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Woman from Brazil: Bandas com vocais femininos prestam tributo ao Purple e a si mesmas

Resenha - Woman from Brazil - Vários

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 10 de outubro de 2020

As novidades sobre o DEEP PURPLE este ano não se restringem ao lançamento de " Whoosh!", o vigésimo-primeiro (!) álbum de estúdio da entidade chamada DEEP PURPLE, que vem sendo bem recebido pela crítica. Uma banda assim só poderia ser digna de tributos. E não só pela longevidade, mas também pela importância que teve na carreira de muitas outras, influenciadas tanto pela voz de Ian Gillan, agora um tanto cansada, mas ainda bastante poderosa, quanto de David Coverdale ou Glenn Hughes, como pela miríade de instrumentistas que apareceram em algumas das MKs, todas (ou quase todas) clássicas. E é para celebrar esta banda que a Armadillo Records lançou o "Woman From Brazil... The Brazilian Tribute to DEEP PURPLE". O tributo, ao contrário dos anteriores lançados pela Secret Service Records, finada companhia da qual a Armadillo era subsidiária, é um álbum simples, mas traz uma novidade que lança ainda mais luz sobre si próprio. O título não é apenas um trocadilho com o classico "Woman from Tokio", mas também verbaliza a essência do álbum: todas as bandas tem mulheres no microfone. Já consideramos um enorme triunfo da Armadillo reunir um time de peso do metal nacional com Valiria, Ravengin, Sacrificed, Sleepwalker Sun, Duo Arcanum, Semblant, The Knickers, Freesome, Dixie Haven, Rizzi, Shadows of Silence, Final Disaster, Pleiades, Volkana e Quintessente e vamos detalhar agora as nossas impressões sobre essa obra que, adianto, não deve faltar na sua prateleira.

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O disco começa com um dos maiores sucessos do DEEP PURPLE. E quem tem a responsabilidade de segurar o riff que identifica unicamente o DEEP PURPLE entre milhares de bandas de rock é a VALIRIA, que já foi chamada de EVANESCENCE brasileira. Um detalhe a notar é que para a versão de "Smoke on the Water" ainda não contavam com a nova vocalista Priscila Reimberg, que substituiu Laís Tomaz, mas com Andressa Lê, vocalista da Anfear, além de Alessandro Yoshinaga (guitarra da banda Exceptor).

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Causa um tanto de estranheza, não dá pra mentir, uma voz feminina em "Knocking at Your Back Door". Talvez a mesma estranheza que tenha sentido quem sabia do que se tratava a letra ao ouvir nas rádios conservadoras dos EUA nos idos de 1984. Mas o que importa aqui é que o trabalho da RAVENGIN é muito empolgante e a roupa nova que dão para a canção ficou perfeita.

A banda mineira SACRIFICED também entrega uma boa versão para a faixa título do álbum de 1971, "Fireball". Em cada aspecto técnico, os mineiros fazem com que sua versão seja tão inesquecível quanto a canção original.

E se "Burn", a primeira aqui que foi imortalizada na voz do magrello Glenn Hughes, é arrasadora no original, a versão apresentada pela SLEEPWALKER SUN não fica atrás. E a tecladeira não nos deixa enganar. É uma homenagem feita por uma banda com sangue progressivo nas veias.

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Uma grande virada vem com a voz delicada e doce de Siddharta Gabriella e o DUO ARCANUM trazendo uma versão quase medieval de "THE GIPSY". O riff que constroi a canção dá lugar ao trabalho excepcional do violão ancestral de Daniel Mueller que, com a ternura da voz de Gabriella, justifica todo o álbum. Ritchie Blackmore precisa ouvir esta versão.

Um dos mais conhecidos nomes da coletânea é, sem dúvidas, a SEMBLANT, que entrega uma versão mais direta de "Pictures of Home", do "Machine Head".

Se a versão explosiva de "Hush" não te levantar da cadeira, você já pode ligar pra funerária e encomendar um belo caixão. As meninas cearenses da The Knickers transformam a canção em quase um Heavy Metal, mas com a pegada irresistível do Hard Rock. A tecladeira aqui fica mais discreta (a banda não tem tecladista oficialmente), mas o peso impresso pelas meninas compensa.

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A FREESOME chega de forma misteriosa para dar sua cara a um dos grandes clássicos da banda, "Perfect Strangers". Na opinião deste que escreve, é uma das melhores do álbum, mas aqui também pesa a preferência pessoal por todo o disco da qual ela foi extraída, é preciso confessar.

Um dos clássicos amados pelos guitarristas (e eu confesso que, pessoalmente, nunca entendi muito bem isso) ganha uma versão bem eficiente e ainda mais hard rock da DIXIE HEAVEN. Com maior peso (e até mais carisma), os cariocas explicitam porque o DEEP PURPLE está nas raízes do Hard Rock e Heavy Metal. Vavoom!

Os mineiros da RIZZI fazem um bom trabalho com o clássico da MK III, "Stormbringer", mas, nesse caso, eu, pessoalmente, não acho que a delicadeza da voz da vocalista tenha casado tão bem com a canção, embora no mesmo álbum haja versões até com muito mais delicadeza. Aí vai da opinião de cada um e aqui eu sinto falta de um tanto mais de paixão.

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Mas se o problema é delicadeza, a THE SHADOWS OF SILENCE ressuscita o um tanto obscuro "Bananas" e joga uma luz Death Metal sobre "Pictures of Innocence" (se é que há algum sentido nessa frase). A versão fortíssima faz com que corramos para ouvir a original e o álbum inteiro, assim como correr atrás de mais material dos manauaras. Infelizmente, em ambos os casos, será preciso recorrer aos métodos à moda antiga. Ambos estão, inexplicavelmente, fora dos serviços de streaming.

E, com tudo na medida certa, a FINAL DISASTER, junta tudo num caldeirão e o resultado faz jús ao clássico "Black Night", single meio pródigo do "In Rock", um dos dois melhores, senão o melhor álbum de toda a carreira, de todas as formações, de todas as eras do DEEP PURPLE, aquele que é DEEP PURPLE em sua essência e que dá a essência do que é o DEEP PURPLE. Quer brigar pelo "Machine Head", esteja à vontade.

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As PLEIADES vem em seguida com uma das melhores produções do tributo. A "mulher de Tokyo", a "mulher brasileira", a "mulher inglesa", todas são homenageadas no álbum, mas, aqui ainda mais. E, claro, mas não somente isso, a mulher é sensualidade. E este álbum é um tributo não só à banda inglesa e às suas inúmeras MKs, mas também às mulheres e, principalmente, às mulheres que são musicistas. Tomando apenas esta particularidade entre muitas outras, a sensualidade aparece no tributo através da versão da VOLKANA para "Highway Star". E, não podemos deixar de mencionar, outros aspectos, voz e arranjo também estão muito bem trabalhados.

Fechando o álbum, temos mais uma vez o contraste da doçura e brutalidade, do belo com o feio, a la EPICA, proporcionado pela QUINTESSENTE. "Sail Away" nos convida a viajar e, claro, desejar que haja uma continuação deste tributo. Nada pode nos impedir de desejar que uma segunda parte seja lançada, abordando outros clássicos ("Child In Time", talvez) e outras vozes femininas que despontam no metal por todo esse Brasil. Aqui já tivemos uma boa mostra do que é o metal e o hard-rock de Norte a Sul, mas ainda há muito o que explorar. O que fica de lição em primeiro lugar é que, sim, claro, óbvio, o DEEP PURPLE é muito importante para o Heavy Metal e, aqueles que os juntam na tríade de precursores do som pesado ao lado de ZEPPELIN e SABBATH não estão errados. E, se ainda não era tão evidente, este tributo escancara sem o mínimo de pudor que há muito metal com vocais femininos neste país. Se a lida é árdua para as bandas underground compostas puramente de cabeludos, mas ainda é para as meninas. Que nenhuma delas desista. Nós todos é que ganhamos com isso.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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