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Mad Dragzter: "O direcionamento será 100% Thrash Metal, old school"

Por Maurício Dehò
Postado em 28 de abril de 2008

Apesar de ser sucesso de críticas e de público, "Killing the Devil Inside" não alavancou a carreira do Mad Dragzter como podia. Misturando Thrash com uma sonoridade própria, muito atmosférica e moderna, o sucesso do disco parou no gosto de parte da banda e também em problemas que impediram que fosse realizada uma turnê para o disco – as músicas nunca foram apresentadas ao vivo. Mas 2008 marca um recomeço para os paulistanos. Tiago Torres (guitarra e voz), Gabriel Spazziani (guitarra), Armando Benedetti (baixo) e Eric Claros (bateria) já estão em fase de produção do terceiro disco da banda, com o sugestivo nome de "Master of Space and Time". Conversamos com Tiago, que lidera a retomada de um som 100% Thrash para o grupo, ao estilo dos seus heróis da década de 80. Ele ainda explicou o tema do novo trabalho, que abordará suas crenças religiosas e muito mais.

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O disco Killing the Devil Inside, que vocês lançaram no fim de 2006 é muito bom e teve um retorno positivo do público. Mesmo assim, você principalmente, Tiago, queria algo mais direto...

Tiago Torres: Na verdade todo mundo gostou, acho que da minha parte foi uma coisa pessoal, porque demorou muito, deu uma cansada de mexer em mixagem, masterização. É um puta disco, completo, com um estilo diferente, baseado no Thrash, mas que é eclético, com partes até de Hard Rock. Não é exatamente o que quero para o Mad Dragzter desde o começo. Quero uma coisa muito mais porrada, mais direto, veloz. O direcionamento que a banda vai tomar agora é 100% Thrash Metal, old (school), muito rápido. Não vai ter mais essas misturas, será porrada na veia. Acho que o "Killing..." tem um pouco disso, mas não haverá nada que não seja assim.

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A princípio, você queria fazer um disco solo. Este material que você tinha composto virou o trabalho novo do Mad?

Tiago Torres: Eu venho compondo muita coisa, que seria um trabalho solo, de Thrash, com alguns convidados. Mas o Mad Dragzter é a banda que fundei com o Gabriel e tudo o que compus acabou virando este terceiro disco do Mad. Ao invés de transformar num projeto, pegamos tudo isso para o novo disco.

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E ainda sobre o "Killing...", vocês não chegaram a se apresentar ao vivo. Por que?

Tiago Torres: Lançamos em dezembro de 2006 e o disco foi bem pra caramba, entrando em várias listas de melhores, com boas notas. Foi parecido com o "Strong Mind". Mas, como te disse, ficamos cansados, eu não fiquei muito contente por ter tido a mão de muita gente e eu queria algo mais direto. Além disso, o Eric foi morar seis meses na Inglaterra, o que deu uma atrapalhada, mas agora está de volta para gravar o disco, sair em turnê e para tocarmos em lugares em que nunca fomos no Nordeste, Centro-Oeste, Norte... Também no Rio, que nunca tocamos. O terceiro disco vai ser quase um recomeço, muito mais agressivo do que tudo que já fizemos. Vai ser muito menos elaborado, com menos preocupação de ficar tudo perfeitinho, será raiz mesmo.

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Mas você não gostou do segundo CD?

Tiago Torres: Não é que não gostei. Todos gostaram, mas eu sou o mais raiz de todos, eu e o Armando que somos mais fãs de Thrash e Death. O Eric por exemplo é mais eclético, gosta de Metal Tradicional, Hard Rock, o Gabriel mais ainda, então para eles aquela mistura era o ideal, mas não para mim. Quando o Mad Dragzter começou, a intenção era ser uma banda de Thrash Metal. Na linha do que ouço, só música velha: Slayer, Testament, Exodus. Quero uma banda à altura dos meus heróis. E houve essa mistura. O Mad Dragzter não é isso, não é mainstream, então o terceiro disco vai ser porrada, quem curte Thrash vai amar.

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Já começou a fase de gravação?

Tiago Torres: Já começamos a gravar as demos de todas as músicas, mas a maioria das coisas está composta. Devemos entrar no estúdio para gravar, em maio ou junho. A idéia é lançar até agosto e aí já sair em turnê, tocando pra caramba e com aquele mesmo esquema de lançar as músicas na Internet.

Deu retorno este trabalho de divulgação das músicas online?

Tiago Torres: Cara, deu pra caramba. Não sei quantos, mas teve acessos do mundo inteiro, dá para ouvir até hoje no site e muita gente conheceu a banda de escutar lá. Para um grupo pequeno como nós, não tem jeito, a Internet é um grande meio de as pessoas conhecerem e vai continuar sendo.

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E o novo álbum terá uma temática específica, não é? Será conceitual?

Tiago Torres: Este é um disco que vai falar de um tema só, chamará "Master of Space and Time" - mestre do espaço e do tempo -, e a galera vai descobrir do que estou falando. Cada música terá conexão com a outra, são todas amarradas. Deve ser longo, como todos que fazemos, terá uma faixa instrumental grande, que chamará "Almighty", e é um disco totalmente conceitual mesmo, para a molecada pensar. Será profundo, filosófico e rápido (risos).

Pelo que você disse, "Master of Space and Time" terá um cunho religioso nas letras?

Tiago Torres: Tem, sem dúvida. Na verdade tem um tom filosófico profundo e para mim religioso, mas para muita gente talvez isso nem apareça. Isso tem muito a ver com a minha fé, não com o que os outros integrantes da banda acreditam, já que eu escrevo as letras. Vai ser uma coisa mais profunda, vai falar de ciência, futuro, matemática... e física, química e Deus (risos).

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De onde surgiu esta idéia de temática?

Tiago Torres: Eu gosto muito de ficção científica, futurismo, dessa coisa de espaço, e tem todo o lado religioso de como muitos matemáticos e físicos descobriram algumas coisas a respeito desta coisa maior, que é Deus, graças à ciência. E esta é a brincadeira que vamos fazer, num disco onde vou falar das minhas crenças de uma maneira subliminar, não tão direta, e vai ficar para cada um interpretar. Mas vou falar da coisa mais importante que temos na nossa vida, que é Deus. Para cada um ele é de uma maneira, de um formato, mas vou escrever como o enxergo.

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Como você vê isso de entrar num assunto tão polêmico?

Tiago Torres: Hoje em dia, temos descoberto algumas coisas engraçadas. Tem o Tom Araya, que se declarou católico e disse que acredita na Santa Trindade, o Dave Mustaine também, entre tantos outros. Acho que se torna corriqueiro, porque tem tanta gente que foi bad boy no passado e enxerga qual é a realidade, não tem jeito. Mas não vai ter pregação, não é a intenção. Quero falar que, qualquer caminho que você procure a verdade, seja a ciência, estudar o universo ou o surgimento do ser humano, você não vai conseguir fugir da resposta que tem um mestre do espaço e do tempo. E uma hora você vai encontrar ele na curva. Eu encontrei de um jeito, cada um encontra de uma maneira. Essa é a mensagem, num disco extremamente agressivo, rápido.

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E esta combinação de um tema como esse e a agressividade da música do Mad Dragzter?

Tiago Torres: O Mad Dragzter é uma banda de Thrash Metal, não de White Metal. Eu sou um cara que gosto de tudo no Thrash, desde Living Sacrifice, Believer, que são bandas White de Thrash, até Slayer e qualquer banda que não tem nada a ver com isso. Sempre gostei das bandas mais politizadas, que é a cara do Mad. Este terceiro disco optei por ter um tema mais espiritual, do que estou vivendo. Mas para um quarto disco não devo falar sobre isso. Não tenho nada contra o White Metal, mas deixo claro que o Mad não é uma banda de White Metal. Cada um escreve, toca e fala o que quiser, é problema de cada um, depois cada um acerta suas contas. Eu, só desta vez, quero falar de um modo diferente com a molecada, de experiências minhas que muita gente vai entender e compartilhar.

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O tema tem alguma coisa a ver com o nome do segundo disco, em que vocês estariam "matando seus demônios interiores"?

Tiago Torres: As minhas crenças sempre foram as mesmas, agora deu uma aguçada. Mas se você pegar o "Killing...", não vai achar nenhuma letra que fale disso. Só que ali falamos de purificação de alguma maneira. Se fala de uma purificação na política brasileira, na miséria, está falando de bem, então nesse sentido sim. O Mad Dragzter sempre foi meio justiceiro, o que não concordo vou lá e arregaço nas letras.

Você disse anteriormente que só ouve Thrash das antigas. Alguma coisa mais recente tem te impressionado?

Tiago Torres: De banda nova, quase nada. A nova onda americana tem coisas legais, como o Lamb of God, mas eu só ouço Thrash velho. O novo disco do Exodus, por exemplo eu curti bastante, ouvi um pouco do Messugah novo, que é do caralho, mas não descobri nada novo. Das últimas acho que o Nevermore.

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É verdade que, além do disco, você está montando uma grife de roupa também?

Tiago Torres: Todo mundo chama a banda de Madz. De tanto chamarem, criei uma marca de roupa, que será masculina e feminina, mesclando um monte de coisa. O conceito é Thrash Metal, surfe e "muié", que é o que todo mundo acha mais importante (risos). Vai ter camiseta, bermuda, já começou até a vender na internet. Vamos criar essa marca e vai pegar.

Mas não vai ser caro como a Cavalera?

Tiago Torres: Não! Vinte cruzeiros a camiseta (risos).

Já pensou na relação entre o terceiro disco de vocês com outro "Master", o do Metallica?

Tiago Torres: É, terceiro disco. Não tinha pensando na verdade, mas um pessoal já me falou a mesma coisa. O "Master of Puppets" para mim é o melhor disco da história e não só do Metal. Mas é coincidência, se o nosso "Master" for um milionésimo do que foi o do Metallica será maravilhoso.

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Por fim, uma mensagem para a galera que não pôde acompanhar o Mad na estrada depois do "Killing The Devil Inside" e que deve estar esperando pelas novidades.

Tiago Torres: Muita gente falou disso, que não fizemos a turnê do "Killing...", mas vamos sair para tocar com o "Master...". Tem muita gente que, apesar de termos um monte de riffs e sermos totalmente influenciado pelo Thrash, fala que somos muito modernos. Todo mundo que curte o Thrash dos anos 80 vai ter de ouvir o disco. É para essa molecada, para quem gosta do Metal alemão das antigas, das bandas da Bay Area. Mad Dragzter é moderno? Moderno o cacete! Você vão ouvir riff, velocidade, pegada, guitarra na cara, vocal agressivo... A fórmula dos anos 80 vai estar no disco. E, com certeza, quem já conhece vai gostar. É Thrash na veia!

http://www.maddragzter.com.br
http://www.myspace.com/maddragzter1

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Sobre Maurício Dehò

Nascido em 1986, é mais um "maidenmaníaco". Iniciou-se no metal ao som da chuva e dos sinos de "Black Sabbath", aos 11 anos, em Jundiaí/SP. Hoje morando em São Paulo, formou-se em jornalismo pela PUC e é repórter de esportes, sem deixar de lado o amor pela música (e tentando fazer dela um segundo emprego!). Desde meados de 2007, também colabora para a Roadie Crew. Tratando-se do duo rock/metal, é eclético, ouvindo do hard rock ao metal mais extremo: Maiden, Sabbath, Kiss, Bon Jovi, Sepultura, Dimmu Borgir, Megadeth, Slayer e muitas, muitas outras. E é de um quarteto básico que espera viver: jornalismo, esporte, música e amor (da eterna namorada Carol).
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