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Motorocker: Sangue no olho, Rock na veia!

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 23 de janeiro de 2011

São poucos os que vivem de Rock´n´Roll pesado nesse Brasilzão, e nesta seleta lista temos o Motorocker, fera paranaense cuja trajetória está beirando a segunda década. Ok, talvez por falta de parâmetros, muitos só conseguem compará-los com aquela famosa banda australiana, mas a realidade é que Marcelus (voz), Luciano Pico (guitarra), Thomas Jefferson (guitarra), Silvio Krüger (baixo) e Juan Neto (bateria) vão muito além e seu mais novo álbum mostra isso claramente.

"Rock na Veia" representa tudo o que é o Rock Pesado: rebeldia, irreverência, verdadeiras amizades, além de muito amor pelo nosso país, tudo devidamente embalado por apimentadas ondas sonoras das mais distorcidas - e este escriba já o considera como um dos melhores álbuns do gênero cantado em nossa língua materna. O Whiplash! conversou com Marcelus, que, honrando o posto de vocalista, falou pra caramba, e há muita história bacana nas linhas a seguir!

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Whiplash!: Olá Marcelus, como vai? Primeiramente, meus cumprimentos por "Rock na Veia", que está excepcional. Bicho, quais foram os maiores cuidados para que o novo álbum soasse ainda mais forte que o debut "Igreja Universal do Reino do Rock", de 2006?

Marcelus: Fala, Ben! Primeiro, muito obrigado pelo 'excepcional' referente ao nosso novo álbum. Esse é o melhor cachê que existe! Acredito que este álbum soa melhor devido à experiência que a banda somou na estrada durante todos esses anos, e também individualmente como seres humanos, se é que podemos nos chamar assim. Em questão à sonoridade, desta vez demos ainda mais atenção aos timbres individuais das guitarras, e novamente não abrimos mão do uso de encordamentos pesados. Fizemos alguns testes entre os mais diferentes microfones para guitarra que existiam no estúdio, entre os nossos de uso pessoal que levamos nos shows, mas o que fez mesmo a diferença no resultado final foi as mãos de macaco que os guitarristas do Motorocker naturalmente possuem, ou seja, mão pesada e pouca saturação.

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Marcelus: Nosso baterista também fez questão de levar sua bateria feita sob medida, com tambores de dimensões bem avantajadas, o que tornou o som tão pesado em certas horas que tivemos, por várias vezes, 'limar' algumas frequências mais graves da bateria em várias tracks. Nosso baixista entrou com seu novo Music Man no estúdio, trancou a porta e desceu a lenha sem muita frescura. Já eu, testei alguns microfones diferentes pra voz, mas acabei usando o mais velho e tradicional que tinha lá (prá variar).

Whiplash!: Aliás, nada de canções em inglês desta vez...

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Marcelus: Realmente desta vez elas não tiveram vez. Resolvemos deixar de lado parte do nosso material ainda não gravado em língua estrangeira, para no futuro, quem sabe, lançarmos um álbum só na língua dos gringos. Comecei a fazer música muito cedo, então temos muito material ainda a ser lançado.

Whiplash!: Uma questão espinhosa: vocês acham que, com "Rock na Veia", o Motorocker pode vir a se distanciar das comparações com o AC/DC? Boa parte do público ainda possui essa opinião simplista acerca de sua música, e parece ignorar as referências de Slade, Nazareth e até mesmo Motorhead...

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Marcelus: Pois é, você já matou de cara algumas referências gritantes nas músicas do Motorocker, o que muitos críticos musicais que se mostram 'conceituados', pelo jeito nunca haviam percebido. Ser comparado a um gigante como o AC/DC é uma coisa pra lá de boa, uma verdadeira honra pra mim como fã, mas, por alguns leigos no assunto foram feitas comparações que chegaram a se tornar ridículas. Mesmo com todo o acesso à música de todas as épocas, ainda existem pessoas que nem ao menos sabem que esse estilo de Rock que nossa banda e ainda muitas outras fizeram 'ressurgir', já era feito e executado por várias outras das antigas, antes mesmo de o AC/DC surgir. Creio que isso acontece apenas por falta de conhecimento musical, um pouco mais pelo público jovem que conhece apenas as bandas mais famosas dos anos 60, 70 e 80, o que é normal nos dias de hoje, pois a informação para os jovens já vem pronta e filtrada para que eles pensem e infelizmente hajam de acordo.

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Marcelus: Como você mesmo já 'desvendou', e também o nosso público mais 'das antigas' já sacaram de cara que a música que inspirou os 'aleluias' da "I.U.R.R." do nosso primeiro CD, vieram de "Rock n Roll Preacher" do Slade, o que é verdade sim, e "Loudest Rock To Crowd" tem como inspiração a "Let Me Be Your Dog", do Nazareth, isso sem falar nas outras. Mesmo assim, já soube que certas pessoas disseram que 'roubamos' e 'copiamos' esses dois riffs do AC/DC (poderiam ter acertado pelo menos de quem nós tentamos 'copiar' esses riffs, rs!). É claro que também existiram pessoas que falaram que éramos uma cópia de AC/DC só pra nos boicotar, ou entre aspas nos 'menosprezar' em alguns casos, o que só fez a banda vender mais discos pela curiosidade de alguns (o que foi maravilhoso, falando em $). O Motorhead está encrustado como craca em todo o Motorocker, e o AC/DC, obviamente, mais uma influência super natural e direta, como várias outras, obviamente.

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Marcelus: Agora, o que acontece no nosso novo álbum, "Rock Na Veia", é algo muito mais especial para nós. Esse álbum soa Motorocker e só. Talvez alguns fãs mais ardorosos e radicais de AC/DC não gostem deste CD devido ao fato de estar só com a nossa cara, ao invés do que eles e alguns outros imaginem ou tentem nos comparar. Não que comparações seja uma coisa ruim. É natural do ser humano sempre associar uma coisa a outra, para tentar expressar um ponto de vista, mesmo que sem embasamento real sobre determinado assunto. Fazíamos cover do AC/DC, então no subconsciente de algumas pessoas isso já trabalha sozinho, sem que muitos ao menos percebam isto. Vale lembrar que muito antes das nossas influências, nós somos nós mesmos, basta ler as letras e descobrir o nosso dia a dia.

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Whiplash!: Pois é, seus temas vão para muito além do tradicional ‘sexo, drogas e rock´n´roll’. Canções como "Meio Caipira" e "Brasil" exibem uma postura orgulhosa perante a condição de ser brasileiro. A que você atribui o fato de nosso cidadão médio geralmente exaltar sua nação somente em tempos de Copa do Mundo?

Marcelus: Pense num cara que sofre quando a seleção brasileira entra em campo, mesmo sabendo que ali existem alguns mercenários que não mereciam estar vestindo o manto sagrado do futebol mundial. Quanto a esses nacionalistas de merda, que só é brasileiro quando a seleção está em campo e logo depois retira a bandeira do Brasil das janelas quando o Brasil perde, prefiro nem comentar... O brasileiro menos informado não sabe que hoje vive no melhor país do mundo, ou em um dos. Já os mais informados e principalmente aqueles que já camelaram pelo mundo trabalhando e correndo atrás de novas oportunidades, possuem uma visão diferente e muito mais nacionalista. Alguns pela decepção do preconceito que sofreram lá fora, além da ilusão abatida pela falta de oportunidades, e outros simplesmente por aqui estar melhorando a cada dia, se tornaram mais patriotas. Qualquer país do globo terrestre tem problemas, e isso não é novidade para quem ao menos assiste TV uma vez por semana ou lê um jornal, revista, etc. Temos um território imenso, o que já é de dar inveja a muito gringo, repleto das mais diversas etnias e culturas, uma fauna e uma flora maravilhosa que aos poucos aprendemos a preservar, fartura de rango na mesa da grande maioria, e o mais importante: Liberdade.

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Marcelus: Aqui você pode ter a religião que quiser sem que ninguém te mate por isso (como em outros países). Inclusive pode-se TAMBÉM não ter religião. Você pode nascer branco, negro, amarelo, misturado com verde e azul que ninguém realmente tem nada com isso. Essa é a raça do futuro, a raça brasileira! Grande parte do povo brasileiro já tem um orgulho imenso da terra onde vive, e graças a isso, aos poucos estão retomando tudo o que é deles por direito. Tem gente que parece que nasceu só pra reclamar da vida e vê-la passar diante dos olhos sem fazer nada, ou apenas falando inconformadamente de quem faz. E como qualquer desgraça, esse tipo de gente também existe em qualquer país do globo terrestre, podem apostar! O Brasil é ótimo, o que estraga são aqueles que sonham com um lugar maravilhoso fora daqui, só para eles viverem bem e sem fazer esforço (na realidade, todos sabem que esse lugar não existe...). Se trabalhassem e não falassem ou pensassem tanta besteira, estaríamos mais à frente ainda. Nós, sempre que podemos, fazemos a nossa parte por nossa pátria. Foi derramado muito sangue para termos esse território imenso, e acredito que aquele que nasce aqui e diz 'odiar o Brasil', não tenha neurônio suficiente para ao menos reconhecer isso. Esse vende até a mãe para ficar bem! Temos muito orgulho de sermos brasileiros e nos sentimos muito sortudos por termos nascido aqui, depois, é claro, da ditadura militar, rs.

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Whiplash!: Qual a história por trás da canção "Homem Livre", afinal? É uma balada de primeira, mas que inicialmente contaria também com a voz de Ivo Rodrigues, do Blindagem...

Marcelus: Toda vez que toco esta música me dá um cepo de um nó na garganta. Isso acontece não só pela letra que retrata parte da minha vida e de muitos amigos meus que estão aqui (e de outros que já se foram), mas mais pelo fato de ter faltado a voz certa para ela. Quando escrevi essa música, eu falei para o Ivo Rodrigues: "... Tô fazendo uma música tão boa que nem mereço cantar, então como você é o 'cara', vai ter que cantar ela comigo para quem fique bom!...". Ele riu bem alto e topou cantar, sem ao menos escutar a música. Ele era sensacional, muito gente fina, mas infelizmente uma semana antes de entrarmos em estúdio, ele veio a falecer. A perda do Ivo Rodrigues para a nossa cena local foi muito triste, irreparável, inclusive mais ainda para a família dele que também são pessoas maravilhosas. Eu o tinha como um Pai musical... Um espelho, por muitas vezes. Me emociono sempre que me lembro dele. Aquilo, sim, era ser um malária do bem! Hoje o Blindagem tem como vocalista um grande amigo meu, inclusive tão fã do Ivo quanto eu. Blindagem é e sempre será a maior banda do Paraná.

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Whiplash!: Vocês já estão com apresentações agendadas para até 2012. Poucos atingem esse patamar tocando rock pesado! Considerando que muita gente se interessaria em saber como uma banda independente administra seus negócios, que orientações o Motorocker daria a quem tem dificuldades em conseguir espaço para mostrar sua música?

Marcelus: Ben, já que você é um caboclo gente-fina e sabe fazer uma entrevista decente como poucos, vou te contar o segredo. Primeiro, você deve amar realmente o que faz na vida, seja o que for, então escolha bem cedo algo que realmente goste de fazer, para possivelmente poder aguentar briga feia em tempos ruins. Tocar em uma banda não é pra qualquer um. Não sou de longe melhor que ninguém, não me interprete mal, digo isso porque estou nesse negócio há mais de 20 anos e já vi muitos abandonarem a estrada, mesmo quando estão ganhando grana e desfrutando de certos privilégios que esta vida nos dá. Todos neste mundo têm um papel vital para que as coisas corram bem. É o tal do equilíbrio. Todos precisam de algo que o outro o faça, então todos merecem respeito se estão fazendo algo sincero por suas vidas. É só observar as pessoas frustradas consigo mesmas, que falam mal dos outros como lavadeiras inconformadas, e vão ficar nessa e morrer assim. É triste, mas é a vida que escolheram. Eu sempre tentei fazer da minha vida um ensino, então se os negócios vão bem hoje, é por que um dia tive que aprender da pior forma, ou seja, caindo, quebrando a cara e vendo 1.000 portas baterem na minha cara. Já fomos roubados e enganados dezenas de vezes, mas hoje a craca que criou em nossas costas está mais dura que um dormente de trem, então fica bem difícil nos fazer de otários hoje. Além do risco de apanharem da banda e dos nossos fãs... rsrsrsrs (brincadeira).

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Whiplash!: Ainda que não tenham alcançado todo o Brasil, é perceptível que o Motorocker esteja tocando cada vez mais ao norte. Quais as maiores dificuldades neste sentido?

Marcelus: Meu pai já me dizia: "... Filho, a vida não é fácil, então se acostume com isso...". Esse ditado já me preparava para qualquer parada horrível que pudesse vir. Já tocamos praticamente por comida e pouso nos litorais em alguns verões passados, mas graças a Deus hoje as coisas estão andando muito bem. Descobrimos que temos fãs que se identificam com o Motorocker em várias cidades desse País maravilhoso, e em grande número. Sempre achei que no Sul, onde nascemos, vivemos e valorizamos nossa cultura, fosse o lugar mais Rock´n´Roll do Brasil, mas hoje eu já me questiono. Do Centro-Oeste para cima existe uma resistência Rocker no interior de dar inveja à muita capital. Estamos aos poucos encontrando nossa turma também em São Paulo, o que me faz acreditar ainda mais que o Rock Pesado está longe de morrer por lá também. O público que é verdadeiro entre eles mesmos, que curtem e conhecem Rock ou Metal estão aí e sempre estarão, independente se estão no Oiapoque ou no Chuí, e nós iremos até eles custe o que custar. Os veículos de informação que tem uma visão distorcida do som pesado ou de gente que usa algum visual ou várias tatoos, eu quero mais é que se fodam. Nunca dependemos deles para nada. Imagine: se já tocamos praticamente por comida e não nos entregamos, imagine agora que estamos nos dando bem.

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Whiplash!: Marcelus, sem querer puxar teu saquinho verde-amarelo, mas você é um frontman de primeira, constantemente conectado com o público durante os shows. Entre suas camaradagens e provocações, nunca rolou algum tumulto? Pergunto, pois você comentou sobre um gás-pimenta que jogaram sobre o público em uma de suas apresentações pelo sul, e consequentemente houve aquele problema com os 'gases' (intestinais) em Floripa...

Marcelus: Mas você é um verminoso mesmo! Lembrou até dos peidos que saíram no microfone em Floripa! Naquela semana, havíamos passado por três cidades de SC, e na anterior à Floripa, tocamos em um clube na cidade de Itaiópolis... Daí você já pode imaginar, o lugar estava entupido de gente, havia muitos fãs do Motorocker e de som pesado em geral, mas também dividiam o espaço muita gente curiosa, alguns muito bem vestidos inclusive, que não sabiam quem ou o quê éramos, mas imaginavam que fossemos famosos e foram ver. Começamos com "Rock Na Veia" e alguns já começaram a se empurrar e ficar bem loucos, mas foi na "Vamo Vamo" que o bicho pegou de vez... Era gente caindo em cima de gente, bebidas voando e a piazada pogando, daí alguém se sentindo ameaçado com tanta 'selvageria' atirou gás de pimenta pra cima, o que resultou em cerca de 800 pessoas saindo às pressas pra poder respirar direito.

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Marcelus: Alguns passaram realmente muito mal, só voltando pra dentro do clube após 20 minutos, mas como tem gente 'carniça' nesse mundo, a maioria ficou lá dentro curtindo Motorocker com gás de pimenta, vermute, gritaria e guitarra ardendo no ouvido. Eu dei uma engasgada feia com aquela desgraça, dei uma sonora pigarreada e falei: "...Bugrada, agora vou ter que cantar um Motorhead pra limpar a garganta...", nunca cantei tão bem "Ace Of Spades". No outro dia, a banda toda estava com dores de estômago e vomitando uns troço verde, outros tiveram desarranjos, mas no final tá todo mundo aí vivo e pronto pra outra! Quanto às brigas, no geral, nunca acontecem durante o show do Motorocker, e se um dia acontecer, eu mesmo mando os seguranças tirarem o 'machão' do recinto. Um dia um rapaz tacou uma lata de cerveja na banda, mas percebi que não foi por mal, o cara só estava doidão e curtindo chamar a atenção, mas o público não entendeu por esse lado e acabaram linchando o cara lá fora. O rapaz teve que ser socorrido por uma ambulância. Foi horrível. A galera que vai realmente pra curtir um show odeia gente que taca coisas nas bandas. Você nunca sabe que o cara que está do teu lado em um show não é camarada da banda, então não jogue coisas no palco... rs.

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Whiplash!: Além de tocar prá cacete e beber ainda mais, que outros planos o Motorocker tem para 2011? Ouvi comentários sobre a vinda de um DVD e até um livro... Isso são fatos?

Marcelus: Já existe a possibilidade de um livro oficial, mais especificamente uma biografia 'semi'-autorizada do Motorocker, feita pela jornalista curitibana Bruna Magno. Ela colheu fotos nossas de várias épocas, fotos das mais de 50 tatoos do Motorocker no couro da bugrada, além de depoimentos dos mais diferentes tipos de fãs que temos, dos mais antigos, que conhecem e acompanham a banda há quase duas décadas, até os mais novos. Pretendemos lançar um novo álbum ainda em 2011 (se sobrar tempo entre esta montoeira de shows). Vamos lançar dois ou mais clipes este ano, e pra 2012 um puta DVD! Vamos também investir mais nos produtos com a marca da banda. A galera tá cobrando.

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Whiplash!: Bom, cara, talvez você já esteja cheio de contar essa história, mas, sobre o lance de o próprio AC/DC ter elogiado os covers que o Motorocker executava no início da carreira... Já ouvi uma porrada de versões (até mesmo uma em que um de seus guitarristas estava mijando, quando o Angus entrou no banheiro e teceu o tal elogio, é mole?), mas o que rolou de fato?

Marcelus: Cada coisa que o povão fala! rs. Na verdade o que aconteceu foi o seguinte: em 1996, dias antes do show do AC/DC em Curitiba, eu gravei algumas fitas cassetes, uma coletânea dos melhores covers de AC/DC que fizemos em três anos de shows, mais duas músicas próprias. Depois de eu ter decorado um texto de apresentação em inglês semanas antes, fui me apresentando e entregando esses cassetes para alguns gringos ali na Pedreira (local onde aconteceu o show) na montagem do palco dias antes do show. Daí, bingo! Umas das fitas caiu nas mãos do Bob Wine (assessor do AC/DC) e outra caiu nas mãos do Malcolm Young a intermédio do nosso guitarrista da época. Quando eu voltei no outro dia à tarde na Pedreira para ver a passagem de som, depois de um tempo observando a equipe transitando pra lá e pra cá, eu vi o Angus saindo de trás dos amplificadores com a guitarra tocando alguns acordes de blues. Eu falei: "...Meu caral**, olha o Angus ali!...". Aí o Bob Winnie chegou na beira do palco, apontou para mim e falou algumas coisas, mas não entendi nada, daí o Angus fez sinal de positivo com a cabeça e eu comecei a tremer feito vara verde. Eles saíram para trás do palco e eu falei naquele momento: "... Nossa, por que eu não pulei essa barricada e me joguei na frente deles, ou sei lá, fizesse algo para chamar a atenção antes de irem embora...?". '‘... Eu sou um estúpido mesmo... '', pensei...

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Marcelus: De repente os caras saem de trás do palco, vêm em minha direção e o Angus disse: "Jump the gate (pule o portão)". Eu, quase tendo um infarto, pulei e já pedi para tirar uma foto. Ele disse "... Sure, sure (Claro, claro)...". Eu me apresentei e ele respondeu "...I know, I know. You have a great future (Eu sei, eu sei. Vocês têm um grande futuro)...". Ele falou: "... Eu nunca vi um cover tão bom da nossa banda. Vocês estão de parabéns...". Ele repetiu: "...Você tem um grande futuro...". Tirei uma foto com o Angus e fui correndo para o hotel que o AC/DC estava hospedado, onde minha irmã Ana Paula e o resto da banda faziam plantão 24 hrs. Chegando lá, comecei a tagarelar para todo mundo o que tinha acontecido, todo ofegante, estabanado, daí o nosso antigo guitarrista começou a gaguejar: "... Você é que não sabe o que... que aconteceu...". Ele era realmente gago, mas naquela hora foi quase impossível entender qualquer palavra... O Malcolm tinha descido no hotel e falado a mesma coisa para todos... Bota fé? O vocalista, Brian Johnson, estava no hotel nessa hora. Ele perguntava "... Where is the fucker singer? (Onde está o vocalista?)...". Ele queria me conhecer e eu estava na Pedreira... Parece sonho, mas foi real! Foi um encontro-desencontro maravilhoso! Foi o maior pontapé na bunda que a gente poderia levar para ir para frente!. Só lembrando que este mérito também é de quem tocou com a gente naquela época, e hoje não estão no Motorocker. A banda que tínhamos ajudou a montar a operação para conhecer o AC/DC, e sem eles eu não teria conseguido tantos arregos hoje em minha vida. Era uma ótima turma de músicos e amigos, realmente. Era gente feia e mal vestida, porém com coração de ouro...

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Whiplash!: Beleza, Marcelus, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja muita resistência aos fígados para suportar tantas doses de querosene... O espaço é teu para os comentários finais!

Marcelus: Eu não sou muito bom nessas coisas, mas o que posso fazer é agradecer a Deus por ter me colocado nos lugares certos nas horas certas, e de ter conhecido meus melhores amigos.

Contato:
http://www.motorocker.com.br
http://www.myspace.com/motorockerbrazil

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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