H.R. Giger: de Celtic Frost a Dead Kennedys, uma arte para o rock
Por Claudinei José de Oliveira
Fonte: rollandorocha.blogspot
Postado em 27 de julho de 2015
O artista plástico suíço H.R. Giger (1940-2014), além de ter sido o criador do monstro alienígena do filme "Alien, O Oitavo Passageiro" esteve, desde a década de 1970, ligado ao mundo do rock. É dele a pintura que estampa a capa do álbum "Brain Salad Surgery", do grupo progressivo Emerson, Lake & Palmer.
Também é de H.R. Giger a pintura da capa do segundo álbum da banda suíça Celtic Frost, "To Mega Therion", intitulada "Satan I". A respeito, o líder da banda, Tom Warrior, disse ser Giger, apesar de já ter um nome de relevância internacional na época, meados dos anos 1980, humilde e atencioso para com uma banda que trilhava os caminhos do "underground". A simpatia e colaboração permaneceu na outra banda de Warrior, Trypticon, onde obras de Giger ilustram os dois álbuns lançados até agora: "Eparistera Daimones" (2010) e "Melana Chasmata" (2014).
Assim como o Celtic Frost foi pioneiro nas vertentes mais agressivas do Heavy Metal, catalogadas sob o rótulo "Metal Extremo", a banda norte-americana de punk rock Dead Kennedys foi, também, uma das pioneiras de uma das vertentes mais agressivas do punk rock, o "hardcore". Seu disco de estreia, "Fresh Fruit From Rotting Vegetables", lançado em 1980, é considerado um clássico, não somente do punk rock, mas da história do rock como um todo. Nele, os anos difíceis e conservadores da chamada "Era Reagan" são massacrados impiedosamente por um cinismo avassalador e um senso de humor macabro.
Porém, foi com seu terceiro álbum, chamado "Frankenchrist", lançado em 1985 e cujo conteúdo artístico é tido como inferior, que os Dead Kennedys desencadearam uma reação acirrada do moralismo vigente. O motivo: o encarte do álbum, uma obra de H.R. Giger intitulada "Landscape # XX", apelidada, por causa das figuras retratadas (órgãos sexuais masculinos e femininos "harmonicamente sequenciados") , de "Penis Landscape", ou seja, "Paisagem de Pênis".
Por causa da arte de H.R. Giger, encartada no álbum, a banda foi envolvida num processo judicial com mais de 6 anos de duração, acusada de vender pornografia para menores.
Apesar de, no final do processo, este não ter dado em nada e a Primeira Emenda da Constituição estadunidense ( a que garante a liberdade de expressão) ter falado mais alto, a banda e sua gravadora, a "Alternative Tentacles", estavam psicológica e economicamente abaladas.
O processo movido contra os Dead Kennedys fez parte da ação perpetrada por esposas de congressistas norte-americanos contra astros da música, particularmente de rock, visando controlar qualquer manifestação artística que, supostamente, viesse ofender a moral e os bons costumes. Envolvendo artistas que vão de Prince a Frank Zappa, em audições processuais lembrando os Tribunais do Santo Ofício, o resultado foi aquele famigerado "selinho" que passou a estampar as capas de álbuns considerados ofensivos com a advertência contra "conteúdos explícitos", o qual, na verdade, mais atrai que rechaça.
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