Em 18/09/1970: Morria Jimi Hendrix, aos 27 anos de idade
Por José Luis Moreira
Postado em 18 de setembro de 2020
Há 50 anos o rock’n’ roll perdeu seu emblemático guitarrista. Mestre dos mestres em seu instrumento, Jimi Hendrix, nascido Johnny Allen Hendrix, no dia 27 de novembro de 1942, em Seattle – EUA, e falecido em Londres, aos 27 anos de idade, na madrugada do dia 18/9/1970, num quarto de hotel onde de sua namorada estava hospedada no bairro de Notting Hill.
Existe, ainda, muita obscuridade sobre as circunstâncias que causaram sua morte, mas o que se sabe é que Hendrix tomou várias medicações diferentes para conseguir dormir, o que o levou a vomitar com muita intensidade e fez com que ele acabasse sendo asfixiado pela inalação de seu próprio vômito. Após ser socorrido por uma ambulância, teria chegado sem vida ao hospital.
Durante os quatro anos de sua curta e meteórica carreira, o genial guitarrista foi o mais importante e inovador músico de sua época. Ainda em vida, influenciou vários guitarristas de renome nos quatro cantos do mundo, e, passado meio século de sua morte, continua influenciando centenas de guitarristas pelo mundo afora, seja no rock and roll, seja no R&B e no próprio blues. Dono de uma técnica extremamente apurada, com dezenas de riffs memoráveis, Hendrix foi, também, inigualável no uso do pedal Wah-Wah, recurso que era novidade à época e que foi utilizado em várias de suas composições. "Voodoo Child" é um bom exemplo de sua apurada técnica com o uso do pedal.
Na primeira metade da década de 1960, Hendrix deu início à sua carreira profissional tocando em grupos de apoio a músicos como The Isley Brothers e Little Richard. Em 1966 já havia formado a sua própria banda, a Jimmy James and The Blue Flames. E foi neste período que Chas Chandler, baixista do famoso grupo britânico de Animals, viu, ouviu e se encantou com a performance de Hendrix no Café Wha?, na cidade de Nova York. Maravilhado, Chandler o convenceu a ir para Londres e, em pouco tempo, estava formado o The Jimi Hendrix Experience, com Noel Reding no contrabaixo e Mitch Mitchell na bateria (para mim, um dos cinco melhores bateristas de todos os tempos).
Com suas apresentações em clubes londrinos, a banda ficou conhecida em toda a cidade, atraindo guitarristas como Eric Clapton, Jeff Beck, Pete Townshend, entre outros guitarristas não menos famosos na época. Em tempo recorde, o single "Hey Joe", canção composta por Billy Roberts – sim, ao contrário do que muita gente pensa, esta música não é de autoria de Hendrix – emplacou nas paradas de sucessos britânicas.
Em 1967 (auge da psicodelia), a banda grava, de cara, dois álbuns de estúdio: Are You Experienced?, com as explosivas "Purple Haze", "Foxy Lady", as baladas "The Wind Cries Mary" , "May This Be Love" e o blues "Red House", entre outras pérolas. Este álbum é considerado o melhor álbum de estreia de um artista, e só não atingiu o primeiro lugar no Reino Unido porque os Beatles lançaram, também, sua obra-prima e divisor de águas Sgt. Pepper’s. Axes: Bold As Love, o segundo álbum mostra maturidade às suas experiências revolucionárias. "Spanish Castle Magic", "Little Wing" e "Wait Until Tomorrow" são seus principais hits. Esta última ganhou uma releitura tropicalista pela dupla baiana Caetano e Gil e fez parte do álbum Tropicália 2, de 1993. Vale, ainda, ressaltar que "Little Wing" foi regravada por vários guitarristas em versões instrumentais, como as dos norte-americanos Stanley Jordan e Stevie Ray Vaughan. Esta versão de Vaughan é impecável e emocionante.
No ano de 1968, em meio a problemas com álcool e drogas, Hendrix lança seu projeto mais ambicioso, "Electric Ladyland". O álbum duplo, marcado por seu perfeccionismo, é composto por experimentos inusitados, com músicas de longa duração, como as extensas "Voodoo Chile" e a dobradinha "1983... (A Merman I Should Turn To Be)" e "Moon, Turn The Tides... Gently, Gently Away" e o cover de "All Along The Watchtower", de Bob Dylan. Este álbum traz ainda a colaboração de vários músicos: Jack Casady (baixo), Mike Mandel (piano), Dave Mason (guitarra acústica), Buddy Miles (bateria), Fred Smith (saxofone), Steve Winwood (órgão) e Chris Wood (flauta).
Em 1969, em meio a muitas turbulências, o Experience foi dissolvido, dando lugar à outra formação, a Band of Gypsys, com Buddy Miles (bateria) e Billy Cox (baixo). O trio gravou seu único álbum (ao vivo, homônimo) entre 1969 e 1970 no Fillmore East, em Nova York. Esta formação não deu o melhor de Hendrix e não atingiu os padrões de sua banda antecessora.
OS ÁLBUNS PÓSTUMOS
Jimi Hendrix deixou um legado de várias composições inéditas gravadas, que foram lançadas ao longo dos anos. Com a colaboração do engenheiro de som Eddie Kramer e Mitch Mitchell, seu primeiro álbum póstumo, The Cry of Love, gravado semanas antes de sua morte, foi lançado em 1971 e traz duas de suas mais lindas melodias, "Drifting" e "Angel". O álbum conta ainda com as participações especiais de alguns astros britânicos, como Stevie Winwood e Chris Wood (vibes). Comprei este vinil em 1971 e confesso que é um dos meus preferidos.
A partir de então, dezenas de álbuns gravados ao vivo, não oficiais, os chamados bootlegs, em sua grande maioria, chegavam ao mercado fonográfico em várias partes do mundo. Mas foi com a ajuda de sua meia-irmã Janie Hendrix e do pai, Al Hendrix, que toda a sua obra foi devidamente ordenada e catalogada. Para conduzir todo o processo de remasterização das gravações originais, foram chamados Eddie Kramer e John McDermott, exímios conhecedores do trabalho de Hendrix, para darem conta do recado. E foi sob esse comando que alguns álbuns foram lançados oficialmente pelo selo "Experience Hendrix", e distribuídos pela MCA, em sua maioria, no decorrer das décadas seguintes.
Em 1994 o álbum Blues chega às lojas, com os megassucessos "Hear My Train Comin" em duas versões (acústica e elétrica) e os clássicos "Red House" e "Voodoo Chile Blues". É um álbum imprescindível para os apaixonados por este gênero: podemos sentir a entrega de corpo e alma dos músicos.
Em 1997 o selo lança First Rays of The New Rising Sun, com 17 canções. Além de trazer o álbum The Cry of Love inteiro, traz mais sete músicas inéditas. Destaques: os blues "My Friend" e "Belly Button Window", em que Hendrix conversa com sua guitarra numa boa.
Em 2010, próximo ao aniversário de 40 anos de sua morte, chega às lojas Valleys Of Neptune, que conta com seus colaboradores Billy Cox e Noel Redding (baixo e vocais), Rocky Isaac e Mitch Mitchell (bateria). A bela capa foi fotografada por Linda McCartney.
Em 2013 o selo lança People, Hell and Angels, com 13 canções escritas por Hendrix. A novidade deste álbum está na diversidade dos arranjos das canções, com os colaboradores já citados, mais John Winfield (órgão), Stephen Stills, CSNY (baixo), Juma Sultan e Jerry Velez (percussão), Larry Lee (guitarra rítmica) e o próprio Hendrix no baixo.
É incrível de se acreditar que Hendrix lançou apenas três álbuns em vida.
OS FESTIVAIS
Com a indicação de Paul McCartney, Hendrix participou do primeiro festival de rock da história, o Monterey Pop Festival, tendo como um dos idealizadores, John Phillips, do The Mamas and The Papas, realizado na cidade de Monterey, nos EUA. Em sua apresentação, Hendrix fez uma performance literalmente incendiária ao por fogo em sua guitarra, levando o público ao delírio e Hendrix ao estrelato nos EUA. Dois anos depois, no último dia do Woodstock, o maior festival de todos os tempos, o público que ainda estava no local (e com lama até o pescoço) foi ao êxtase quando Hendrix entoou os primeiros acordes de "Star Spangled Banner", o hino norte-americano. No Isle Of Wight Festival, realizado em agosto na Inglaterra algumas semanas antes de sua morte, Hendrix não obteve a resposta que esperava do público – que estava ansioso para ouvir seus antigos sucessos – ao apresentar suas novas ideias.
Jimi Hendrix foi único. Nunca, nem antes e nem depois dele, surgiu um novo Hendrix. Passados 50 anos de sua morte, sua obra continua atual, revolucionária e mais viva do que nunca.
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