O profundo significado do refrão de "Metamorfose Ambulante", clássico de Raul Seixas
Por Gustavo Maiato
Postado em 28 de junho de 2024
O clássico "Metamorfose Ambulante" é uma das composições de maior sucesso do eterno Raul Seixas. A música é a faixa três de seu aclamado álbum "Krig-ha, Bandolo!" de 1973 e trata do assunto de que o ser humano não é constante e sim muda com o passar dos tempos e é melhor aceitar essa condição do que relutar e se manter fixo numa linha de pensamento.
O refrão da música diz: "Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo / Sobre o que é o amor / Sobre que eu nem sei quem sou / Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou / Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor / Lhe tenho amor / Lhe tenho horror / Lhe faço amor / Eu sou um ator".
Mas o que será que Raul Seixas quis dizer com essas frases repletas de questionamentos e contradições? Como pode ser estrela e amanhã já se apagar? Ou hoje odiar alguém e no dia seguinte nutrir sentimentos positivos?
O site Psicanálise Clínica explica que esse trecho fala sobre a complexidade do ser humano. "Como neste trecho da música esta questão é universal a todos, em algum momento o ser humano vem a se perguntar a si mesmo sobre quem ele realmente é, acaba sendo uma questão base na construção da personalidade e da identidade do sujeito. É importante pontuar que ela é uma construção onde vai se vivendo a experiência da vida, se descobre a partir da prática, das experiências que aparecem na existência humana, podendo estas serem positivas ou negativas, todas trazem algum aprendizado".
Já o Letras.mus entende que Raul Seixas fala de sentimentos momentâneos que todos acabam sentindo uma vez ou outra. "Nesses versos o compositor expressa como o ser humano e os sentimentos são momentâneos. Ou seja, eles duram muito pouco tempo, não são duradouros e permanentes. Tipo a estrela, que um dia está brilhando, e no outro se apagou. De uma forma bem direta: hoje é de um jeito, amanhã é de outro; um dia odeia, no outro ama, depois volta a odiar; passa a sentir aversão; faz amor; finge sentir e depois realmente sente. Inconstância? Temos!"
Por fim, o site 1023.clicrbs explica que essa inconstância mostra a variedade de opiniões que alguém pode ter ao longo da vida e isso seria a própria essência da "Metamorfose Ambulante".
"Ele quer mostrar que nenhuma verdade é absoluta. O que é certo pode estar errado e vice-versa. O que dá certo hoje, não necessariamente dará certo amanhã. Isso fica evidente no trecho ‘Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou. Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor’.
A música pode até provocar uma inconsistência pelo autor, pois a letra varia entre opiniões, mas é exatamente isso que significa ser a metamorfose ambulante para Raul. Na letra quando ele diz que quer dizer o oposto de antes, é porque ele mudou de ideia. Mas o oposto não é necessariamente o contrário – e sim uma evolução do seu pensamento anterior. Ou seja, ele continua sendo uma metamorfose ambulante, porque a ideia se transformou e não é mais a mesma, assim como acontece com todas as coisas da vida", conclui.
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