Paul Day: primeiro vocalista do Maiden conta sua história
Por Adriano Ribeiro
Fonte: Voltagemedia
Postado em 09 de novembro de 2011
O nome Paul Mario Day pode não significar muito para muitos fãs de metal, mas certamente é importante para qualquer fã do IRON MAIDEN. Paul foi o vocalista original da banda, cantando com o Maiden nos primeiros meses de sua carreira. Se você consultar biografias do Iron Maiden, como "Running Free" (lançada em 1984 por Gary Bushell), "Infinite Dreams" (lançada em 1996 por Dave Bowler e Dray Bryan) e "Run to the Hills" (lançada em 1998 por Mick Wall), certamente notará que ele é sempre muitíssimo bem mencionado.
A primeira vez que encontrei com Paul foi em 2001, em Newcastle, Austrália, e na época, ele estava morando no litoral australiano já há algum tempo. Eu tinha uma moto e, quando precisei leva-la a uma oficina, um dos mecânicos me perguntou, já que eu estava usando uma jaqueta da turnê do Fear Of The Dark, do Iron Maiden, se eu já havia ouvido falar do Paul Day. Quando eu disse "é claro!", ele respondeu: "Bem, na verdade ele vive em Kotara e trabalha em uma oficina lá". Nesta época eu estava em contato com o fã-clube do Iron Maiden e, como eu estava escrevendo para eles, consegui uma entrevista que foi publicada na revista número 64.
Paul é um cara muito acolhedor e um pouco quieto, que realmente não entendia porque eu queria fazer a entrevista e, inicialmente, não estava muito interessado em faze-la. Depois que eu comecei a conhecê-lo, ele relaxou, e eu entendi que ele é um pessoa muito sincera, humilde e nem um pouco convencida. Paul é um vocalista incrível, que tem uma voz verdadeiramente natural e sincera, cuja versatilidade se torna aparente quando se conhece os registros de sua carreira. Muita gente considera Paul como uma "peça para o quebra-cabeça Iron Maiden", no entanto, ele é muito mais que isso e tem contribuído significativamente para o Metal como um músico, não apenas como "o vocalista original do Iron Maiden".
FASE I - IRON MAIDEN
Paul, quando foi que você começou a ouvir a música pesada e quando você percebeu que tinha uma voz?
Paul Day: Comecei a ouvir música mais pesada entre onze e treze anos. Eu cantava na escola e as crianças adoravam me testar cantando, para descobrir se eu conseguia. Eu queria ser músico, mas não um vocalista. Eu achei que seria bom fazer algo que não fosse realmente um emprego. Eu nunca achei realmente que seria um cantor profissional. Eu tive muitas aulas e trabalhei muito em cima disso. Comecei a cantar com um guitarrista e demorei a tocar com um baterista. Não foi com o Iron Maiden, onde tive minha primeira possibilidade de iniciar uma carreira, que eu senti vontade de ser um vocalista. E quanto mais eu ouvia música, era THE BEATLES, MOODY BLUES e LED ZEPPELIN, que vieram depois no fim da escola. Eu ouvia BLACK SABBATH enquanto eu cantava com o guitarrista. E a essa altura, eu me direcionei à criação de músicas mais sombrias, e eu curtia isso mais do que qualquer coisa. Agora, quando eu ouço o Sabbath hoje, eles não me parecem mais pesados. Simplesmente um rock melódico.
Quais foram as primeiras bandas com quem você cantou? Você cantou com alguém, nesta fase, que fez uma carreira fora da música?
Paul Day: Minha primeira banda foi realmente o Iron Maiden. Antes disso eu fiz uma performance de covers ao vivo, no Railway Social Club, que era do meu pai, mas o Maiden foi a minha primeira banda.
Como foi que você se tornou o vocalista do Iron Maiden?
Paul Day: Eu vi Steve Harris e Dave Smith tocando com a GYPSY’S KISS no "The Pub Bridgehouse" e realmente gostei. Nada escandaloso, eu não sabia que Steve havia começado a tocar há pouco tempo nesta época. Eu trabalhei em uma bicicletaria em Leytonstone, perto da casa de Steve, e ele passou por lá certa vez. Eu perguntei se ele precisava de um vocalista, e Steve respondeu que não naquele momento. Mas cerca de algumas semanas mais tarde ele apareceu e perguntou se eu queria fazer um teste, e eu fiz.
Quais são as suas primeiras memórias dos ensaios com o Maiden e com Steve Harris?
Paul Day: Uma das primeiras músicas que tocamos foi "I’ve Got the Fire", um cover da banda MONTROSE. Imediatamente senti que foi promissor e realmente gostei. Steve me apresentou ao JUDAS PRIEST e foi isso. Estávamos expandindo musicalmente na mesma época que o SABOTAGE e o Judas Priest. Quando me encontrava com Steve, ele me mostrava as músicas e as melodias e então eu trabalhava as partes vocais. As coisas estavam realmente naturais e cada vez que tocávamos juntos, tudo progredia e foi ficando melhor e melhor. Tudo parecia realmente caminhar bem.
Qual foi a diferença entre o Iron Maiden e as outras bandas de pub que faziam o circuito de East End, em Londres, neste momento?
Paul Day: Eu senti que a banda precisava colocar mais covers no setlist. Como os produtores de bandas não respondiam tão bem a nosso favor, eu falei com Steve sobre isso e tive essa resposta: "Eu fico com as minhas armas, pois acredito que vão funcionar." Eu tive minhas dúvidas, mas Steve sabia o que queria e, para ser honesto, ele estava certo: funcionou. Eu admiro muito a sua força e foco com este assunto. Os únicos covers que fizemos foram "I’ve Got The Fire", "Jailbreak", "Simple Man" e, possivelmente, uma música do UFO. Todo o resto era material próprio.
Quais são suas melhores lembranças dessa época?
Paul Day: Acho que foi acreditar, pela primeira vez na minha vida, que eu realmente poderia ser um vocalista. Antes disso, eu não acreditava, e isso me deu a força para seguir em frente. Na verdade, também teve o fato de nos darmos bem! Não me lembro de uma única confusão entre nós. Duas outras coisas, Steve me levou para ver a banda STRAY na Universidade de Woolwich e também Judas Priest tocando "Sad Wings of Destiny". Coisas maravilhosas que nunca me esquecerei.
Como foi sua saída do Iron Maiden e como isso afetou você naquele momento?
Paul Day: Me demitiram após um show, na verdade. Mesmo assim, Steve me avisou sobre treinarmos atuação de palco juntos, por um tempo. Ele me pediu para eu me soltar dentro do trabalho organizado. Eu realmente senti como perder uma namorada, senti que eu tinha perdido o amor da minha vida. Mas isso, na verdade, me deixou chocado nos shows seguintes. Isso foi ruim na época, mas um bom resultado veio disso, porque eu me dediquei e melhorei a minha presença no palco. Eu estava ensaiando com bandas e fazendo covers muito bons.
FASE II - MORE
More foi uma banda brilhante da NWOBHM (Nova Onda de Heavy Metal Britânico) e seu álbum de estreia, Warhead, lançado em 1981, tem algumas faixas fantásticas. A banda era contratada da gravadora "Atlantic Records" e foi apontada, na época, como uma das precursoras do gênero. Ao pensar em algumas outras bandas que, além do More, haviam gravado álbuns na época, Warhead se destaca em comparação aos lançamentos de JAGUAR, SAMSON e ANGEL WITCH, sem dúvida. Nesse momento, a ironia na carreira de Paul foi que ele reencontrou Steve e o Iron Maiden, algo como sete anos depois.
Como surgiu a formação do More?
Paul Day: O baterista do More entrou em contato e me pediu para aparecer em um ensaio. Eu realmente não sabia, eles me encontraram, mas eram todos rapazes locais de qualquer maneira. Eu ensaiei cerca de doze músicas e, em seguida, reescrevi todas as melodias vocais e foi a partir daí. A música era pesada, mas bastante descontraída. Não era exatamente algo que eu gostasse. É difícil de explicar, mas enfim, eu não acho que era para mim. Eu acho que tínhamos influências de GRATEFUL DEAD, que era música americanizada, mas eu era mais enraizado no material britânico - Judas Priest e outras coisas mais complexas. Na verdade, eu pensei em sair, mas eles me convenceram a ficar e a música evoluiu para uma direção mais pesada - na verdade, o baixista deixou a banda neste momento em que a música estava mudando tanto. O guitarrista tinha experiência anterior e ele trouxe um monte de conhecimento para a banda sobre PAs, gravações e todas essas coisas.
Onde vocês estavam tocando nesta época, e com que outras bandas vocês tocaram?
Paul Day: Nós tocamos com Angel Witch e Samson. Tocamos em Krackers ou Checkers - Eu não consigo me lembrar, The Ruskin Arms, The Bridgehouse. Nós não fizemos tantos shows.
Como o negócio com a Atlantic aconteceu, pois este era um negócio muito grande se comparado aos montes de outros negócios que outras bandas conseguiam naquele momento?
Paul Day: Para começar, gravamos uma demo e uma empresa alemã se interessou. Nós gravamos em um estúdio em que o ACCEPT já havia gravado. Tínhamos, então, uma demo com duas músicas, mas nenhuma gravadora mostrava interesse. O pessoal da "Bronze Records" escutou a demo e disseram que estava horrível, principalmente o vocalista. Neste ponto, nós não sabíamos em que direção seguir e desanimamos bastante. Então a enviamos para Tommy Vance, do programa "The Friday Rock Show", e assim conseguimos gravar quatro músicas na estação de rádio. Na verdade, eu tinha bebido uma pequena garrafa de uísque, antes de gravar, para relaxar e me fazer sentir vivo, e para esquecer que era uma gravação. Eu, então, cantei cada faixa mais uma vez e partimos para a mixagem. Antes que a rádio as tocasse, escrevi uma carta em uma máquina de escrever e a enviei para todas as gravadoras que nos fecharam as portas, dizendo para que ouvissem a rádio quando tocassem as nossas músicas, e deixando o meu número. Eu não fui muito educado, mas queria aproveitar a oportunidade. Como resultado, na segunda-feira, três dias após a exibição da noite de sexta-feira, eu havia recebido telefonemas da Polydor, Atlantic e Bronze. Entrei em pânico, mas o guitarrista encontrou um empresário que tinha um estúdio de gravação em Londres, onde nomes como Gillan e AC/DC já haviam tocado. Isso foi bom porque eu não tinha cabeça para o lado do negócio. Quando assinamos com a Atlantic, eu não podia acreditar, pois muitas das minhas bandas favoritas tinham gravado sob este selo. A partir de então nos concentramos muito mais, passamos a nos ver como uma entidade e estabelecemos nossa música sem nos preocupar com o lado empresarial. Isso foi depois do movimento punk e nós estabelecemos a nossa própria identidade.
[an error occurred while processing this directive]Como o álbum foi recebido? Você tem alguma ideia do volume de vendas?
Paul Day: A única coisa que me lembro é que havia cerca de 40 ou 45 mil cópias vendidas somente na Alemanha. Mas para ser honesto, eu não me importava com essas coisas, só queria cantar. Eu era jovem, só queria cantar e viver este estilo de vida. O single "We Are The Band" alcançou o número 47 nas paradas e eu estava feliz com isso. Para o tipo de banda que estávamos em 1981, sem promoção real, eu senti que este era um bom resultado. Abrimos para o KROKUS nessa época e fizemos nossa parte muito bem. Os shows estavam lotados e foi uma experiência muito gratificante, além de termos recebido boas críticas do público e da imprensa.
Como foi a turnê com o Iron Maiden surgiu? Como é que você se sentiu com os outros membros do Maiden?
Paul Day: Alguns meses depois da turnê com o Krokus, estávamos na Europa com o Maiden. Nós não sabíamos bem o quanto éramos conhecidos, mas os shows estiveram sempre lotados quando tocamos. Nós sentimos que as coisas estavam caminhando na direção certa e tudo era bom. Fizemos o nosso trabalho tão bom quanto humanamente possível e a equipe do Iron Maiden foi excelente! Eu me encontrei novamente com Paul Di'anno e Loopy e todos nós estávamos bem, a banda e a equipe foram perfeitas - exceto por um show na Suíça em que não conseguimos passar na alfândega. Foram cerca de três meses longos e muito bem sucedidos para ambas as bandas. Na verdade, eu dobrei meu dinheiro na turnê. Eu estava ganhando £10 por noite, isso foi brilhante, eu adorei. Isso foi durante os últimos dois terços da turnê, o tempo perfeito. Havia um monte de cartazes e a partir de então eu sempre gostei de tocar na Europa. Nós fizemos algum material promocional nesta turnê, e ele funcionou bem. Nós também não tínhamos problemas com drogas, assim estávamos sempre prontos para tocar e não tínhamos problemas.
[an error occurred while processing this directive]Então o que aconteceu entre o Warhead e o segundo lançamento do More?
Paul Day: Fizemos um show e ali começou o atrito entre o guitarrista principal e todos os outros. Na verdade, perdemos Paul Todd, que também tocou um tempo com o Iron Maiden. Foi ficando mais difícil para trabalhar, mas nós abrimos para DEF LEPPARD, SAXON, FOREIGNER e seguimos. Acabamos abrindo para o Black Sabbath, e o guitarrista reclamou que a equipe do Sabbath não estava nos ajudando. Abrir para o Sabbath foi difícil, porque o seu público era muito leal. Fomos expulsos depois de apenas três shows, e eu não tenho certeza se foi devido à reclamação ou não. Olha, o segundo álbum estava a caminho e ele era realmente muito bom. Nós testamos algumas das canções na turnê. Eu realmente acuso o guitarrista e o empresário de estragar o resto da banda e partir deste ponto eu estava fora. Eles disseram que a gravadora não gostou da minha música e, por orgulho, eu parei. Eu me arrependo disso, mas as coisas tiveram redução gradual, porém, eu gostaria de ter gravado o segundo álbum para ver como ele teria se saído.
FASE III - Wildfire
Wildfire lançou dois álbuns, "Brute Force and Ignorance" em 1983 e "Summer Lightning" em 1984, sob o selo da gravadora "Mausoleum Records". Ambos os álbuns são muito fortes se comparados aos álbuns de metal dos anos 80. No entanto acho, pessoalmente, "Summer Lightning" incrível. As músicas deste álbum tornaram-se mais complexas e bastante progressivas, e faixas como "Summer Lightning" e a balada "Give Me Back Your Heart Again" são marcantes mesmo hoje em dia.
Como foi que o projeto Wildfire aconteceu?
Paul Day: Eu comecei a tocar novamente com um guitarrista, Martin Bushell. Ele era um grande guitarrista. Na verdade, eu telefonei para ele no dia que saí do More. Começamos a escrever músicas imediatamente e ensaiávamos em um quarto. Nós gravamos uma demo barata, a enviamos para a Bélgica e é assim que conseguimos o contrato com a Mausoleum.
Quais foram as diferenças de composição em comparação ao que era feito no More?
Paul Day: Com o More eu estava sempre tocando e debatendo ideias. Com o Wildfire nós usamos nossas cabeças. Martin fazia os riffs e eu as melodias. Nessa época eu era motorista de expedição e estava escrevendo letras e melodias no trabalho. "Brute Force and Ignorance" foi muito bem escrito por nós neste momento. Nós fomos inspirados por nossas bandas favoritas, por Martin Schenker, RHODES, [Garry] MOORE e, para mim, RUSH e todos os meus heróis. Nós só queríamos escrever sobre o progresso de outras pessoas, e isso nos lembrou de bandas que gostamos. Nós não queríamos ser cópias de ninguém, mas apenas ser uma extensão daquilo que amamos.
O acordo com a Mausoleum, para mim, parece ser um pouco estranho, pois era um selo independente, em vez de alguém grande como a Atlantic. Como é que este negócio surgiu?
Paul Day: Minha impaciência de continuar cantando, eu acho. Eu aceitei a primeira oferta que apareceu, porque eu achei que seríamos grandes, não importava com quem estivéssemos. Eu não achava que o tamanho da gravadora importasse, contanto que tivéssemos conteúdo. Acho que este foi, possivelmente, um erro, mas eu tinha o vício de cantar ao vivo e estava com medo de parar. Então eu acho que, se for parar para pensar, foi um erro.
Fale-me sobre a gravação do "Brute Force and Ignorance"? O que teve de diferente se comparado ao "Warhead"?
Paul Day: Nós tínhamos todo o tempo que precisávamos, o que era atraente. Mas quando fomos para o estúdio nunca havíamos feito um show. A banda tinha apenas 2 ou 3 meses de idade e ainda estávamos em lua de mel. Foi muito divertido fazer a gravação, foi como se estivéssemos de férias. Nós não tivemos nenhum produtor, e eu era o operador de fita, então estávamos experimentando. A única coisa contra nós era que nunca tocamos juntos, e isso teria ajudado, eu acho. Nós gravamos tudo normalmente, tudo era bom, e fizemos tudo juntos, incluindo a mixagem. Eu ainda amo esse álbum e suas músicas. A gravadora realmente não interferiu e nos deu carta branca. Nós trabalhamos duro, tinha umas cervejas à noite e tudo se encaixou muito facilmente. Na verdade, eu estava com bronquite, enquanto estávamos gravando e eu lutei com isso, mas eu ainda estou muito orgulhoso dele. Eu coloquei as palavras que formavam o logotipo juntas e a empresa colocou fogo nele. O nome veio de quando eu era um mecânico de motor. Uma coisa boa era que estávamos sempre juntos.
A meu ver, "Summer Lightning" é muito mais maduro e complexo, você concorda? Este álbum foi criado de maneira diferente em relação ao primeiro?
Paul Day: Sim, eu concordo. Este álbum foi composto como uma banda. Os membros trouxeram o material para os ensaios e foi um esforço coletivo real. A esta altura tínhamos realmente tocado juntos e nos conhecíamos como músicos e pessoas, então pudemos testar as coisas no palco, antes da gravação. Nós gravamos com os "Rolling Stones Mobile" e a banda tocou em um conservatório, nos estúdios Shepparton, para nos dar um som mais pesado da bateria. Uma sala grande foi boa na teoria, mas realmente não funcionou da maneira que queríamos. O resto foi gravado em qualquer caminhão móvel ou em outras salas. Foi bom que eu sempre tive essa paranoia ao cantar atrás de um vidro. Ao ver as pessoas falando, mas sem conseguir ouvi-las, sempre imagino coisas negativas. Havia um par de canções que eu queria que tivessem uma atmosfera sexy, tal como o som de David Coverdale e tentei gravar assim. Novamente, foi uma grande experiência, mas depois ficou um produtor para mixar o álbum e isso não parecia certo, já que ele não tinha realmente ouvido as músicas antes disso. Para ser justo, ele fez um bom trabalho. Eu ainda achava que um monte de outros álbuns sooumelhor na época, mas fizemos o nosso melhor e estávamos aprendendo. As canções eram progressivas e nós começamos a buscar o nosso próprio som. Estávamos com o objetivo de ser um pouco mais comerciais e alguns membros eram fãs dos DURAN DURAN.
Que grandes turnês você fez com o Wildfire?
Paul Day: Nós abrimos para o HAWKWIND e isso foi bom, considerando que era uma mistura estranha. As pessoas vinham nos ver também. Neste ponto, eu comecei a sentir que assinar com a Mausoleum foi um grande erro nosso, pois o álbum não podia ser encontrado em todas as lojas, e antes da internet esta era a única maneira de se tornar conhecidos. Não temos ideia de quanto vendemos, pois nunca tivemos um retorno da gravadora. Quando solicitamos essa informação, nunca obtivemos realmente uma resposta.
O que levou ao final do Wildfire? Como você se sentiu nesse momento, já esta banda parecia ter uma fórmula que funcionou?
Paul Day: Nós estávamos realmente tentando, mas caímos porque não tínhamos um gerenciamento real ou apoio de agências e o álbum era difícil de ser encontrado. A minha namorada, neste ponto, respondeu a um anúncio na "Melody Maker" sobre uma banda à procura de um vocalista e, então, eu recebi um telefonema do Sweet. Eu não era realmente um grande fã desta banda, mas fiquei impressionado, porque não faltava trabalho para eles. Eu fui a uma audição, cantei algumas músicas e eles disseram que iriam me chamar em um determinado dia, mas isso não aconteceu. Alguns dias se passaram e nada, então eu pensei que era isso. Então eles me ligaram e disseram que eu tinha sido aprovado. Quando eu contei ao pessoal do Wildfire, eles estavam planejando contratar Garry Bardon para ser o novo vocalista e ele era um grande cantor de qualquer maneira.
FASE IV - SWEET
Sweet é um exercício interessante para carreira de Paul. Ao ouvir os álbuns citados acima, é difícil pensar que esta oportunidade poderia ter surgido. No entanto, se você tivesse a chance de escutar o "Live at the Marquee", lançado em 1990 pela Maze Records, veria que ele está em todo o material! Na verdade, existem três músicas originais neste lançamento, as quais são co-escritas com Paul: "Shot Down in Flames", "Over My Head", e "Jump The Fence". Esta, talvez, foi uma dica do que estava por vir neste momento.
Você fez turnês bastante extensas com esta banda, onde você realmente quis chegar e como você foi recebido pelo público nas apresentações ao vivo?
Paul Day: Foi até melhor do que eu poderia ter esperado, pois não sou nada parecido com (Brian) Connolly. Eu acho que posso ter influenciado, na verdade, em como a banda estava soando. Quando fomos para a Austrália nos disseram que esta foi uma das turnês mais bem sucedidas que o promotor já tinha feito. Foi ótimo, minha voz tinha mais peso, mas funcionou. Nós realmente tocamos treze dias na Austrália, sempre com casa cheia. Na verdade, eu só tinha três semanas para aprender as músicas e, como não era fã, tive que realmente trabalhar duro para estar pronto para a turnê.
Você sentiu que este era o seu show real?
Paul Day: Eu me senti parte da banda, senti que fiz a minha própria banda em meu respeito, mas as músicas não eram minhas. Eu senti que eu estava em uma banda cover e o sucesso não era meu, era do Sweet. Pela primeira vez eu era bem pago e cuidado na estrada, me senti bem. Esse sentimento cresceu quanto mais eu estava com eles. Como músicos e cantores, eu realmente tinha admiração pela banda, como um grupo. Eu nunca estive com backing vocals tão bons. Tudo somado, foi uma experiência positiva e isso me fez apaixonar pela Austrália e é por isso que ainda estou vivendo aqui.
As músicas que você escreveu e gravou com o Sweet são realmente fortes. Como foi o processo de composição nesta banda?
Paul Day: Eu trabalhei com Phil Lanzon, e era ótimo trabalhar com ele. Escrever com um tecladista foi ótimo. Eu nunca tinha trabalhado com um tecladista antes e as canções vieram muito rápido. "Shot Me Down With Flames" era algo que eu comecei com o Wildfire e depois trabalhei com Phil para completar. Nós tivemos que ter outros nomes nos créditos como parte do acordo de gravação.
O que aconteceu com a banda, já que vendo o vídeo gravado no Marquee, e ouvindo os sons de estúdio que acompanhavam a gravação ao vivo, tudo parecia muito promissor?
Paul Day: Foi bom, mas eu queria fazer minhas próprias coisas e sentir-me parte de algo. Ninguém estava interessado em nós na Inglaterra, tivemos um agente e nada estava acontecendo. Assim, durante a segunda turnê, tocamos em lugares menores, que nunca estavam lotados. As coisas estavam indo ladeira abaixo e, nesta altura, senti que a Austrália era um lugar legal para se viver e resolvi começar meu futuro por aqui. Eu conheci uma garota na turnê que acabou sendo a tour manager e eu saí. As coisas não estavam funcionando bem na Inglaterra. Eu estava vivendo na Austrália há dois anos e voltei para uma turnê, mas era caro ter que voar de volta, então eles me substituíram por conveniência e eu entendi. Então, para mim, eu queria tentar algo diferente. O álbum e vídeo não foram realmente lançados até que eu estivesse morando aqui há mais de um ano, na verdade. Mas tenho lembranças boas e sempre fui vê-los quando eles estavam na cidade. Sweet foi uma parte boa da minha vida, mas não era a minha música.
FASE V - CRIMZON LAKE
Paul agora tem a companhia de músicos extremamente experientes de Newcastle e com eles iniciou o capítulo mais recente de sua carreira, com o Crimzon Lake. Há pouco tempo, os vi ao vivo no hotel Wickham Park, em Newcastle, e eles foram brilhantes. Um estilo que estava muito firme e confortável com o que estavam fazendo, sem lixo e confusão. Após o show, onde pude conferir o álbum de estreia, o EP autointitulado, e fiquei encantada com a complexidade das faixas - grande musicalidade aliada às letras experientes. Ouvir Crimzon Lake, a melhor maneira que posso descrever, ou comparar, seria a de um URIAH HEEP australiano. Uma banda de pub muito complexa, com influências britânicas, enraizadas em composições virtuosas do final dos anos 70 e início dos anos 80.
Paul, como se iniciou sua história no Crimzon Lake?
Paul Day: Eles vieram me procurar, pois estiveram em busca de um vocalista durante seis meses. Um tecladista lhes disse sobre mim e eles me assistiram na "Warners Bay Tavern" cantando com uma banda de covers. Eu fiz o teste e senti que esta é a banda que eu tenho procurado por 23 anos. A música foi perfeita para mim, fácil para eu cantar e eu poderia contribuir. Foi bom saber que depois de todos esses anos eu ainda tinha o espírito para compor.
Após uma carreira tão longa, você gosta de cantar mais do que quando começou? Quais são as diferenças?
Paul Day: É tão diferente agora. Eu gosto da mesma forma, mas por razões diferentes. Quando eu era mais jovem pensava sobre os bons tempos associados a isso, mas agora eu estou curtindo o momento. Ter uma banda de covers é como ir ao escritório, você faz isso porque precisa, mas com música própria você toca porque quer tocar. Então, eu sempre quero fazer o meu melhor e a recompensa é muito maior com músicas próprias - e o retorno do público é o que faz. Receber esse retorno é um grande sentimento. É um verdadeiro desafio com as músicas próprias quando você recebe o retorno do público. Covers são para fazer dinheiro, mas com músicas próprias eu faria isso até de graça.
Você recentemente lançou um EP auto-intitulado, quando é que o álbum será concluído?
Paul Day: Nós começamos a gravar o álbum, mas ficamos sem dinheiro. Assim, o EP foi lançado para ganhamos dinheiro e podermos finalizar a gravação. Nós somos autofinanciados, por isso temos de ser realistas e não podemos nos dar ao luxo de fazê-lo corretamente no momento.
Em que direção caminha o Crimzon Lake ou onde você quer que ele vá?
Paul Day: Precisamos conseguir uma gravadora interessada. Precisamos ter mais facilidades para fazer músicas. O EP está introduzindo a banda para o público e estamos usando a Internet para obter interesse em outras partes do mundo, eu estou esperando a Europa. Não tenho nenhum interesse em tocar localmente, a menos que abríssemos para bandas maiores, e não apenas tocarmos em pubs para poucas pessoas. Precisamos de gestão, alguém para nos representar. Eu quero evitar os negócios e então poder me concentrar no que eu faço realmente, que é cantar.
Nota do tradutor: Esta entrevista, conduzida por uma mulher que não foi devidamente identificada, foi originalmente publicada pela Voltagemedia, uma revista australiana virtual especializada em Hard Rock. Foi simplesmente traduzida, tal como foi publicada, com ligeiras adaptações dos termos do inglês australiano que não fizeram sentido em uma tradução literal.
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