Equilibrium: banda entrega trabalho bom, mas desrespeitoso com seu pas
Resenha - Renegades - Equilibrium
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 29 de agosto de 2019
Nota: 6 ![]()
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Foi com bastante ceticismo e ressentimento que a comunidade de fãs do sexteto alemão Equilibrium recebeu os primeiros singles do sexto disco de estúdio deles, Renegades.
Pudera, logo de cara, sem anestesia, a banda mandou uma faixa ("Path of Destiny") quase totalmente desprovida dos elementos folclóricos e sinfônicos que consistiam em seus diferenciais; marcada por inéditos vocais limpos; e que ainda por cima trazia a participação especial do grupo de rapcore The Butcher Sisters. Tem fã que deve estar em coma até agora.
A má notícia é que o folk foi assumidamente chutado para escanteio e substituído por algo próximo do new metal, numa tentativa deliberada de se modernizar o som, nas palavras do guitarrista e líder René Berthiaume em entrevista ao site espanhol Mariskal Rock. E o álbum tem alguns problemas pontuais que discutirei mais abaixo. A boa notícia é que eles ainda são bons - eu, pelo menos, ainda compraria um ingresso para assisti-los ao vivo.
A jornada começa com a poderosa "Renegades - A Lost Generation", cujo riff deixa claro que a banda está, definitivamente, de olho em outros estilos que não sejam o folk ou o black metal. Eu diria que foi um claríssimo cartão de visitas para esta nova fase.
Exceto pelo fato de que é na sequência "Tornado" que temos outra novidade relevante desta nova fase do Equilibrium: os supramencionados vocais limpos, alternados com os tradicionais guturais. Cortesia do baixista Martin "Skar" Berger, um dos membros estreantes aqui.
"Himmel und Feuer" é um dos destaques. Por quê? É a única totalmente na língua materna deles; evolui a partir dum riff que parece ter saído dum lançamento qualquer de pop punk; brinca com compassos não-ortodoxos; e é toda cantada em gutural.
Sobre a já mencionada "Path of Destiny", só acrescento que a adoção de rap no heavy metal pode funcionar muito bem, a despeito dos chiliques dos insuportáveis "puro sangue", mas neste caso a decisão foi simplesmente nada a ver e o trecho sobra no meio da canção.
"Kawaakari - The Periphery of the Mind" surpreende mais uma vez, desta vez com riffs que liberam um leve aroma metalcore. E as definições de "aleatório" são novamente atualizadas no cover inesperado de "Johnny B", do The Hooters. E tirando a participação da cantora Julie Even, cujo timbre é assustadoramente parecido com o da nossa Zélia Duncan, "Hype Train" não acrescenta muito ao disco.
Apesar de tudo que estou dizendo, é fato que Renegades ainda reserva algumas homenagens às origens dos rapazes (e rapariga). Falo de "Moonlight", menos impactada pela adoção de toques moderninhos e enriquecida com uma (agora rara) flauta; "Final Tear", a que melhor se aproxima do passado, mas sem demonstrar muita intimidade com o mesmo (embora eu aplauda a aparente tentativa de fazer uma continuação para a magnífica "Eternal Destination", do disco anterior); e o encerramento "Rise of the Phoenix", cujo conteúdo pouco inspirado não faz jus ao nome e à duração.
Outra nova adição à banda é a tecladista Skadi Rosehurst, cuja entrada fez do grupo um sexteto e fez os fãs esperarem que os elementos folclóricos e sinfônicos ganhassem um destaque sem precedentes. Mas o que aconteceu foi justamente o inverso. Tímida, sua participação fica limitada a alguns panos de fundo e um punhado de riffs moderninhos - nada muito superior ao que já era feito antes, sem um membro exclusivo para isso.
Não vou abrir espaço para a eterna discussão "manter a fórmula vs. mudar", até porque não existe resposta fixa para isso. No caso do Equilibrium, a decisão foi simplesmente errada, pois eles estão abrindo mão daquilo que os consolidou - e o fazem de maneira tão abrupta que soa artificial. A escapatória deles, no caso, foi que mesmo se aventurando num novo estilo, eles foram felizes e entregaram um bom trabalho. Pesando as duas coisas numa balança, ele pende levemente para o lado positivo. E o tempo dirá se a guinada sonora valeu a pena.
Abaixo, o vídeo de "Path of Destiny":
Track-list:
1. "Renegades - A Lost Generation"
2. "Tornado"
3. "Himmel und Feuer"
4. "Path of Destiny"
5. "Moonlight"
6. "Kawaakari - The Periphery of the Mind"
7. "Johnny B"
8. "Final Tear"
9. "Hype Train"
10. "Rise of the Phoenix"
Fonte: Sinfonia de Ideias
http://bit.ly/equilibrium2019
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