Troops of Doom: banda mostra força com primeiro full-length, Antichrist Reborn
Resenha - Antichrist Reborn - Troops of Doom
Por Daniel Agapito
Postado em 23 de julho de 2023
Nota: 8
O primeiro LP do projeto de Jairo "Tormentor" Guedz (ex Sepultura), o "Antichrist Reborn", do The Troops of Doom, lançado em abril de 2022, pela Alma Mater Records, mostrou claramente que o death e o thrash metal não estão estagnados, como alguns acreditam. Contando com 12 faixas, 10 autorais e 2 covers, (estes sendo "Necromancer" do Sepultura e "The Usurper" do Celtic Frost), o LP apresenta uma duração de 47:05, que com certeza não é das mais longas, porém, o álbum é com certeza bem ritmado, cadenciado.
Já começando forte com "Dethroned Messiah", o tom do álbum fica evidente desde o começo, a percussão esmagadora de Alexandre Oliveira, as guitarras fortes de Guedz e Marcelo Vasco, e os vocais imponentes de Alex Kafer, juntamente com o baixo do supracitado Kafer, que serve para juntar tudo. A "Dethroned Messiah" é uma faixa que não para praticamente nunca, não há muito espaço para respirar, do melhor jeito possível. Só esta faixa já tem de tudo, viradas impressionantes na bateria (que acabam virando recorrentes ao longo do álbum), blast beats, riffs groovados, e um solo que remete um tanto aos "tempos de ouro" do thrash.
Com uma virada realmente estonteante, começa a "Far From Your God" que já apresenta uma sonoridade um tanto quanto mais voltada ao thrash metal, com batidas que não soariam fora do lugar em um álbum do Slayer, guitarras um tanto quanto rápidas que dão uma vontade e tanta de começar uma roda, mas também partes um pouco mais devagares, para a construção dos riffs. Notavelmente, a faixa tem um final bem forte, com um pequeno solo e a volta do primeiro riff, que é um tanto quanto frenético.
Após estas duas músicas temos a dobradinha de "Altar of Delusion", que foi também lançada como single, e a instrumental "Grief". "Altar of Delusion", como grande parte do LP, contém uma sonoridade não tão rápida como alguns singles prévios da banda, como "The Confessional", mas também não é um dos trabalhos mais devagares da banda, como "Act II - The Monarch", do EP "The Absence of Light". Já a "Grief" instrumental, de apenas um minuto, se inicia com um piano cheio de reverb, e ao longo da faixa, vão "se construindo" gradualmente diferentes metais, dando à faixa uma atmosfera demasiado única.
"Pray Into the Abyss" mescla bem partes mais rápidas e caóticas, que contam com riffs que não param, com partes que podem ser consideradas menos caóticas, mais dirigidas pelo groove. Esta faixa é também marcada pelo uso quase magistral do bumbo duplo, vindo do Alexandre Oliveira. Nos últimos segundos, também aparece um pequeno riff que se assemelha bastante a um breakdown de metalcore, mas dura apenas alguns momentos. "Rebellion" é uma faixa que logo de cara dá pra perceber uma grande influência do Kreator, e seus contemporâneos do thrash alemão. Tal influência fica bastante evidente no primeiro "refrão" da música, que diz "In the blame of God, This cross is not mine", que é dito de um jeito que lembra bastante "Enemy of God" do antes citado Kreator. Mas mesmo com esta influência inegável, a faixa ainda consegue ser diferente e uma experiência única.
A "Deserters From Paradise" consegue evidenciar, mesmo que sutilmente, o tanto de química que a banda tem entre si, porque pode se dizer que esta música simplesmente funciona tão bem quanto uma máquina bem mantida. Desde as harmonias nos riffs de Vasco e Guedz, às viradas características de Oliveira, que criam antecipação para os vocais de Alex Kafer, que também "cola" todos os outros elementos com suas linhas de baixo.
Seguida de um breve intervalo com a instrumental "Apocalypse MMXXII", temos a última sequência de músicas autorais, com "A Queda", que conta com uma participação do João Gordo, e "Preachers Paradox". A primeira das duas, "A Queda" é uma das poucas da banda que é cantada em português, algo que acaba sendo incomum dentro da bolha das vertentes mais extremas do metal, como o death e thrash metal. Mesmo o metal extremo sendo incomum, "A Queda" conta com uma contribuição de uma das figuras mais notáveis do metal brasileiro, e mais especificamente do metal em português, o João Gordo, do Ratos de Porão. Esta faixa conta não só com um instrumental poderoso, mas também com letras impactantes, como "Pragas espalham o terror, Sozinho não vê solução, Altar é o palco da dor, No bolso do messias ruína e salvação". A 10ª faixa, "Preachers Paradox" conta também com participações, desta vez de Alex Camargo do Krisiun nos vocais, e Moyses Kolesne, também do Krisiun, se responsabilizando pela guitarra solo. Esta faixa acaba sendo um jeito muito, muito bom de fechar um LP tão poderoso, contando com riffs vertiginosos, percussão alucinante, sem contar os vocais geniais de Alex Camargo e Alex Kafer.
Considerando os pontos previamente apresentados, "Antichrist Reborn" é com certeza um LP muito forte, e os Troops of Doom com certeza estão no caminho certo para ter um impacto palpável na esfera do metal extremo mundial. Com uma produção admiravelmente polida, cortesia de Peter Tägtgren (Hypocrisy, Pain) e Jonas Kjellgren (World Below) e temas líricos característicos do death e thrash, como destruição, morte, e uma pitada de ocultismo, este álbum prova ser realmente muito forte. Você já parou para ouvir?
Faixas:
Dethroned Messiah (4:41)
Far From Your God (5:05)
Altar of Delusion (4:14)
Grief (1:05)
Pray Into The Abyss (4:39)
The Rebellion (4:39)
Deserters From Paradise (4:30)
Apocalypse MMXXII (0:41)
A Queda (3:31)
Preacher’s Paradox (6:26)
Necromancer* (3:57)
The Usurper** (3:57)
*Apenas em versões de vinil e CD
**Apenas em versões de CD
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