará que, lá atrás, nós tínhamos letras pegando alguns temas sociais, não relacionados a cerveja. Talvez não no primeiro álbum, mas, no segundo, sim. "Don’t Panic" por exemplo. Nós não acreditamos que podemos mudar o mundo, mas, algumas vezes temos que dar alguma opinião. Se nós estamos no palco, nós somos um bando de palhaços bebedores de cerveja, mas, certamente, podemos ser sérios - às vezes.
Whiplash.Net: Um passatempo delicioso é fazer a sua própria cerveja. Um outro grande amigo meu uma vez me presenteou com cervejas que ele fez em seu próprio quintal e, cara, foram algumas das melhores que já provei em minha vida. Algum componente da banda compartilha desse passatempo ou gostaria de fazê-lo?
Eu sou o único na banda que se interessa em fazer isso, mas, até agora, eu nunca tive tempo para me dedicar a isso seriamente. Talvez, quando eu me aposentar.
Whiplash.Net: Li em uma outra entrevista que a simbologia da capa do penúltimo álbum, Vol(l)ume 14 estava associada a, além daquele ser o 14 álbum, uma caixa de cerveja comportar 20 garrafas. Você respondeu que os fãs poderiam esperar mais 6 álbuns do TANKARD. É claro que isso foi uma brincadeira, mas, tenho uma ótima notícia pra vocês. Aqui no Brasil, uma caixa de cervejas comporta 24 garrafas. Então, após "A Girl Called Cerveza" ainda poderemos esperar outros nove álbuns do TANKARD. Isso antes de abrirmos a próxima caixa (os Stones estão aí há 50 anos e ainda agitam feito moleques).
Nós também temos caixas de 24 garrafas, mas as garrafas são menores, então, isso significa que só teríamos que fazer singles ou maxis. Seriamente, não pensamos em por mais quanto tempo continuaremos. Temos tido algum tipo de thrash revival nos últimos tempos e ainda temos ofertas para tocar ao redor do mundo, então, enquanto não perdermos o entusiasmo, nós podemos pensar em mais e mais caixas de cerveja.
Whiplash.Net: Vocês vão tocar pela primeira vez em cidades como Fortaleza, qual a expectativa para estes shows? Vocês terão algum tempo para conhecer as cidades, visitar as praias de Fortaleza, por exemplo? Vocês farão show na Praia do Futuro na noite do dia 19. Deveriam vê-la durante o dia.
Como eu te falei antes, nós fizemos alguns shows no Brasil em 2007, mas não tivemos muito tempo para conhecer as cidades por causa do agendamento ruim dos shows. Nós perdemos um show em Cascavel, porque a linha aérea local nos fez passar por um grande aperto. Ficamos em São Paulo naquele dia e tentamos encontrar nossa bagagem extraviada no Aeroporto Internacional. Não conseguimos recuperar tudo mas, quase toda a nossa tralha e eu tivemos um dia agradável dentro de um carro no trânsito parado do hotel para o aeroporto e de volta, enquanto os outros caras ficaram no hotel, bebendo, pra cima e pra baixo. Espero que tenhamos mais tempo de dar uma volta em suas cidades, mas eu acho que não teremos muito tempo pra isso. Se não chegarmos de Manaus muito tarde, certamente iremos à praia. Mas isto não está em nossas mãos.
Whiplash.Net: Vocês podem adiantar alguma coisa do set list desses shows? Imagino que não seja uma tarefa fácil escolher as músicas em uma discografia tão extensa e repleta de sons matadores. O que não pode faltar?
Encontramos uma boa mistura entre o old school e as coisas novas eespero que não decepcione muita gente por não termos tocado canção x ou canção y. Eu não quero te falar muito sobre o setlist e eu nem posso fazer isso porque nós não falamos sobre isso até agora.
Whiplash.Net: A Alemanha é um dos países, digamos, exportadores de heavy metal, especialmente thrash metal, como KREATOR, DESTRUCTION, SODOM, ASSASSIN e o próprio TANKARD. Quais as melhores bandas alemãs, na sua opinião, hoje? E sobre as bandas brasileiras, vocês tem ouvido alguma banda daqui? Qual?
Temos muitas bandas aqui na Alemanha e tocamos com tantos tipos diferentes de metal para os quais não há palavra. Eu gosto, por exemplo, de Dew Scented, Accuser or Abandoned
O que eu realmente gosto do Brasil é o Ratos de Porão, mas eu não sei se eles ainda estão na área ou não.
Whiplash.Net: E eu soube que quatro de vocês (TANKARD, DESTRUCTION, SODOM e KREATOR) vão dividir o palco em um evento que está sendo chamado "The big teutonic 4". Isso é muito empolgante, cara! Você pode nos dar alguma informação sobre isso?
Para as bandas não é assim uma grande coisa. É apenas um festival com mais ou menos velhos punks sérios. Nós já dividimos o palco com todos eles no passado, e todos eles sabem o que tem que fazer no palco. Pra mim, o que seria mais interessante é o que acontece nos bastidores.
Whiplash.Net: E sobre a WAR-HEAD, a banda croata que vai abrir os seus shows na maioria das localidades na América do Sul, o que vocês podem nos contar desses caras?
Eu acho que eles são pessoas legais. Eu estava pedindo a eles para compartilhar alguns dos equipamentos para manter a nossa bagagem nos limites das companhias aéreas e tive respostas rápidas e sérias.
Whiplash.Net: Futebol, outra paixão brasileira e alemã. Em 2014 teremos a copa aqui. Como é a relação de vocês com o futebol? Algum componente da banda teria pretensões de visitar o Brasil novamente para assistir aos jogos?
Eu não me ligo tanto assim para o futebol, mas com certeza eu vou assistir a alguns dos jogos da seleção alemã, se passar a fase de qualificação. Os outros são mais entusiasmado, mas também não tem planos ir ao Brasil apenas para ver futebol.
Whiplash.Net: Bem, este é o fim da nossa entrevista. Você gostaria de convidar todos os seus fãs, e todos os fãs brasileiros de thrash metal para vê-los ao vivo no palco?
Um grande Olá a todos os nossos fãs brasileiros e amigos. Esperamos vê-lo em algum lugar na estrada em Janeiro de 2013. Cheeers, Olaf.
Serviço: O TANKARD faz show em Fortaleza, Belém Manaus, São Paulo e Belo Horizonte a partir desta sexta-feira, 18 de janeiro. Em Fortaleza, o show é produzido pela Gallery Productions e acontece no sábado, 19, na Barraca Garota de Ipanema, na Praia do Futuro. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente na Planet CDs (Galeria Pedro Jorge - Centro da Cidade) por 80 reais, ou no local, antes do evento, por 90 reais. Além do TANKARD, se apresentarão a bandas croata WAR-HEAD, a banda pernambucana PANDEMMY e a cearense FLAGELO.
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