Yes: sua melhor metade em competente álbum ao vivo
Resenha - Live At The Apollo - Yes
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 01 de outubro de 2018
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Se em bandas comercialmente pequenas, como o Renaissance, o pau comia a ponto de virar litígio judicial, imagine em gigantes como o Yes. Baluartes do prog rock, nos 70’s e do AOR, nos 80’s, os britânicos sempre viveram entre tapas e beijinhos no ombro, afinal, milhões estavam em jogo e egos infla(v)am.
Atualmente, existem duas versões da banda. A controlada por Steve Howe e que este ano lançou releitura do competente Fly From Here (2011), e uma versão com Jon Anderson, ambas excursionando para comemorar o cinquentenário da marca Yes.
Para bonificar, a facção do Yes controlada por Anderson traz Rick Wakeman nos teclados. Essa metade também lançou umaterial este ano, o ao vivo Live At The Apollo, que saiu no dia de nossa independência.
Essa briga de prima-donas esmaecidas pode até resultar em mais material, mas dificulta a vida dos decrescentes fãs. Ao procurar por Yes, no Spotify, não localizei este trabalho. Tive que digitar o nome do álbum na busca para que aparecesse, porque esse Yes é featuring Jon Anderson, Trevor Rabin, Rick Wakeman.
Live At The Apollo registra show da turnê celebratória de meio século do Yes, em Manchester, ano passado. Além dos vocais de Anderson, teclados de Wakeman e guitarra de Rabin, há Lee Pomeroy, no baixo e Lou Molino, na bateria. Se você quiser ver Rick Wakeman ainda vestido de capa de pequeno príncipe cravejada de lantejoula, há versão em DVD. Este texto é sobre o CD duplo, lançado pela Eagle Rock.
A introdução adequadamente imperial reflete o balanço delicado em termos de repertório. Acordes de Cinema e ameaça de que tocariam Hold On – ambas do estouro AOR, de 90125 (1083) – precedem o clássico Perpetual Changes, de um dos álbuns mais amados da fase prog áurea: The Yes Album (1971). Afiados como facas Gimsu laser alfa-plus, o quinteto trafega impecável tecnicamente por canções que oscilam de qualidade entre esses dois polos.
Jon Anderson já passara dois anos da casa dos setenta, quando do show e seus vocais ainda impressionam/irritam. Sua voz é uma das mais controversas do rock pela agudeza; fãs idolatram, mas já houve quem o chamasse de "uma alface no cio". Ambas facções ficarão igualmente satisfeitas em suas expectativas, porque Napoleão (baixinho mandão, dai o apelido) não deixa pedra sobre pedra em perfeições como Heart of Sunrise ou And You & I.
O gume de Rabin, os floreios majestáticos de Wakeman e uma cozinha que não tenta emular o falecido Chris Squire ou Alan White injetam sangue novo em números como Owner Of a Lonely Heart e Rhythm Of Love, que ganham mais músculo. Mas, nem a notável melhorada nos arranjos salva a chatusca Lift Me Up, humilhada entre I’Ve Seen All Good People e And You & I. Os 22 minutos de Awaken podem até permitir descanso à voz de Anderson, mas seus floreios que quase chegam ao new age enjoam. Em termos épicos, falamos de uma banda que compôs Close to the Edge; dela pra Awaken é ladeira abaixo.
Sorte que na maior parte do tempo, repertório e execuções acertam em cheio e é hipnótico ouvir a calcinante guitarra de Hold On ou a corredeira de Roundabout.
Com repertório tão vasto e desigual em padrão de qualidade, o Yes poderia ter apostado em faixas como Siberian Katru no lugar de fillers como Changes. Algum fã reclamaria?
Mesmo com essa discrepância no repertório, Live At The Apollo não decepcionará Yesmaníacos, que, provavelmente farão novenas e macumbas para que Anderson/Wakeman/Rabin lancem material de estúdio inédito, mesmo que a turminha de Howe/White não queira.
CD 1 (65:17)
1. Intro / Cinema / Perpetual Change (11:21)
2. Hold On (8:00)
3. I've Seen All Good People : (I) Your Move (II) All Good People (7:43)
4. Lift Me Up (7:11)
5. And You & I (I) Cord of Life (II) Eclipse (III) the Preacher, the Teacher (IV) Apocalypse (10:41)
6. Rhythm of Love (4:55)
7. Heart of the Sunrise (11:26)
CD 2 (53:18)
8. Changes (7:00)
9. Long Distance Runaround / the Fish (Schindleria Praematurus) (6:18)
10. Awaken (22:40)
11. Make It Easy / Owner of a Lonely Heart (9:46)
12. Roundabout (7:34)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
A música que surgiu da frustração e se tornou um dos maiores clássicos do power metal
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
A lenda do rock nacional que não gosta de Iron Maiden; "fazem música para criança!"
A canção emocionante do Alice in Chains que Jerry Cantrell ainda tem dificuldade de ouvir
Nick Cave descreve show do Radiohead como uma "atividade espiritual"
A dificuldade de Canisso no estúdio que acabou virando música dos Raimundos
Adrian Smith fala sobre teste que fez para entrar no Def Leppard
A banda fenômeno do rock americano que fez história e depois todos passaram a se odiar
David Ellefson explica porque perdeu o interesse em Kiss e AC/DC; "Foda-se, estou fora"
Os 15 melhores álbuns de metal de 2025 segundo a Rolling Stone
Cinco músicos brasileiros que integram bandas gringas
A canção de natal do AC/DC que foi inspirada em Donald Trump
Ian Gillan nem fazia ideia da coisa do Deep Purple no Stranger Things; "Eu nem tenho TV"

A maior linha de baixo do rock, para Geddy Lee; "tocaria com eles? Nem a pau"
David Gilmour revela quais as quatro bandas de prog rock que ele mais detesta
Rick Wakeman passa por cirurgia para implante de válvula no cérebro
"A maior peça do rock progressivo de todos os tempos", segundo Steve Lukather, do Toto
A música do Yes que Mike Portnoy precisou aprender e foi seu maior desafio


