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Mr Ego: de volta com deuses e muito Heavy Metal

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 06 de julho de 2009

O Mr Ego, natural de Monte Azul Paulista (SP), está na ativa desde 1995 e possui uma discografia bastante tímida - Apenas "Egocentric" (98), além da participação em coletâneas e singles. Mas estes poucos registros sempre conseguiram uma repercussão extremamente positiva por parte da mídia especializada, e "Mythology", lançado há pouco pela Free Mind Media, tem tudo para fazer com que a banda escale mais um patamar em sua busca pelo reconhecimento.

"Mythology" possui um tema central ao abordar alguns dos principais deuses da antiga Grécia, sendo dono de um carismático Heavy Metal, muitas vezes tão trabalhado que beira o Prog. Um belo álbum, e o Whiplash! foi conversar com a banda, que tem em sua formação Júlio Vieira (voz), Iuri Nogueira (guitarra), Igor Nogueira (teclados), P.A Vieira (baixo) e Alexandre Zanetti (bateria).

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Whiplash!: Olá pessoal! Seu primeiro álbum, "Egocentric", foi liberado em 1998. A partir daí, o Mr Ego se limitou apenas a três demos, para enfim, dez anos depois, chegar ao tão esperado segundo disco. Quais os entraves que ocasionaram toda esta demora entre um disco e outro?

Júlio Vieira: Foram várias mudanças de formação. Quando uma se entrosava, alguém saía. Então tínhamos que começar todo o processo novamente, além de querermos, eu e meu irmão, termos a certeza de que estávamos com as pessoas certas para lançar outro CD completo. Não existe nada pior que lançar um disco e em seguida alguém sair. Tentamos evitar isso ao máximo.

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Whiplash!: Há tempos suas canções vêm flutuando entre o Heavy e o Prog Metal, com muita agressividade, mas de apresentação melódica sempre cativante. Considerando que a maioria das canções é de autoria de Iuri e Júlio, atualmente existe alguma limitação auto-imposta no momento de compor?

Júlio Vieira: Eu diria que a única preocupação, e não limitação, é que tenha melodia. Algo que você possa "cantarolar", assoviar. Todos na banda contribuíram nas composições. Eu e o Iuri aparecemos mais nos créditos porque realmente a maioria das melodias e arranjos é nossa. A maioria das letras, se não me engano, é do Alexandre Z (baterista). Posso afirmar que todos contribuíram, foi um processo bem democrático.

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Whiplash!: "Mythology" tem um conceito central. Poderiam falar mais sobre o assunto?

PA Vieira: Todas as músicas são baseadas em alguns deuses da mitologia grega. Não é um CD ‘conceitual’, definimos como ‘temático’. Procuramos colocar as músicas dentro de uma cronologia. Começa com o Chaos seguido de Zeus, Poseidon, Hades até chegar na Caixa de Pandora, que seria os dias de hoje.

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PA Vieira: Têm outras ‘sacadas’ nas músicas, mas vou falar apenas uma. Na música de Hera tem um pequeno trecho da música de Zeus (uma citação). Hera era esposa de Zeus.

Alexandre Z: O conceito sobre criar um material sobre mitologia, mais propriamente sobre os deuses mitológicos, fez com que a banda, na parte das letras, pudesse não somente se apegar ao que foi ou ao que fez referido deus. Mas usar referências que resgatassem algum sentimento ou recordassem suas ‘pregações, ‘sagas’ ou seu personagem propriamente dito, englobando também os personagens ao seu redor. Foi fantástico poder escrever sobre um tema tão abrangente e sem qualquer tipo de restrição artística.

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Whiplash!: O desempenho de Júlio Vieira é muito emotivo. O quanto ele poderia dizer que evoluiu como vocalista ao longo dos anos?

Júlio Vieira: Com emotivo você quis dizer ‘com sentimento, feeling’, certo? Se realmente for isso, a resposta é simples: canto o que a música pede. A meu ver, cantar é isso, transmitir através do canto, da voz, o sentimento que a música ‘sugere’.

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Júlio Vieira: Infelizmente há quem ache que cantar Metal, é cantar agudo, muito agudo, ou ‘gritar’. Nada contra. Existem excelentes bandas que tem esses adjetivos, mas não é só isso que determina a qualidade de uma banda, ou vocalista. Deve-se analisar a música como o todo, a banda como um todo.

Júlio Vieira: Quanto à evolução, vem naturalmente com o passar dos anos. Com estudo, ensaio... Enfim, é natural. E acho que evolui nesse sentido: canto o que a música necessita, respeitando meus limites.

Whiplash!: Bom, Júlio, com certeza você transmite muito bem o que a música necessita. E como rolou a escolha dos convidados que participam do novo disco?

PA Vieira: Foi um grande prazer contar com os convidados. O único que não tínhamos tanto contato era o Udo, que nossa empresa de assessoria (MS Metal Press) fez o contato. Já Felipe, Leandro e Rodrigo são amizades antigas, então, ficou mais fácil.

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Whiplash!: Vocês soltaram três singles como prévia para o lançamento de "Mythology". O quão este tipo de material contribui efetivamente para a divulgação de um novo disco?

Júlio Vieira: É uma forma legal de manter o nome da banda ‘vivo’ enquanto está em estúdio gravando. Serve também de termômetro para saber o que o público está achando do novo material.

Whiplash!: Por onde a "Mythology Brazilian Tour 2009" está passando, e como está sendo sua repercussão? Quais das novas músicas têm se destacado ao vivo?

Júlio Vieira: Começamos pelo interior de São Paulo, que é onde estamos, e pretendemos ir para as capitais também. Estamos trabalhando para isso. Quanto às músicas, ainda é cedo pra dizer, pois as pessoas estão adquirindo os CDs agora, então demora certo tempo para ‘digerí-lo’.

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Whiplash!: Imagino o transtorno que vocês passaram no início de sua turnê... Como o público reagiu ao saber que vocês simplesmente ainda não tinham os novos CDs para comercializar?

Júlio Vieira: Foi tranquilo, pois ficamos sem os CDs em apenas dois shows, e muitas pessoas nos conhecem pessoalmente, então acabaram comprando o disco depois. Além disso, iremos voltar em breve nesses locais para outra apresentação e levar os CDs para aqueles que não tem contato conosco. Não houve muito problema com relação a isso. Caso continuasse por mais shows, aí sim, seria mais complicado. Felizmente a Free Mind se mobilizou para resolver o mais rápido possível e não tivemos maiores complicações.

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Whiplash!: O baterista Alexandre Zanetti lançou no mercado brasileiro seu modelo de WorkShop. É uma boa ocasião para isso, não? Qual seu conteúdo técnico, afinal?

Alexandre Z: Com certeza é uma hora bem propícia. Porém, seria impossível eu lançar um WorkShop que não tivesse um foco maior em double bass, pelo trabalho realizado em "Mythology", mas a idéia é englobar vários outros temas como: postura, interpretação, acompanhamento e ditado musical, que em minha opinião é o ponto inicial e essencial para qualquer baterista, sendo muito pouco difundido hoje em dia.

Whiplash!: É inegável que muitos vêm contribuindo sistematicamente para o desenvolvimento do underground brasileiro. Mas, ainda assim, qual o aspecto que vocês consideram mais complicado na indústria musical de nosso país?

Júlio Vieira: Heavy Metal no Brasil é bem complicado. É só pra quem gosta muito mesmo, pois o público geral ignora o Metal, e o público específico acaba tendo certo preconceito com as bandas daqui. Compram CDs de bandas estrangeiras, mas não compram das bandas daqui. O mesmo ocorre com os shows, além dos produtores, também, na maioria das vezes, só querem explorar as bandas nacionais.

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Júlio Vieira: Quando os produtores e público (parte... Não vamos generalizar) valorizarem mais nossas bandas, o Brasil terá um excelente mercado para o Heavy Metal.

Whiplash!: Vocês têm alguma meta específica para o futuro, ou estão se adaptando de acordo com as possibilidades?

Júlio Vieira: Nossa meta é conquistar o maior número de fãs possíveis, mostrar nossa música pelo Brasil e, porque não, pelo mundo. Trabalhamos forte para isso e esperamos contar com o apoio da galera de mente aberta, que sabe que tem bandas de qualidade no Brasil.

Whiplash!: Pessoal, agradeço pela entrevista e o espaço está aberto para suas considerações finais:

Alexandre Z: Obrigado e continuem a apoiar as bandas nacionais, pois só assim a cena pode crescer e se tornar realmente forte.

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Júlio Vieira: Muito obrigado, Whiplash!, continue com o excelente trabalho e nosso muito obrigado também aos leitores. Para conhecer um pouco mais sobre o Mr. Ego, acesse www.MrEgo.com.br. Lá tem todas as informações da banda, links para o Myspace e Youtube. Valeu!!!

P.A Vieira: Muito obrigado à todos que apóiam a banda desde o início e aos novos fãs! Nos vemos na Mythology Tour!! Valeu Whiplash!

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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